Liana e Jongin estavam quase tão disfarçados quantos agentes do FBI enquanto andavam pelas ruas de Seul. O cantor havia pedido para ela o seguir, apenas por precaução, e a cada passo que ela dava atrás dele, se espantava pelas pequenas vielas que ele estava-a conduzindo.
– Onde ele quer me levar? – se perguntou ao notar o quão vazia estava a rua.
Jongin abriu a porta de um pequeno restaurante e a chamou, ela pode perceber que mesmo de máscara o rapaz ostentava um sorriso sincero. Sua mente voltou para os minutos quando recebeu o pedido para confiar nele, honestamente ela queria muito fazer isso mas como dar um voto de confiança a quem tinha-lhe magoado indiretamente?
O lugar onde Jongin entrou estava quente e o cheiro de comida invadiu rapidamente o olfato da Hernandez assim que pisou no estabelecimento.
– Gosta de coisas grelhadas?
– Como de tudo.
– Ahjumma! Por favor nos dê uma porção de costela de porco para grelhar e duas garrafas de soju – Jongin disse em voz alta sentando numa mesa no fundo.
– Já está saindo – a voz da dona do restaurante pode ser ouvida.
– Não tem perigo ficar aqui?
– Aniyo, é um dos lugares mais tranquilos para se ir quando é um idol. Já vim aqui com os hyungs e com Sehun em dias que queríamos ser pessoas normais.
– Aqui meus queridos – a senhora falou colocando as carnes e bebidas na pequena mesa.
Jongin ligou a grelha e depois de alguns minutos colocou as costelas.
– Deixa eu te servir – Liana falou enchendo o copo com o soju. Os dois brindaram e tomaram rapidamente o líquido, Jongin apesar de estar acostumado com o sabor fez uma cara feia enquanto Liana aceitou de bom grado a ardência em sua garganta.
– Me conta sua história – pediu o cantor.
– Que parte especificamente?
– Uau! Sua história é tão intensa assim?
– Vinte e cinco anos de pura intensidade.
– Como entrou no mundo da dança?
– Bom... é meio longo – a dançarina deu um suspiro.
– As carnes não vão terminar de grelhar agora mesmo, e temos bastante – falou apontando para o pote.
– Tudo começou quando eu tinha cinco anos e, minha irmã por volta dos catorze. Éramos bem unidas sabe? E eu a via como uma inspiração, por conta disso eu entrei na dança contemporânea depois de tanto vê-la no balé. Os anos passaram e como ela, peguei paixão pela dança a ponto de não me contentar com um só ritmo. Fiz de tudo que você pode imaginar, e minha irmã apoiava assim como meus pais. Até que...aconteceu o acidente.
– Acidente?
– Minha mãe estava dirigindo e minha irmã estava no banco do carona. Um motorista alcoolizado acertou o carro enquanto passava em um cruzamento, ele ultrapassou o sinal vermelho que, lembro até hoje quando recebi a ligação falando que as duas estavam no hospital. Minha mãe estava no cinto e não se feriu tanto mas...
– O que aconteceu a sua irmã?
– Como ela estava sem cinto, o impacto afetou a coluna dela a ponto de deixá-la paraplégica – Liana falou secando as lágrimas – Minha irmã que amava dançar, nunca mais pode dançar na vida.
– O quadro não é reversível com fisioterapia?
– Infelizmente não. Agora estou aqui, realizando o sonho dela no mundo da dança.
– Eu sinto muito Liana-ssi.
Jongin estava vendo pela primeira vez uma imagem frágil de Liana, a mesma parceira que enfrentava e batia de frente com ele agora se desbrulhava em lágrimas.
– Tenho a certeza que ela se orgulha de você, assim como seus pais. Aqui toma – falou colocando um pedaço de costela no prato que estava na sua frente – Prove, é a melhor carne de costela que você comerá na vida.
Liana comeu o pedaço de carne, e de fato era a melhor costela que tinha comido.
– Adorei. É diferente, mas pro lado bom.
– Ainda não sei qual é o segredo, Kyungsoo hyung já chegou a perguntar para a ahjumma mas ela não conta de jeito nenhum. Fala que é segredo de família.
– Só pode – falou a dançarina rindo.
– Eu queria ser mais valorizado.
– Como assim? O EXO é bem prestigiado na SM.
– O que acontece é que não somos tão privilegiados como muitos acham sabe? Tantos projetos pro grupo que foram recusados, lembro até hoje a briga do Chanyeol hyung para ter o próprio estúdio, ou a do Jongdae hyung para lançar seu álbum solo.
– Então vocês já brigaram muito com a SM.
– Ainda brigamos. Eu queria mostrar mais do meu eu profissional, não somente na dança como no canto também – Jongin confessou e abaixou a cabeça – Mas ali só enxergam o que querem, não o que nós queremos. E não somos o único grupo a pensar assim.
– Não se preocupe, no que depender de mim você vai brilhar naquele palco da turnê ou não me chamo Liana Hernandez – falou a dançarina acariciando a mão do rapaz num gesto de conforto.
---×---
– Acho que agora podemos nos dar melhor não é mesmo? – Jongin perguntou enquanto andavam pelas ruas de Seul. O clima primaveril, embora ainda com alguns dias de temperatura baixas, eram agradáveis para uma caminhada noturna.
– Espero que sim. É só não me irritar e não me provocar com aquela...pessoa.
– Ela é boa.
– Está mesmo falando sério?
– Óbvio que não, ela beija bem mas depois do que ela fez com você, a alma dela é horrível – disse o rapaz fazendo uma careta.
– Ela beija bem? Se fosse uma classificação qual seria?
– Acho que está em quinto lugar de um ranking de dez.
– Posição bastante alta.
– E o hyung? Que classificação daria para ele?
– O Suho oppa? Acho que o colocaria em segundo lugar.
– Segundo? – Kai perguntou se espantando e sentindo um sentimento estranho o corroer por dentro.
– Ele sabe o que faz – a Hernandez abaixou a cabeça se lembrando da noite com o líder do EXO, que se pudesse repetiria sem pestanejar.
– Eu também sei!
A dançarina riu da feição do seu parceiro de dança, ele parecia uma criança na escola que ficou com ciúmes da nota maior do colega.
– Bom, quem sabe um dia.
– Ainda tenho chance?
– O combinado de fazer você implorar por mim primeiro ainda está valendo.
– Podíamos apenas nos beijar e ver o que dá. Beijar com consentimento de ambos – lembrou Jongin.
– Deixe as coisas rolar sem pressa e veremos, até porque temos uma turnê pela frente. Te dou um voto de confiança de novo se você me respeitar, entendeu?
– Não vou te decepcionar Liana-ssi.
Os dois seguiram em silêncio até as entradas do fundo da SM. Kai a levou até o andar do dormitório das garotas que estava no absoluto silêncio.
– Obrigado pela noite de hoje.
– Falei que podia confiar em mim – falou dando um sorriso convencido e cruzando os braços.
– Bom...boa noite, até os ensaios.
Kai teve uma atitude que surpreendeu Liana pegando na mão da mesma e dando um beijo, ela se sentiu como nos filmes antigos que o mocinho dava um beijo na mão da mocinha.
– Boa noite Liana.
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Playboy - Kim Jongin
FanficKim Jongin amava sua vida: cantava para multidões e dançava com a alma, poderia fazer isso até a sua morte. Mais uma turnê do grupo estava por vim e dessa vez cada um teria um solo com uma dançarina, porém, tudo se torna extremamente interessante à...