Parte II

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[...]
Nos três dias seguintes Ana e Christian se encontraram todas as tardes no mesmo lugar, onde passaram horas e horas conversando sobre Phoebe.  
O objetivo de Christian era informar a atriz o suficiente sobre a filha para que quando enfim se conhecessem, se dessem muito bem e tivessem mais afinidades. 
- Então Phoebe gosta de filmes de terror? Eu adoro filmes de terror! - Ana comentou enquanto tomava um gole de milk-shake. - Pelo jeito somos bem parecidas mesmo! 
- Pois é! - Christian concordou sorrindo.
- Posso te fazer uma pergunta? - Ana mordeu os lábios. 
- Claro! 
- Você não sabe nada mesmo sobre a verdadeira mãe da Phoebe? Não tem sei lá... Vontade de procura-la? 
- Sinceramente? Acho que seria bem mais difícil encontra-la do que contratar alguém para se passar por mãe da minha filha. Esse processo de barriga de aluguél, inseminação e afins foi tão complexo, tão desgastante sabe? Várias tentativas que não davam certo e na boa, Phoebe é só minha filha e de mais ninguém. Não queria que a "mãe"... - Fez aspas com as mãos - Se apegasse a bebê a ponto de no futuro tentar tira-la de mim, por isso evitei o máximo de contato com ela. 
- Imagino. - Ana assentiu com a cabeça - É que tenho medo da criança se apegar demais a mim e depois sofrer quando eu for embora para sempre. 
- Eu também tenho esse medo, tudo que mais quero neste mundo é ver minha filhota feliz, mas não consigo encontrar outra solução para esse problema todo, entende? 
- Entendo. 
- Amanhã você vai ao salão arrumar esse cabelo e comprarei algumas roupas pra você ficar mais apresentável para a Ebe. - Mudou de assunto. 
- É impressão minha ou não gosta das minhas roupas, senhor Grey? Vai dizer que sou pobretona e cafona agora? - Revirou os olhos - Quem vê pensa que você é milionário. 
- Milionário não sou, mas elegante, elegante você também não é. 
- Palhaço! - Ela deu uma cotovelada nele. 
- Achei que a palhaçinha aqui fosse você, senhorita Steele. - Ela acabou rindo - Mais alguma pergunta ou acha que já sabe o suficiente sobre a Ebe?  
- Tenho mais uma pergunta sim, mas essa... - Olhou para os lados e diminuiu o tom de voz - É meio pessoal. 
- Como assim? 
- Phoebe sabe que você é gay? 
- Não muito. - O moreno coçou a cabeça sem graça - Ela nunca perguntou e eu também nunca soube como lhe dizer isso. É o de sempre, ela é muito pequena para entender essas coisas. 
- Ou você que é muito recatado e acaba complicando ainda mais algo que deveria ser bem mais simples? - Ele não respondeu a pergunta dela, ficando pensativo - Mas okay então, amanhã nos vemos de novo, Christian!
[...]
- Papai! - Phoebe gritou assim que o ruivo chegou em casa a noite - Que saudade! - Correu até ele que a pegou no colo, lhe enchendo de beijinhos. 
- Também estava com muitas saudades, pequena. - Caminhou com ela até o sofá, deixando-a sentada em seu colo - De manhã fui trabalhar e a tarde fui... Resolver uma coisa muito importante. 
- Que coisa papai?
- Algo que vai te deixar muito feliz... - Disse todo misterioso. 
- Conta logo papai!
- Amanhã! Agora vou tomar um banho e depois vamos fazer pipoca e assistir um bom filme de terror, daqueles bem melequentos que você gosta, mas só se você já tiver feito toda a sua lição de casa. 
- Eu fiz sim papai e a tia Mia já corrigiu tudinho hoje a tarde. - A garotinha de olhos verdes afirmou, saindo do colo dele e pegando o caderno que estava sob a mesinha de centro da sala de estar - Aqui.  
