EP

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— Oi, seu pamonha. Viemos aqui resolver o caso.

Diante da porta do bordel, iluminado pelo neon carmesim, um senhor não muito de idade, calvo, e trajando um terno e calças amarelo-mostarda, analisou Yuna de seu famigerado gorro cinza para baixo. Passando por seus olhos azul-escuros, descendo sua visão como se acompanhasse seu longo cabelo negro, estreitando o olhar para suas pernas, até que enfim chegou aos seus tênis brancos nos pés.

— Hmm, não aceitamos currículos de menores de idade, mocinha.

— Eu não vim pedir um emprego!

— Também não permitimos a entrada de cães no estabelecimento.

— Eu sou um lobo — lati —, líder de alcateia.

Não somente um lobo, eu era um inugami, e consequentemente um shikigami, mas não iria perder nosso precioso tempo contando a ele minha história de origem.

— Hmph, parece que é um shikigami, cão.

O quê?! Ele me descobriu?!

Mas como?

— Desculpe, seu pamonha, mas fomos enviados aqui porque o dono desse lugar me acusou de ter assassinado uma de suas garotas.

— Assassinado...? Ah, sim, você deve ser aquela assassina sobrenatural dos vídeos da Deep Web. Qual era mesmo o seu nome...?

— Nate, Yuna Nate. E este lobo do tamanho de uma motocicleta que mesmo assim você confundiu com um simples cão, é o Ulim, o Império das Pulgas.

— Guria! É só Ulim!

— Ele tem vergonha do sobrenome.

Então eu lati.

E rosnei.

A expressão de satisfação com minha perca de paciência era inegável no rosto da Assassina de Youkais.

— Me perdoem por não ter reconhecido vocês. Vamos, entrem. Quer uma bebida, senhorita Nate.

— Ah, nunca me ofereceram bebida nos degraus para a entrada, mas se está sem gelo, eu não quero. E sem "senhorita" se deseja continuar vivendo, está bem?

O porteiro não respondeu. Ele apenas deu um passo para o lado enquanto Yuna e eu passávamos em direção a porta.

Ele tinha um cheiro esquisito, mas até que era um humano agradável.

Talvez se mudasse a cor de suas vestimentas.

— Oh, eles chegaram.

A voz que nos anunciou veio de mais adiante, depois dos sofás que formavam um círculo em volta do palco central. E nesse mesmo palco, o corpo de uma mulher abatida, claramente sem vida para meus olhos caninos. Por sua pele alva e seu cabelo negro parecendo uma cortina de sombras, era fácil afirmar que aquela era a Kejoro.

Ela também estava nua, mas isso não é importante.

Ao lado esquerdo do palco, uma jovem de cabelo curto e castanho segurava o pulso à frente do peito e nos observava um pouco assustada. Não exatamente conosco, mas provável que com a situação do assassinato. Foi ela quem anunciou nossa chegada, inclusive.

Às nossas costas, o som da porta se fechando.

Era o porteiro, que agora exercia sua função no interior do bordel.

— Obrigada por avisar, Tayu.

À direita do círculo de sofás, uma mulher gorda de yukata, com a pele branquíssima por conta de sua maquiagem, se apresentou a nós, surgindo de algum lugar desconhecido.

Yuna Nate: Caso na Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora