Sobre a morte

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Meu avô faleceu quando eu tinha 16 anos, e nós nos mudamos pra aquela velha fazenda que ele morava. Ele não havia morrido por causa de nenhuma doença de velho ou algo parecido, nem mesmo por ser velho, morreu afogado no lago da fazenda, e isso é algo que eu não sei explicar.
Seu corpo não tinha hematomas, sua pele fria e seus lábios roxos são a última imagem que tenho dele.
- Está triste? - perguntou minha mãe.
- Não muito - eu disse a ela.
Pra mim era estranho a idéia de ficar tão triste por alguém já velho. É claro que ninguém quer que alguém que você ama morra, mas é algo a se esperar.
- Temos mesmo que nos mudar? eu disse.
Não conseguia entender o fato dela ter cogitado morar naquele fim de mundo, se morressemos lá ninguém ficaria sabendo, não tão cedo. Descobriram o corpo do meu avô 3 dias depois.
- Estamos sem dinheiro. Você sabe. - ela respondeu.
Meu pai tinha morrido há 2 anos e meio, eu era filho único e tínhamos pouca família, meu pai sempre foi escritor e por isso somos falidos, ele deixou o legado de sua miséria.
Minha mãe, é corretora imobiliária, ela que costuma vender essas casas velhas ou coisa parecida, passa maior parte do tempo em casa e não ganha muito dinheiro, e eu, sou só um adolescente, nessa idade o que te resta é não ser nada além de você mesmo, ou é o que esperam.

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