Capítulo 2

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"Suas lágrimas me destroem,

sinto-me morrer um pouco

por estar tão perto de ti.

Mas a dor é seu único socorro".

(Por Estevão)

Qual é Estevão? Você sabe falar com uma mulher, cara! Era só abrir essa sua boca grande e dizer algo! A minha mente resmungou, mas a minha boca não me obedeceu.

Eu fiquei olhando-a feito um panaca e apostaria todo o meu salário que quando ela fechou aquela cortina me chamou de idiota. E eu realmente havia me comportado como um, daqueles que não sabiam falar com uma mulher. Melissa precisava de um consolo, mesmo vindo de um estranho, e eu não pronunciei uma palavra sequer. Nem ao menos pedi desculpa por ter testemunhado a discussão.

Pensei em algo para me redimir e nada muito digno veio a minha cabeça. Não dava para bater na porta dela e simplesmente me desculpar, ela meteria a mão na minha cara e eu não poderia reclamar.

Chocolate? Era uma ideia clichê demais, assim como flores. Resolvi não fazer nada por enquanto. Se por acaso nos topássemos, eu me desculparia.

***

— Esse seu colchão não é bom — Emily reclamou e riu.

Levantei-me para pegar um copo de água.

— Estou sabendo, não deu tempo pra comprar um novo, pretendo ir atrás de um melhor essa semana. — Abri a geladeira. — Água?

— Quero sim! — Ela se aproximou de mim, apertou o meu bumbum e me fez empurrar a vasilha com queijo para o fundo da geladeira. Entreguei o copo de água para ela.

Sempre que estava na cidade, Emily ia atrás de mim. A família dela era rica e ela gostava de extravasar gastando dinheiro e fazendo loucuras. Loira, de cabelo curto, magra, peitos pequenos que não enchiam a mão, gemia tão gostoso que fazia qualquer um ficar excitado.

— Eu tenho que ir — disse depois de tomar um gole de água. Virou-se e saiu rebolando o traseiro para mim. Parou e inclinou para pegar o vestido que estava no chão da sala.

— Sinto muito, mas não irá a lugar algum. — Segurei o seu quadril e dei um belo tapa em sua bunda.

— Seu cachorro! — exclamou, voltou-se para mim e envolveu as pernas em minha cintura.

—Auuuuuuu! — uivei e a carreguei para o quarto.

Emily pegou no sono rapidamente depois do que ela chamou de segundo round. Ao contrário do que aconteceu com ela o sono não me dominou. Fiz um pouco de café e fiquei na sacada aguardando o dia amanhecer.

***

Não encontrei a Melissa logo após o dia em que presenciei a discussão. Até mudei os meus horários para tentar me deparar com ela na portaria e pedir desculpas. Contudo, não deu certo e, quando a semana acabou, desisti. Não era um crime ouvir a conversa alheia, era indelicado, mas nada que não merecesse perdão. Ela que se resolvesse com o noivo dela e abandonasse os meus pensamentos!

— Júlia, eu já estou chegando — ouvi a voz dela vir do corredor que dava para a garagem.

Olhei o meu relógio, sete da manhã e eu acabava de chegar do trabalho. No sábado não havia hora certa para isso acontecer.

— Me enrolei com os documentos ontem, mas já estou indo.

O carro ao meu lado piscou os faróis com o alarme sendo acionado.

Celular apoiado sobre o ombro, a cabeça inclinada em cima dele, uma pilha de papéis em um braço, bolsa caindo do outro, cabelo preso em um rabo-de-cavalo, vestida em uma saia lápis preta de cós alto que marcava bem a cintura. Fiquei sentado na minha moto vendo aquela cena um tanto sexy e um tanto atrapalhada. Melissa se aproximou do carro e quase deixou a pilha de papéis cair ao tentar abrir a porta enquanto falava ao telefone.

8º Andar (O Amor mora no andar Debaixo) [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora