Queridos Pai e Mãe,
A primeira semana em Manaus está chegando ao fim. Depois da confusão no banheiro, a Tia Olívia redobrou o cuidado conosco. Ela cogitou até mesmo contratar uma babá. Claro que relutei e ela concordou….
Yuri: - Tia.
Olívia: - Oi? (olhando uma planilha)
Yuri: - Podemos ir no Centro da cidade? Estamos morfando aqui dentro.
Olívia: - Hoje a tarde.
Yuri: - Tudo bem.
Era um pouco tedioso, pois estávamos sem internet e TV a Cabo. Comecei a ouvir a música 'House of Cards', do Radiohead. Olhei para o lado e vi algumas coisas velhas nos fundos da casa. Decidi aproveitar uns móveis antigos que haviam e reformar para usar no meu quarto. Sempre fui bom com marcenaria e reformar coisas usadas. A minha tia sempre utilizava os meus dons de arrumar coisas. Decidi ir andando atrás de uma loja de material de construção, por um milagre de Deus o sol não estava mortal. No caminho encontrei Letícia.
Leticia: - Desculpa por acertar a bola em você.
Yuri: - Relaxa. Eu estou acostumado. Afinal sou um alvo muito grande para ser ignorado.
Letícia: - (riso abafado) – E você está indo comprar o que?
Yuri: - Pregos, tintas e alguns materiais para reformar uns móveis que o antigo dono da nossa casa deixou.
Letícia: - Ah bacana.
Yuri: - E você?
Letícia: - Vou para uma agência de modelos. Coisa da minha mãe. Ela gosta que eu tenha uma atividade fora jogar futebol com os meninos.
Yuri: - Legal. E você já fez algum trabalho?
Letícia: - Algumas sessões de foto e dois desfiles.
Yuri: - Olha. Parabéns. Espero que consiga muitos outros trabalhos.
Letícia: - Eu fico aqui. Essa é a parada do ônibus.
Yuri: - (rindo)
Letícia: - O que foi?
Yuri: - No Rio de Janeiro chamamos de Ponto. Aqui é parada.
Letícia: - (rindo) – Entendi. Ei. Hoje vamos nos reunir no Fred's.
Yuri: - Fred's?
Letícia: (apontando para o lado) – Aquela lanchonete vermelha.
Yuri: - Claro que horas?
Letícia: - Umas 19h. Vai lá. A galera vai se reunir.
Yuri: - Tudo bem.
Letícia era linda, mas um pouco rústica. Acho que para ela, arrumar um namorado não era tão complicado. Com treino e bastante prática ela se tornaria uma ótima modelo. Será que ela e o Zedu se pegavam? Porquê, eu estava pensando no Zedu? Ele também é um cara bonito e rústico. Uma pele bronzeada que me lembrava a dos garotos do Rio de Janeiro.
Voltei com as compras e para a minha surpresa o Zedu estava me esperando. “Tá, Yuri. Segura a onda”. Na verdade, o meu desejo era pular naquele pescoço gostoso e devorá-lo sem piedade. Em seguida, volto para a realidade, porque o meu Deus grego chamava.
Zedu: - Vamos apagar qual incêndio hoje? (escorado no muro da casa de Yuri)
Yuri: - O incêndio no sol dessa cidade. Sério, Manaus deve ter um sol só pra ela. (abrindo a porta)
Zedu: - Na verdade é um sol para cada habitante. (rindo sozinho)
Yuri: (riso abafado)
Zedu: - Qual a missão de hoje?