𝓣𝓪̃𝓸 𝓮𝓼𝓬𝓾𝓻𝓸...

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Jeon Jeongguk era um homem de vinte e três anos.

Filho único de um CEO importantíssimo de uma das empresas mais famosas no país, formado na melhor universidade de Seul e noivo há três anos de uma modelo internacionalmente conhecida, que além de rica, era legal e compreensiva, e conhecia-o bem. Ele não precisava de mais nada, não é? Então, o que ele mais havia se esquecido?

Ah.

Do fato de que seu pai estava entre a vida e a morte e, há seis anos atrás, ele estivera do mesmo jeito.

Jeongguk não era um homem particularmente amigável, decerto, esse fora o segredo para tantas conquistas desde que se tornara o Diretor Executivo na empresa de seu pai, temporariamente. Jeonghyun, há exatos cinco meses, se descobrira muito doente de um câncer maligno em seus rins, e desde então Jeongguk assumira o cargo que outrora pertencera a seu velho pai. E não se sentia feliz por isso, não numa situação daquelas.

Mas a verdade era que ele nunca estava — ou esteve — feliz.

Felicidade, para si, era algo relativo, e Jeongguk se perguntava diariamente se ele fora feliz alguma vez há seis anos atrás. Sentia-se um tanto aliviado nos domingos, em seus dias de folga, mas isso não era de todo uma felicidade. Sentia-se bem ao lado de sua noiva e seus amigos, mas não era um sentimento que arrebentava-lhe o peito. Ele ficara com muito medo de ter esquecido até mesmo seu conceito próprio de felicidade ou de ter esquecido de como era o próprio sentimento em questão, se considerar que, pela boca das outras pessoas, ele já não era o mesmo há muito tempo.

Jeongguk costumava crer que o acidente de carro que sofrera há anos atrás houvesse tirado sua essência, o feito um homem insensível e incapaz de nutrir ou gerar sentimentos, mas não era de todo verdade. Ele não era vazio quando estava entre as pessoas que descobriu gostar, com o passar do tempo. Ele somente não lembrava-se como era antes daquele acidente, pois foram dezessete anos perdidos em um milésimo de segundos.

Não lembrava-se do pai, não lembrava-se da infância, não lembrava-se dos amigos ou muito menos de sua breve adolescência. Sequer sabia quem era, muito menos sua história ou seu passado. E, aquilo só não houvera penalizado seu pai mais, pois toda sua história com Jimin também fora esquecida, assim como o próprio Park em questão.

E, se fosse taxado de egoísta, Jeonghyun poderia o ser com toda a vontade do mundo se isso significasse que seu filho estava livre de qualquer mágoa ou dor que pudesse guardar com a ida e rejeição de Jimin. Só ele, somente ele e mais ninguém pudera verdadeiramente presenciar quão destruído seu herdeiro ficara com a ida do menor, e, se ele achasse que era somente uma bela amizade bonita, ele estaria mentindo para valer. Sempre soubera dos sentimentos que ambos tinham um pelo outro, do namoro, dos encontros escondidos, dos beijos tímidos e apaixonados que os dois trocavam em frente a casa quando tinham de despedir-se. Era pai e também fora adolescente. Então, ver seu filho sofrer novamente por um amor não correspondido doeria mais em si do que doeria nele, caso ele lembrasse.

Jeonghyun confiou que ele lembraria, assim como lembraria de seu passado e de tudo o que ele havia esquecido, e apesar de hesitante e temeroso, não contou; mas os anos passaram-se e ele não lembrou. Sequer de seu antigo Jeongguk, aquele garoto de dezessete anos com sorriso infantil e que vestia tão orgulhosamente suas meias do homem de ferro.

O médico que havia tratado de Jeongguk desde o acidente prometera melhoras, tivera certeza que as lembranças perdidas voltariam com o tempo e então tudo voltaria a ser como antes, mas, semanas depois, Jeongguk ainda se sentia como um recém-nascido no mundo. Não conhecia absolutamente ninguém, e muito menos sabia se portar em frente àquelas pessoas. Então, para Jeonghyun, foi muito doloroso presenciar a personalidade tão dócil de seu herdeiro se esvair por entre seus dedos, simplesmente por ele nem sequer lembrar de quem era, como era ou como se portava. Ele não se conhecia.

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