- Ótimo, bom trabalho mocinha. - Christian passou a folhear o caderno dela para ver se estava tudo em ordem mesmo - E teve alguma dificuldade? Está precisando de ajuda? 
- Em português não, mas matemática... - Fez uma careta - Um pouquinho. Só irei ter prova na quarta-feira ainda, até lá o senhor me ensina certinho. 
- Combinado filhota! - O corretor concordou dando mais alguns beijos nas bochechas fofas da criança. 
[...]
No dia seguinte...

Depois de levar a filha ao colégio, Grey foi direto encontrar com Ana e a caminho do salão de beleza, ainda no carro, ambos fizeram mais alguns ajustes no trato que tinham. 
- Quer dizer que irei ter que me mudar mesmo pra sua casa? 
- Não tinha deduzido isso não, palhaçinha? - Christian brincou enquanto girava o volante. 
- Não, quer dizer... Vai ser complicado me mudar pra sua casa.  
- Mas você não está para ser despejada mesmo da pensão onde mora? Isso vai é facilitar pra você. - Olhou de relance para a jovem, logo voltando a atenção para a direção. 
- Sim, mas e depois?  
- Depois você vai ter dinheiro suficiente pra até alugar um apartamento em algum bairro bem legal da cidade.  
- Não pretende me dar o calote, né?
- Calote? - Ele franziu a testa. 
- Não pagar a grana pra mim, isso é dar o calote. - Explicou. 
- Ah! - Riu - Não, não pretendo. Pode confiar em mim, okay? 
- Okay. 
[...]
No salão de beleza Christian ficou fazendo algumas ligações relacionadas a trabalho,  enquanto o cabeleleiro arrumava sua mãe de aluguél. Horas depois, ambos foram fazer algumas compras e enquanto as faziam, Christian também tirou algumas dúvidas sobre a morena. 
- Quer dizer que você não tem família nenhuma? 
- Não. - Ana confirmou enquanto olhava as roupas na vitrine - Meus pais se foram quando eu era mais jovem em um acidente de carro. Trabalhavam em um circo muito bonito e passei boa parte da minha infância viajando pelos Estados Unidos com eles, mas depois que morreram fiquei meio sem saber o que fazer da vida. Mesmo assim ainda tenho meus sonhos de ser atriz, enquanto isso brinco de ser palhaçinha como eles foram um dia. - Seus olhos se encheram de lágrimas ao falar de seus queridos pais, mas logo a jovem mudou de assunto - Adorei esse vestido, muito lindo! 
- Então vamos comprar ele também. - Christian falou beijando o topo da cabeça da amiga. 
[...]
Depois que tudo já estava devidamente organizado, Christian foi para sua casa e chegando lá, deixou Ana no carro e foi conversar com a filha para prepara-la para o grande momento. 
- Pequena... Tenho uma coisa muito boa pra te contar. - Christian disse interrompendo a brincadeira de boneca da menina e segurando suas mãos - É sobre sua mãe. 
- Minha mamãe? - Os olhos de Phoebe brilharam - O que tem a mamãe? Vai explicar o que aconteceu com ela? Onde ela está? 
- Uhum. - Christian afirmou esboçando um sorriso - Esse ano você não vai passar o dia das mães sozinha. 
- Como assim papai? -  Phoebe arregalou os olhos. 
- Ela... - Christian foi até a porta e a abriu, fazendo sinal para que Anastasia se aproximasse - Está aqui. - Completou apontando para uma Ana mais bonita e elegante - Anastasia Steele.
- Oi... Filha. - Ana cumprimentou dando um sorriso amarelo, sem saber muito como deveria se comportar agora que era mãe. 
- Mamãe?! - Phoebe correu e abraçou as pernas dela - Você é minha mamãe? Minha mamãe é muito linda, pai! - Exclamou sorrindo. 
Ana corou se ajoelhando e abraçando a criança também. 
- Er... Que saudades Phoebe. - Falou recebendo vários carinhos da criança - Como você está hein?
