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Como um ritual sagrado para Sina Deinert e Noah Urrea, eles compartilhavam a noite de sexta feira fazendo o que eles mais amavam, e assim, o final de semana era todo da alemã. Noah gostava, se renovava.

Naquela sexta, Noah estava desiludido de que aquilo iria acontecer. Faziam treze dias que Sina não dormia com ele, e assim, treze dias que ele não fazia um sexo gostoso como era de seu costume. Ao sair de sua vida sexual, Sina levou consigo o prazer a prática, o deixando seco por dentro e por fora. O sexo de Noah com outras mulheres não tinha mais graça.

Aquela sexta traria muitos acontecimentos: o último treino ocorreria a tarde, e o primeiro jogo da liga seria a noite. E como se fosse planejado, o time que os enfrentaria seria o que disputou a final com eles no ano passado, ganhando e os dando o título de vice. Se o time continuasse tão bom quanto antes, eles teriam que dar o seu máximo para conseguir ganhar.

Após o jogo, a grande e barulhenta festa de Josh.

Beauchamp era um loiro bastante disputado pelas garotas da escola. No entanto, mesmo que muitos negassem, estava nítido que o coração dele tinha uma dona. Uma dona que não se importava mais. Ele tinha total conhecimento do quanto a machucou, mas ele estava arrependido e a queria novamente. Josh assumia que era apaixonado pela linda garota brasileira, que de tão meiga, tornava-se fria e rígida quando o assunto era o canadense.

Naquele dia quente e bonito, Josh pediu as líderes de torcida para entregarem o convite da festa, e assim elas fizeram. Como a líder delas, Sina estava deslumbrante em seu uniforme.

Josh assistia a cena em cima de uma mesa no jardim da escola, procurando Any Gabrielly com os olhos. Quando a encontrou, notou a presença de um homem, caminhando ao lado dela. Any sorriu para ele, enquanto sentava-se no gramado ao seu lado. O loiro fechou a cara.

Noah sentou no banco ao lado dele, abaixando a cabeça. Estava cansado e louco por um sexo com Sina, que era o único que poderia o satisfazer naquele momento.

— Noah. — Josh chamou, mas o moreno não ergueu a cabeça. — Noah.

Noah levantou a cabeça e o viu sorrir.

— O que quer? — perguntou mal-humorado.

— O que você tem?

— Não sei. Desde que... — parou de falar. Ia dizer que se sentia vazio desde que Sina o deixou em sua casa, mas Josh não precisava saber.

Noah desviou o olhar após notar um sorriso malicioso nos lábios do canadense.

— Desde que...?

— Nada. — falou com o olhar distante.

Ao ver Sina se aproximar, Noah sentiu suas pernas tremerem. Seus batimentos cardíacos se aceleraram consideravelmente, e seu corpo se inclinou pra trás, como um estímulo.

— Oi Josh. — a voz dela parecia mais sensual aos ouvidos do americano. Sina o abraçou, ignorando completamente a presença de Noah. — Feliz aniversário!

— Valeu, Sina. — Josh desceu os olhos pelo decote da loira, admirando seu belo corpo. Ele não negava que também a desejava. — Vai à festa mais tarde?

— Claro que vou. — ela comentou sorrindo, ignorando o olhar do americano fixo em seu rosto. — Mas tem que prometer algo...

— O que? — perguntou com uma ponta de malícia.

— Ganhem o jogo hoje! Nós nos esforçamos muito para animar perdedores! — pediu Sina.

— Vamos ganhar, Sina. Você deveria acreditar mais no nosso capitão. — ele falou enquanto dirigiu seu olhar à Noah.

Sina fez o mesmo enquanto ria e mordia os lábios.

— Pois é. Nos esforçamos muito pra animar perdedores. — falou ela

E sorrindo, Sina saiu dali rebolando graciosamente. Noah a seguiu com o olhar, pasmo. Ele não entendia o porquê daquele jogo que Sina fazia.

— Noah? — chamou Josh, notando a incredulidade no rosto do amigo.

— O que foi? — vociferou ele.

— O que deu em você?

Noah inspirou pesadamente. Foi soltando o ar aos poucos enquanto olhava para todos os lados. Precisava conferir que ninguém ouviria o que ele estava prestes a dizer.

— Fazem treze dias que eu não durmo com a Sina. Estou ficando maluco. Ela estragou todas as minhas transas, eu não consigo ter mais nem um orgasmo descente. E quando ela aquela faz aquilo, — ele apontou para a loira, que brincava com Lamar, sentada no colo dele — me sobe uma ira, uma vontade de matá-lo...

Josh revirou os olhos em reprovação.

— Pare de agir como se não soubesse o porquê de a Sina estar fazendo isso. — Josh disse firme.

— Não, eu não sei mesmo. — protestou, fazendo Josh revirar os olhos novamente.

— Não vai ser eu quem vai te falar. — ele disse. — E se quer saber a minha opinião, você não a merece. Acho que ela ter começado a ficar com Lamar foi a melhor coisa que poderia acontecer.

Noah riu em tom de deboche.

— Você sabe que isso não é verdade. Sina só está querendo me provocar, me ver implorar.

— Eu a conheço desde criança, Urrea. E te digo uma coisa: brincando ela não está. — Josh levantou-se da mesa, e olhando fixamente nos olhos do americano, completou: — Trate de fazer alguma coisa por ela, senão vai perdê-la.

— Eu não vou ficar correndo atrás de ninguém, Beauchamp, eu não preciso de ninguém.

— Então por que você está aí, morrendo de ciúmes e tão mudado desde que foi deixado por ela? — questionou Josh — Só cego não vê que você se apaixonou.

Noah pareceu pensar no que, para muitos, já era óbvio.

— Eu não estou apaixonado. — ele concluiu. — Amar não é pra mim.

Noah se levantou e foi embora, sem nem olhar para trás. Quando se deu conta, estava atrás da escola, sozinho. O antigo ginásio, a céu aberto, estava agora abandonado. O americano se dirigiu à arquibancada, sentando-se em um banco e deitando sua cabeça no mesmo.

Suas memórias com Sina naquele lugar passaram com um filme em sua cabeça. Os dois gostavam de frequentar o local por estar sempre vazio, tendo assim a sua tão aclamada privacidade. Ele lembrou-se de como Sina costumava deitar-se sobre o seu corpo, livrando-se das peças de roupa com o mais gracioso sorriso nos lábios, e naquela mesma posição, o levava ao delírio.

Mas ela não estava lá daquela vez.

— Eu não estou apaixonado por você, Sina. Você me deixou. — ele cobriu o rosto com o antebraço, frustrado com os próprios pensamentos. — Eu odeio como você me provoca, como você beija aquele cretino, como você me olha com deboche e como você me faz sentir um lixo. Eu odeio você, não te amo. Ou amo?

mistake • noartOnde histórias criam vida. Descubra agora