After The End

"Pensei que estava morto."

-Vamos Simpson, entra logo nesse carro, não tenho paciência para os seus joguinhos. Acabou. Seus dias estarão sendo contados a partir em que você entrara naquela cela e pagará por todas as vidas que você tirou, não só tiradas e sim massacradas. Você é um monstro, não merece a compaixão e a gentileza que alguém já te vez nesse mundo. –disse o policial.

Simpson foi jogado para o banco de trás do carro policial com a tamanha brutalidade que acabou batendo sua cabeça na pequena barra de ferro que dividia os assentos do motorista e passageiro, sentiu o sangue correr entre suas veias e seus batimentos aumentarem, seu desejo era explodir aquele carro e ver corpos e sangues espalhados para todos os lados, era aquilo que o mantinha sádico, era aquilo que o mantinha vivo.

Hospital psiquiátrico. Um mundo para pessoas como Bradley Simpson, para pessoas com sede de sentir vidas sendo tiradas violentamente, sendo jogadas de andares absurdos, empacotadas em sacos como presente de natal, mas sabia que não estava sozinho.

Ao chegar naquele lugar Simpson se recusou a sair do carro, pela primeira vez aquilo o assustava.

-É melhor você sair desse carro Simpson, senão terei que te puxar a força e eu adoraria fazer isso. –Disse drasticamente o policial com um sorriso no rosto.

-E eu adoraria esmagar a sua cabeça se eu não estivesse com essa camisa de força inútil. –Simpson adorava o provocar – O que achou da idéia? –Forçou um sorriso, e que acabou dando certo-.

O policial não teve escolhe ao não ser pegar pelo pescoço de Simpson e puxar para fora daquele carro, aquilo já estava o irritando, sabia que uma hora daria um soco que o deformaria a sua cara.

Ao entrar naquele lugar algemado ele só pensava em um jeito de fugir, ele sabia o porque estava ali, sabia que não era louco e sabia que conseguiria sair de um lugar que não é para ele. Ao olhar sua volta viu pessoas olhando-o fixamente como se já estivessem esperando a sua chegada, ele não gostava de ser o centro das atenções, tentou não manter contato visual com ninguém até chegar em sua cela. Fazia sol, via algumas pessoas sentadas no gramado, umas correndo, outras de cabeça baixa olhando seus pés e mãos e até mesmo dando tapas em sua própria cara. -Aqui só pode ser coisa de retardado mental- pensou Bradley. Cada vez que se afastava do campo, das pessoas e do sol se viu entrando em uma torre não muito alta e muito velha por sinal, não gostou da sensação que teve quando entrou nela. Passado. Parecia que essa era a sensação que queria que sentissem. Ao chegar na cela, continuou de cabeça baixa olhando aquele piso desgastado, muitas pessoas já devem ter passado por aqui, esse mundo realmente é muito louco.

 –Se divirta Simpson- Disse o policial tirando suas algemas indelicadamente e o empurrado para dentro das grades- Até mais. –riu.

Simpson o odiava, quando não ouviu mais os passos do indivíduo ele virou de costas para ver o lugar em que o colocaram e se deparou com alguém, pensava que estava sozinho.

Era um homem, estava em um canto da cela sentado olhando para Simpson, tinha um rosto sujo, seu olhar era meio sarcástico, tinha braços e pernas enormes, preferiu o ignorar e ir para o outro lado, o lugar não era muito grande não iria ser fácil o ignorar o tempo inteiro. Sentou em um colchão não muito confortável, fechou os olhos por um tempo e o silencio foi quebrado.

-Espero que não fique louco.- Disse o rapaz com uma voz grossa e ao mesmo tempo falha.- A intenção deles é fazer você ficar aqui.

Simpson continuou em silencio e com os olhos fechados.

-Bom, se conseguir sair daqui, se é o que deve estar pensando eu suponho que pelo o menos saia vivo. –Disse novamente o homem com um tom sarcástico, como se Bradley fosse fracassar. Aquilo o irritou. Virou de costas, não poderia se deixar irritar tão fácil, tinha a certeza que ia sair daquele lugar imundo em que pessoas são tratadas como animais, só não sabia como.

Simpson deitava de um lado para o outro tentando achar uma posição confortável, olhava o teto desgastado, as paredes cheias de desenhos que não conseguia interpretar, eram muitas lembranças de pessoas que entraram nesse lugar sem rumo, sem escolha, sem família, largadas no mundo, sozinhas.Realmente, aquilo não o fazia pensar direito, não conseguia descansar e precisava comer. Em fração de segundos fechou os olhos, sentiu o seu corpo pesando e sabia que estava entrando em um sono profundo.

Depois de um longo tempo levantou-se assustado com sua respiração acelerada, sentiu suas costas doerem, em passos rápidos foi direto para as grades, sacudiu as barras de ferro enormes e frias fazendo esforço para sair, sem sucesso ele não tinha saída, não sabia o que fazer. Olhou rapidamente para o lado em que companheiro de cela ficara e não o encontrou. –Que horas são? Por quanto tempo eu dormi?- Falou Simpson para si mesmo.

-Pela a situação em que você se encontrava, pensei que estava morto.- Disse uma voz grossa, vindo de um lado escuro da cela, era difícil de identificar pois deveria ser de noite e a única janela no auto da parede era pequena demais para se enxergar alguma coisa ate mesmo na luz do dia. –Médicos vieram aqui para levar você, mas você não mexia um musculo, eles sempre temem ao entrar, no máximo chamam algumas vezes, dão alguns gritos e depois saem.

Seu tom de voz não era daqueles que agradavam qualquer um, era irônico e sarcástico. Simpson escutava cada palavra com as mãos nas grades desgastadas, olhando para baixo imaginando o que iria fazer agora. Ao se virar rapidamente se viu diante de uma figura preta olhando profundamente em seus olhos negros. Simpson olhou para cima e pode ver o seu rosto, não estava sujo, tinha uma pele branca mas marcada pelo sol, seus cabelos eram um loiro claro totalmente bagunçados, e seus olhos.... azuis, poderia ver o oceano neles, Bradley por alguns segundos se perdeu no meio da escuridão olhando-o atentamente cada detalhe.

–Evans, Tristan Evans.- Disse alto e de bom tom.