Capítulo 2

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Queridos Pai e Mãe,

A primeira semana em Manaus está chegando ao fim. Depois da confusão no banheiro, a Tia Olívia redobrou o cuidado conosco. Ela cogitou até mesmo contratar uma babá. Claro que relutei e ela concordou….

Yuri: - Tia.

Olívia: - Oi? (olhando uma planilha)

Yuri: - Podemos ir no Centro da cidade? Estamos morfando aqui dentro.

Olívia: - Hoje a tarde.

Yuri: - Tudo bem.

Era um pouco tedioso, pois estávamos sem internet e TV a Cabo. Comecei a ouvir a música 'House of Cards', do Radiohead. Olhei para o lado e vi algumas coisas velhas nos fundos da casa. Decidi aproveitar uns móveis antigos que haviam e reformar para usar no meu quarto. Sempre fui bom com marcenaria e reformar coisas usadas. A minha tia sempre utilizava os meus dons de arrumar coisas. Decidi ir andando atrás de uma loja de material de construção, por um milagre de Deus o sol não estava mortal. No caminho encontrei Letícia.

Leticia: - Desculpa por acertar a bola em você.

Yuri: - Relaxa. Eu estou acostumado. Afinal sou um alvo muito grande para ser ignorado.

Letícia: - (riso abafado) – E você está indo comprar o que?

Yuri: - Pregos, tintas e alguns materiais para reformar uns móveis que o antigo dono da nossa casa deixou.

Letícia: - Ah bacana.

Yuri: - E você?

Letícia: - Vou para uma agência de modelos. Coisa da minha mãe. Ela gosta que eu tenha uma atividade fora jogar futebol com os meninos.

Yuri: - Legal. E você já fez algum trabalho?

Letícia: - Algumas sessões de foto e dois desfiles.

Yuri: - Olha. Parabéns. Espero que consiga muitos outros trabalhos.

Letícia: - Eu fico aqui. Essa é a parada do ônibus.

Yuri: - (rindo)

Letícia: - O que foi?

Yuri: - No Rio de Janeiro chamamos de Ponto. Aqui é parada.

Letícia: - (rindo) – Entendi. Ei. Hoje vamos nos reunir no Fred's.

Yuri: - Fred's?

Letícia: (apontando para o lado) – Aquela lanchonete vermelha.

Yuri: - Claro que horas?

Letícia: - Umas 19h. Vai lá. A galera vai se reunir.

Yuri: - Tudo bem.

Letícia era linda, mas um pouco rústica. Acho que para ela, arrumar um namorado não era tão complicado. Com treino e bastante prática ela se tornaria uma ótima modelo. Será que ela e o Zedu se pegavam? Porquê, eu estava pensando no Zedu? Ele também é um cara bonito e rústico. Uma pele bronzeada que me lembrava a dos garotos do Rio de Janeiro.

Voltei com as compras e para a minha surpresa o Zedu estava me esperando. “Tá, Yuri. Segura a onda”. Na verdade, o meu desejo era pular naquele pescoço gostoso e devorá-lo sem piedade. Em seguida, volto para a realidade, porque o meu Deus grego chamava.

Zedu: - Vamos apagar qual incêndio hoje? (escorado no muro da casa de Yuri)

Yuri: - O incêndio no sol dessa cidade. Sério, Manaus deve ter um sol só pra ela. (abrindo a porta)

Zedu: - Na verdade é um sol para cada habitante. (rindo sozinho)

Yuri: (riso abafado)

Zedu: - Qual a missão de hoje?

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