"Suas lágrimas me destroem,
sinto-me morrer um pouco
por estar tão perto de ti.
Mas a dor é seu único socorro".
(Por Estevão)
Qual é Estevão? Você sabe falar com uma mulher, cara! Era só abrir essa sua boca grande e dizer algo! A minha mente resmungou, mas a minha boca não me obedeceu.
Eu fiquei olhando-a feito um panaca e apostaria todo o meu salário que quando ela fechou aquela cortina me chamou de idiota. E eu realmente havia me comportado como um, daqueles que não sabiam falar com uma mulher. Melissa precisava de um consolo, mesmo vindo de um estranho, e eu não pronunciei uma palavra sequer. Nem ao menos pedi desculpa por ter testemunhado a discussão.
Pensei em algo para me redimir e nada muito digno veio a minha cabeça. Não dava para bater na porta dela e simplesmente me desculpar, ela meteria a mão na minha cara e eu não poderia reclamar.
Chocolate? Era uma ideia clichê demais, assim como flores. Resolvi não fazer nada por enquanto. Se por acaso nos topássemos, eu me desculparia.
***
— Esse seu colchão não é bom — Emily reclamou e riu.
Levantei-me para pegar um copo de água.
— Estou sabendo, não deu tempo pra comprar um novo, pretendo ir atrás de um melhor essa semana. — Abri a geladeira. — Água?
— Quero sim! — Ela se aproximou de mim, apertou o meu bumbum e me fez empurrar a vasilha com queijo para o fundo da geladeira. Entreguei o copo de água para ela.
Sempre que estava na cidade, Emily ia atrás de mim. A família dela era rica e ela gostava de extravasar gastando dinheiro e fazendo loucuras. Loira, de cabelo curto, magra, peitos pequenos que não enchiam a mão, gemia tão gostoso que fazia qualquer um ficar excitado.
— Eu tenho que ir — disse depois de tomar um gole de água. Virou-se e saiu rebolando o traseiro para mim. Parou e inclinou para pegar o vestido que estava no chão da sala.
— Sinto muito, mas não irá a lugar algum. — Segurei o seu quadril e dei um belo tapa em sua bunda.
— Seu cachorro! — exclamou, voltou-se para mim e envolveu as pernas em minha cintura.
—Auuuuuuu! — uivei e a carreguei para o quarto.
Emily pegou no sono rapidamente depois do que ela chamou de segundo round. Ao contrário do que aconteceu com ela o sono não me dominou. Fiz um pouco de café e fiquei na sacada aguardando o dia amanhecer.
***
Não encontrei a Melissa logo após o dia em que presenciei a discussão. Até mudei os meus horários para tentar me deparar com ela na portaria e pedir desculpas. Contudo, não deu certo e, quando a semana acabou, desisti. Não era um crime ouvir a conversa alheia, era indelicado, mas nada que não merecesse perdão. Ela que se resolvesse com o noivo dela e abandonasse os meus pensamentos!
— Júlia, eu já estou chegando — ouvi a voz dela vir do corredor que dava para a garagem.
Olhei o meu relógio, sete da manhã e eu acabava de chegar do trabalho. No sábado não havia hora certa para isso acontecer.
— Me enrolei com os documentos ontem, mas já estou indo.
O carro ao meu lado piscou os faróis com o alarme sendo acionado.
Celular apoiado sobre o ombro, a cabeça inclinada em cima dele, uma pilha de papéis em um braço, bolsa caindo do outro, cabelo preso em um rabo-de-cavalo, vestida em uma saia lápis preta de cós alto que marcava bem a cintura. Fiquei sentado na minha moto vendo aquela cena um tanto sexy e um tanto atrapalhada. Melissa se aproximou do carro e quase deixou a pilha de papéis cair ao tentar abrir a porta enquanto falava ao telefone.
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8º Andar (O Amor mora no andar Debaixo) [Degustação]
RomanceEstevão é o filho que toda mãe deseja, saiu de casa cedo para ajudar os pais e após ser demitido, se vê diante de uma proposta tentadora, trabalhar na Cabaré e se tornar o Don, um homem cobiçado pelas mulheres e a lenda entre seus amigos de trabalh...