Então é aqui

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Todos haviam saído daquela sacada decididos. Seria durante aquela noite.

Sim. Definitivamente estavam decididos. Decididos e com muito medo. Mas as atividades planejadas para aquela tarde iriam acalmá-los diante daquele plano maluco para a noite ou, pelo menos, era isso que esperavam.

Camila e Fernanda passaram a tarde juntas, tentando acalmar uma a outra. Bolaram um novo plano e assistiram às suas séries favoritas. Fizeram uma seção particular de Karaokê e tentaram ignorar o pressentimento de morte que martelava em suas cabeças, tentando deixá-las apavoradas.

Vanessa tirou várias fotos e procurou roupas para a ocasião. Pensou que, se aquilo acabasse da pior forma possível, com a sua morte, não queria uma foto feia sua nos jornais. A verdade é que ela também morria de medo. Mas, assim como suas amigas, tentava escondê-lo, fingindo para si mesma que tudo estava bem, da melhor forma que conhecia.

Terrence revia os planos já bolados. Eram realmente muitos. Ele era o único que acreditava fielmente que nada iria acontecer a eles e que sairiam de lá vivos e com uma fascinante história para contar.

Três daquelas pessoas pediam incansavelmente para o tempo parar. Queriam que o sol permanecesse no mesmo lugar. Infelizmente, o tempo não espera ninguém. Logo a noite chegou e, com ela, a certeza da morte.

Terrence mandou uma mensagem para as amigas e correu para a sacada. Mal conseguia se conter de emoção, ansiedade e adrenalina. E medo. Muito medo.

Não foi preciso esperar mais de 15 minutos e o grupo todo já estava na sacada novamente. Era hora do discurso inspirador. O discurso do líder. Terrence havia se autointitulado líder quando o grupo foi formado, então todas olharam para ele, esperando suas palavras. As quais não saíram. Ele congelou. Começaram, então, a se entreolhar. Pareciam estar conversando. Pode parecer impossível, mas eles realmente conversaram. E, no final, as palavras não foram pronunciadas, mas sentidas, e isso os acalmou. Vanessa quebrou o silêncio:

— Vamos?

Todos concordaram, acenando com a cabeça, e entraram na casa.

Ao entrarem, todos olharam desesperados para todos os lados, observando bem o estado da casa. Estava visivelmente abandonada, cheia de teias de aranha e poeira. Camila espirrou. Fernanda olhou preocupada para ela, mas Camila abriu um sorriso e isso acalmou sua amiga. Vanessa olhava para tudo e tirava mil fotos, não querendo perder nenhum detalhe; e Terrence apenas observava a casa que pôs medo neles por tanto tempo.

Os quatro amigos se olharam e começaram a rir, ainda nervosos. Por tanto tempo ficaram com medo desta casa abandonada e, no final, era apenas isso: uma casa abandonada. Terrence abriu sua boca para falar que não deviam mais se preocupar, mas o barulho que eles escutaram fez com que ele voltasse a fechá-la. Era um grito vindo, aparentemente, de uma garota desesperada, que estava chorando. Vanessa foi a primeira a se preocupar e a primeira a sair correndo, procurando quem gritava. Porém, antes mesmo de saírem daquela sala, o grito cessou, tão inesperadamente quanto começou. Vanessa olhou para trás e encarou seus amigos, todos tão confusos quanto ela.

De novo, alguém gritou, agora era um garoto. Por algum motivo que Terrence não saberia explicar, aquele grito parecia estranhamente familiar.

"De onde esse grito está vindo?" era o que estava pensando antes de sua mente ser invadida com a imagem de uma porta. Era como se fosse uma memória, mas não se lembrava de tê-la visto em lugar algum.

Começou a andar. Parecia saber exatamente para onde estava indo, mas, ao mesmo tempo, não fazia ideia, apenas deixava seus pés e sua mente o guiarem. E levava suas amigas junto. Algo o chamava, ele sabia disso.

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