Capítulo Um

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Brigas e mais brigas... Gritos e mais gritos...

Este é um breve resumo dos dias aqui em casa.

Sossego? Não saberia o significado desta palavra. Não com a família que tenho.

Eu pensava que era assim em todas as casas, em todas as famílias... Mas me enganei.

Como?

Visitando a casa de amigos. Uns criados apenas pelas mães, mostrando que não é necessário a presença diária do pai para ter uma boa educação, já que eles visitavam o pai nas férias e olhe lá.

Já outros eram criados pelos pais. Pais que demonstravam o amor que sentiam um pelo outro e pelos filhos,. Coisa que eu duvidava existir, que os livros, os filmes e até novelas eram pura ficção (o que não deixam de ser, claro), as histórias daqueles amores não correspondidos, daquelas mocinhas que sofrem a história toda, aquela melação toda de sofrer por alguém que não te quer, ou aquele triângulo amoroso, onde sempre um é o vilãozinho que tenta acabar com o amor dos dois, e no final acaba se dando mal e a mocinha acaba com seu príncipe encantado, e blábláblá.

Eu não acreditava mais em príncipes encantados já faziam alguns anos. Amor á primeira vista então, pura e simples invenção de quem não queria dar o braço a torcer (provavelmente estavam naquele empasse de quem se apaixonou primeiro), ou algo assim. Para quem não acreditava no amor, imagina ele acontecer a primeira vista.

Mas eu não vou mentir... Tive minhas quedinhas por alguns meninos. E falava sim, que aquilo era amor. Sabe aquelas meninas que falam "eu não gosto dele, sou loucamente apaixonada por ele", então, era tipo assim...

Infantil? Com certeza.

Verdade? Nem tanto.
Talvez esse seria a forma que meu subconsciente encontrou para fugir um pouco da minha realidade. Onde mesmo não tendo uma base de amor entre duas pessoas em casa, eu procurava isso na primeira pessoa que demonstrasse o mínimo de atenção que fosse direcionada a mim...

Acho que o que eu tentava era mostrar para mim mesma que estava errada em duvidar do amor. Por mais que eu desacreditasse, eu cresci vendo os contos de fadas, e isso penetrou no fundo de minha alma e eu sentia que existia um fio de esperança sobre o amor dentro de mim (que coisa melosa...). Chega, se não é capaz de vomitar só por esses pensamentos.

Morávamos em um bairro pequeno, onde a maioria se conhecia. Ou seja, não podia espirrar fora do lugar, que todos estavam sabendo. O pessoal da minha idade, em sua maioria eram meninos, e as meninas que lá tinham, se achavam muito maduras para ir brincar com eles, menos eu (é claro). Sempre preferi sair na rua e brincar de bola, soltar pipa, rodar pião... Sempre fui vista como a "menina macho", que nunca arrumaria namorado (o que eu agradeceria se fosse verdade). Já que menina que se preze, tinha que ser delicada, brincar de barbie, de casinha, coisas de menina e não de menino. Uma encheção de saco tremenda.

Até que um dia apareceu uma menina nova (nem tão nova assim), no bairro. Ela falava que não frequentava a escola do bairro, por isso nunca a vimos. E adivinhem? As meninas do bairro já excluíram ela do "grupinho" por ela ser "esnobe demais, se achar demais por não estudar aqui".

Ela era bonita, ruiva, cabelos cacheados, com um jeitinho delicado (comparado a mim) e simpática. Eu já gostei dela, pelo simples fato dela não ter dado a mínima para as meninas, convidando ela para brincar junto com os meninos, o que ela topou na hora. Dali em diante nos tornamos melhores amigas.

O menino da vez (assim que eu chamava os meninos que gostava) se encantou com ela e a pediu em namoro, ela aceitou meio receosa, pois sabia que eu "gostava" dele, mas eu dava a maior força. Éramos crianças, e o namoro de criança na época não rolava nem beijo, no máximo eram selinhos (pelo menos lá no bairro era assim), eramos todos "BV". De tão inocentes, brincávamos de salada mista, e uma indicava para a outra quando apontávamos para o garoto.

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⏰ Última atualização: May 26, 2017 ⏰

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