Episódio 1 - Um Dia Comum

46 1 0
                                    

Sentado de frente para o computador da empresa, um jovem - de estatura baixa, pele morena e cabelos bagunçados - olhava constantemente para o horário enquanto terminava de atender uma ligação... Os mesmos clientes chatos de sempre, reclamando sempre das mesmas coisas, ainda sim ele tentava ser o mais gentil e compreensivo que podia.

(17:30!!!) Seu rosto foi tomado por um sorriso de satisfação. Desligando o computador, ele pegou suas coisas da mesa e deixou a sala, se despedindo do supervisor. Fora do grande prédio espelhado, esticou os braços com preguiça, olhou para trás e pensou:

"Eu preciso de outro emprego pra nunca mais ver nem a sombra desse lugar... E de preferência mais próximo de casa..."

Colocou o fone de ouvido e começou a andar rumo a estação de trem. Exausto mentalmente, ainda teria que enfrentar o horário de pico... Era sua rotina todos os dias, mas não deixava de ser um aborrecimento.

"Como eu queria que todas essas pessoas sumissem... A cidade ia ficar bem melhor sem tanta gente, sem tanta sujeira." - Refletia enquanto esperava na fila para atravessar as catracas.

Todos os carros que vinham estavam abarrotados, por consequência entravam poucos passageiros e isso tornava a volta para o lar ainda mais demorada. Quando chegou sua vez, ele praticamente foi empurrado para dentro com a agonia dos outros.

Estação por estação, alguns desciam e o dobro entrava, mas na oportunidade que teve conseguiu arranjar um acento e lá permaneceu.

Entediado, olhava na janela para seu reflexo e focava em seus olhos verdes, pensando:

"O que você está fazendo com sua vida?"

Em seu coração podia sentir aquele aperto de que devia haver mais para si mesmo, que algo faltava. Enquanto refletia começou a tocar uma música que gostava e justamente tinha um toque melancólico. Ele aumentou o volume e fechou os olhos, mergulhando de cabeça naquele sentimento e momento...

Na noite eu ouço eles contarem

A mais fria das histórias

Em algum lugar longe dessa estrada ele perdeu sua alma

Para uma mulher sem coração

Como você pode ser tão sem coração?

Dizia o refrão da música. Automaticamente ele se lembrou de sua namorada, a qual o clima estava bem distante, porém não tinha coragem de chegar e conversar sobre o que se passava consigo mesmo. Seu headphone tremia na orelha com as batidas da música quase em sintonia com seu coração. Contudo, na tevê dentro do vagão o jornal mostrava uma notícia:

(INÉDITO: Prédio principal da M&C Telecomunicações desaparece no centro de São Luiz!)

No Escuro (Em Hiato)Where stories live. Discover now