- Onde a senhora esteve durante todos esses anos? - Phoebe perguntou curiosa, acariciando o rosto da mãe de mentirinha. 
- Eu? - Ana olhou para Christian que deu de ombros, também sem saber o que dizer - Estive viajando. Estava trabalhando como atriz, atriz de cinema. - Mentiu. 
- Atriz? Mas eu amo filmes e nunca vi a senhora em nenhum! 
- É que... - Ana mordeu os lábios nervosa - Eu... Trabalhava como atriz lá do outro lado do oceano. Na, na... 
- Ucrânia. - Christian completou com o primeiro país que veio em sua mente. 
- Isso! Já viu filmes ucranianos, Phoebe? 
- Não...
- Então é por isso que nunca soube de mim, mas agora o que importa é que estou de volta. - Sorriu abraçando a criança de novo - E ficarei por um bom tempo aqui com você. 
- Pra sempre? 
- Uhum...
[...]
Enquanto Christian levava a mochila de Anastasia para o quarto de hóspedes, Phoebe segurou a mão da mãe e a levou até seu quarto. 
- Que quarto lindo, Phoebe. Parece de princesa, sabia? - Ana elogiou olhando ao seu redor. 
- É que papai disse que sou uma princesa e por isso meu quarto é assim, todo decorado como a cinderela! - A garotinha pegou suas bonecas e mostrou para Ana. 
- São lindas, Ebe. - Em seguida, mostrou seus desenhos - Esta aqui seria eu?
- Sim, a senhora é meio diferente de como imaginava mais é porque nunca tinha te visto antes, mamãe. Por que o papai não tem nenhuma foto sua? 
- Por quê? Er... - Ana fez um rabo de cavalo em seus cabelos que por conta da visita ao salão, estavam brilhantes e esvoaçantes - Porque não gosto muito de fotos, não sou muito fotogênica. - Deu outro sorriso amarelo - Mas... Vou tirar muitas e muitas fotos com você nos próximos dias, princesa! - A puxou para si, deitando-a na cama e lhe enchendo de divertidas cosquinhas. 
[...]
Nos dias seguintes Phoebe viveu ao lado da mãe de aluguél os melhores momentos de sua vida. Juntas, as duas se divertiram muito indo a um parque de diversões onde andaram juntas de montanha-russa, roda gigante e em muitos outros brinquedos. Também passearam no shopping da cidade, foram comer deliciosos sanduíches em lanchonetes, além de Ana ter ido a escola da filha que a mostrou com orgulho a todos os seus coleguinhas que assim como ela, também tinham uma mãe. 
A noite alugaram filmes de terror e assistiam juntas, as vezes na companhia de Christian que para deixa-las mais a vontade, trabalhou mais durante a semana e menos aos fins de semana. 
- Christian... - Ana cutucou o rapaz que estava quase cochilando a seu lado no sofá - Ela dormiu! - Avisou apontando para Renesmee que dormia tranquilamente em seu colo enquanto assistiam há mais um filme, desta vez infantil. 
- Ah... - O moreno bocejou e coçou os olhos, pondo o balde de pipocas no rack e se levantando - Vou leva-la para o quarto. - Sussurrou. 
Christian pegou a menina nos braços e caminhou com ela até o quartinho, enquanto Ana desligava a TV e guardava a pipoca. Em seguida, a morena também foi até o quarto da criança e viu o corretor cobrir a menina, colocar seu ursinho de pelúcia ao lado e beijar sua testa carinhosamente. 
- Sonhe com os anjos, minha pequena.- Ana acabou sorrindo ao ver aquela cena fofa - Já vai deitar? - Christian perguntou apagando a luz do quarto, mas deixando a do abajur acesa já que Phoebe ainda possuía medo do escuro. 
- Estou sem sono. - Ana respondeu já no corredor da casa - Podíamos sei lá, tomar um vinho e bater um papo.  
- É, pode ser. 
[...]

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