Joker- Flaming Reapers 3

Capítulo 30

Skyler

Os próximos dias são... Difíceis. O clima no clube era de luto, e os meninos não fizeram nenhuma das festas que costumava rolar todos os dias por aqui. As cadelas haviam sido afastadas, ficando na casa ao lado do complexo, e Snake não foi visto por aqui desde que foi embora, depois do hospital.

Hacker voltou para o seu apartamento, dividido com Sniper, e Wolf acordou um dia depois do ataque. Chelsea e ele voltaram para o complexo mas o VP também não saiu muito de seu quarto. E Crow... Bem, Crow estava no mesmo estado. Se não estava em seu quarto com Aqua estava trancado no escritório e ninguém viu muito dele.

Nesses três dias que se passaram, Spain permaneceu em coma, apenas acordando na noite do terceiro dia. Dragon o trouxe para o clube no dia seguinte, e o fulneral de Ace, um que seria realizado sem seu corpo, foi programado para um dia depois disso, cinco dias após o ataque.

Joker não falou muito desde que voltamos do ataque, mas não estava exatamente se fechando. Quando deitamos na cama todas as noites depois daquilo, ele sempre me pegava em seus braços, me segurando forte contra ele, como se não suportasse qualquer tipo de distância.

Rage também foi outro motoqueiro que não mostrou muito as caras. O vi conversando com Joker algumas vezes, sempre com o punho em volta da lâmina de uma faca, como se quisesse punir a si mesmo por algo, mas nenhum corte era o bastante.

Quando o dia do fulneral chegou, era possível sentir cortar a tensão no ar com uma tesoura. Seria meio dia, um pouco atrás do complexo, ainda dentro da propriedade dos Flaming Reapers. Eu boto um vestido preto que já estava no meu armário quando cheguei aqui e um sapato da mesma cor.

Desço para o complexo, encontrando apenas Joker sentado no bar. Ele levanta o olhar quando desço as escadas e eu arqueio a sobrancelha, me perguntando onde estava os outros. Um sorrisinho triste aparece em seus lábios.

"Já estão lá... Acho que a maioria deles queria fazer isso logo." Murmura, e lhe dou um rápido beijo ao me aproximar.

Ele usava ainda sua jaqueta de couro, juntos com a mesma blusa e calça jeans preta de sempre. Pelo que ouvi, era um costume dos motoqueiros... Nada de ternos fodidos, foi o que Joker havia me dito.

Quando caminhamos em direção ao local onde seria o enterro, sinto um súbito desespero, uma vontade repentina de ficar sozinha, apenas por alguns instantes. Paro de andar, fazendo com que Joker olhe para mim, franzindo a testa.

"Preciso apenas ir ao banheiro... Vai indo, te encontro lá." Ele engole em seco e eu vejo desespero rapidamente passar por seus olhos. Sorrio. "Eu juro... Apenas cinco minutos."

Ele assente e eu viro de costas, novamente caminhando para dentro do complexo. Sabia exatamente para onde estava indo, apenas não sabia exatamente o porquê... Ninguém tinha entrado lá desde o ataque. Não sei se é por medo de não encontrar o motoqueiro lá dentro, mas aquela porta havia permanecido fechada.

O quarto de Ace. Assim que me encontro do lado de fora, sinto um caroço na garganta e meus olhos queimarem. Suspiro e me forço a abrir a porta, querendo me despedir do menino de um jeito diferente.

Um sorrisinho aparece nos meus lábios assim que tenho a visão de seu quarto. Era arrumado, cada coisa em seu devido lugar. Nada de roupas espalhadas e nem mesmo seu lençol parecia amarrotado. Era perfeito... E franzi a testa ao encontrar um envelope no centro de sua cama.

Fecho a porta atrás de mim e me aproximo, meu coração batendo quando vejo as palavras escritas no papel do envelope.

Para Skyler apenas. Confusão me enche, e me pergunto o que diabos um envelope com meu nome estava fazendo na cama de Ace... Mas, como toda pessoa curiosa, abro.

Lá dentro, encontro dois papéis. Um estava dobrado, parecendo ser uma longa e grande carta. Já o outro, era um pequeno bilhete escrito com canta preta. Suspirando, puxo o bilhete e leio rapidamente.

Olá garota louca... Como está? Se está lendo isso, significa que morri no ataque. Confesso que não é exatamente como me imaginei indo encontrar o diabo, mas tudo bem. Sabe, quando escrevi essa carta, me perguntei repetidas vezes quem deveria lê-la. E você apareceu em minha cabeça. É apenas justo que seja a escolhida, já que é a mais nova a chegar aqui. Então, quero apenas te pedir uma coisa... Leia essa outra carta em meu fulneral... Sim, eu sei, um pouco mórbido. Mas eu sempre gostei de saídas triunfais.
Beijos, Ace.

Um sorrisinho estava em meu rosto, e minha visão embaçada com as lágrimas. Guardo o bilhete novamente no envelope e olho para o outro papel dobrado, sabendo o que tu há que fazer.

Por algum motivo, Ace deixou isso para mim... Não iria desobedecer seu último desejo, ou o que quer que isso seja.

Então, eu suspiro e limpo meus olhos. Fecho o envelope e o seguro firme na minha mão, decidida a fazer o que o motoqueiro gostaria que eu fizesse. Mordo o lábio e saio do quarto, dando uma última olhada no espaço. Era tão arrumado... Tão Ace.

Sorrio um pouco e saio, fechando a porta em silêncio. Caminho pelo corredor, o som de minha sapatilha contra o chão ecoando pelo espaço. Passo pelo centro vazio do complexo e caminho para fora, conseguindo ver, de longe, o lugar onde os motoqueiros estavam reunidos.

Ao me aproximar, consigo identificar os rostos. Crow estava na frente de todos, fazendo seu discurso. Wolf estava ao seu lado, e, para ser sincera, sua cara não parecia muito boa. Mas, como ele levou um tiro, acho que é normal.

Consigo ver Snake um pouco mais afastado, encostado em uma árvore com uma garrafa de vodka pura na mão. Aqua e Chelsea também estavam ali, sentadas na frente, o mais perto do Prez e do VP possível.

Vênus também estava lá, na última fileira de cadeiras, e se vira para olhar quando eu silenciosamente me aproximo. O resto dos motoqueiros, incluindo Joker, estava afastado pelos lugares, assistindo.

Quando Crow acaba, e eu vejo que todos estavam se preparando para ir embora, considerando que, como não tínhamos um corpo, aquilo seria apenas um discurso do Prez, eu tomo coragem e me vou para a frente de todos, onde o líder do clube e o seu VP estavam.

"Eu tenho algo a dizer também."