six

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— Tem alguma coisa em mente, Wanda?

Wanda volta para o sofá e chuta os pés nas almofadas de trás, cruzando as pernas nos tornozelos, e deixando o cabelo espalhar-se sobre o braço e balançando-se em ondas grossas, arrastando o chão.

Ela suspira.

— Você gostou dos meus sapatos novos? — ela levanta um dos pés e aponta os dedos para cima. — Eles parecem uma borboleta.

A Dra. Jones sorri para ela com paciência, passando a mão pelos grossos cabelos negros e enfiando o máximo possível atrás da orelha.

— Eles são fofos — ela responde, tirando os próprios sapatos e puxando as pernas para cima na cadeira com ela, um sorriso fantasmagórico em sua boca. — Mais alguma coisa que você queira falar?

— Eu pensei em fazer uma tatuagem de borboleta — diz ela, olhando para os sapatos, com a curva de seu tornozelo em seu jeans curto e apertado, a panturrilha apertada e a maçaneta de seu joelho com jeans finos. — Mas minha mãe me disse para realmente pensar sobre isso e dar alguns anos para ter certeza, porque a maioria das pessoas que fazem tatuagens de borboletas se arrependem mais tarde.

Jessica Jones sorri.

— Por que elas se arrependem?

Wanda tenta encolher-se de sua posição cada vez mais ridícula, com a cabeça praticamente pendurada na beira do sofá, inquieta e estranhamente ansiosa.

— Porque elas são um clichê total. Algo romântico para meninas quando elas são jovens porque são bonitas e algo que elas sempre gostaram. Como... cavalos e Brad Pitt.

— E por que você quer uma tatuagem de borboleta?

— Porque eu quero pensar que eu posso mudar — diz ela suavemente, abaixando a perna para trás para atravessar o outro e mudando o modo que sua cabeça está de volta no travesseiro, com os olhos no teto. — Que eu possa ser melhor que isso. Tornar-me... mais que isso.

— Você acha que está incompleta, Wanda? Ou um trabalho em andamento? — a Dra. Jones quase pega o caderno, mas não, mantém as mãos no colo, tendo aprendido há muito tempo que a maneira de garantir que Wanda continue falando é para não lembrá-la de que isso é, na verdade, uma conversa paga, estudada.

— Todo mundo é — responde Wanda, um pouco mais vulnerável do que ela gostaria. — É por isso que acho que as garotas gostam de borboletas. Porque não há problema em lembrar que você está sempre trabalhando em si mesmo. Sempre se tornando outra pessoa.

— Há alguma coisa ultimamente que fez você se sentir como se estivesse se tornando mais? — ela observa enquanto os olhos de Wanda se arregalam por um breve segundo antes de se fechar novamente, fechando o rosto, braços envolvendo seu estômago cheio de cicatrizes. Ela encolhe os ombros, a boca firmemente fechada, e a Dra. Jones faz de tudo para evitar suspirar.

Ela espera Wanda, e quando ela não diz mais nada, a Dra. Jones se recosta na cadeira e cruza os próprios braços.

— Nada? É tudo o que estou recebendo nesta sessão?

— Por que você não fala, se está se sentindo tão tagarela? — Wanda dispara, decididamente mantendo os olhos para cima e para fora de sua psiquiatra.

— Ok — responde a Dra. Jones uniformemente, mantendo os olhos em Wanda quando começa a falar. — Eu estava pensando em você ontem. Era meu dia de folga e ninguém me pagava. Eu estava em casa com minha esposa e relaxando, e deveria estar pensando em qualquer coisa além de trabalho, mas lá estava eu, pensando em Wanda Maximoff. Imaginando como você realmente é, o quanto pensa sobre o que não diz ou me fala. Se eu posso te ajudar melhor se soubesse. Se conversar com outro médico seria melhor para você em vez de mim.

sour girlOnde histórias criam vida. Descubra agora