03: A (não tão simples) presidência

92 17 9
                                    

Um pouco perversa, é do que ele me chamaPorque isso é o que eu sou, isso é o que eu sou

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Um pouco perversa, é do que ele me chama
Porque isso é o que eu sou, isso é o que eu sou

Ninguém te chama de querida
Quando você está sentada em um trono
Ninguém te chama de querida
Quando você está sentada em um trono
Cuidado com mulheres pacientes
Porque de uma coisa eu sei
Ninguém te chama de querida
Quando você está sentada em um trono
Um dia desses
Eu vou tomar a coroa daquele garoto
Há uma serpente nessas águas
Deitada bem lá no fundo
Para o rei, eu me curvarei
Pelo menos por enquanto
Um dia desses
Eu vou tomar a coroa daquele garoto

- Valerie Broussard, A Little Wicked

CHERYLINE

SABE QUANDO HÁ NOS FILMES AQUELA CENA EM QUE IMITA ALGUÉM ABRINDO E FECHANDO OS OLHOS? A tela pisca, aparece a visão do quarto embaçada. Pisca novamente, e aparece mais uma vez, agora com a resolução pouco melhorada, mas ainda ruim. Pisca mais uma vez e ali está a tal pessoa, com a frase "alguém me ajude, estou perdida" estampada nitidamente em seu rosto enquanto está coberta por lençóis branco ao lado de um homem que não faz ideia de quem seja.

Essa pessoa sou eu, e estou narrando o que acontece comigo no momento. Tenho um homem de cabelos loiros, com o braço um tanto musculoso e seu corpo coberto com a metade do lençol dormindo solenemente ao meu lado. Não consigo lembrar-me do seu nome e nem mesmo de onde veio, porém sei que este não é meu apartamento, assim como sei que preciso ir embora antes que ele acorde e peça para passar o dia comigo.

Levanto-me cuidadosamente. Estou completamente nua, andando em volta da cama à procura das minhas peças de roupa, no entanto, tudo o que encontro são dois pacotes de camisinha.

Bom, ao menos me preveni. Um ponto ao meu favor.

Caminho até o frigobar em seu quarto. Ao lado dele está minha blusa se seda preta. Um pouco mais à frente minha saia marsala de veludo. Não tenho ideia onde foram parar as peças íntimas. Acredito que ele não seja um maníaco por mulheres, e que brevemente irá se esquecer que já me teve em sua cama.

Ao falhar na procura em achar a calcinha, abotoo meu sutiã de renda preto e ponho fugazmente a minha roupa. Pego minha pequena bolsa sobre a cômoda. Ao o fazer, acabo esbarrando em um dos objetos presentes nela, o que o faz se remexer com o barulho enquanto resmunga baixo.

Mantenho-me imóvel, aguardando por alguns de seus movimentos inusitados, que para a minha paz, não os faz. Recolho meus sapatos ao lado dos pés da cama, e com isto preparo-me para ir até a porta e girar a maçaneta sem qualquer vestígio de que um dia já estive aqui.

- Indo embora tão cedo? - a voz arrastada de sono soa atrás de mim.

Fecho os meus olhos, apertando-os com decepção em ter uma fuga falha. Isto nunca me aconteceu antes. Eu sempre tive sucesso em sair de manhã sem deixar rastros de redes sociais ou números para contato. Algumas vezes até fui carinhosa e, ao sair, deixei um bilhete breve em um imã de geladeira, mas hoje eu não poderia fazer isto. Sinto que já estou há tempo demais nesta casa.

JASON JAMES: LIBERDADE, LOUCURA E ROCK N'ROLLOnde histórias criam vida. Descubra agora