Haviam passado uma semana, eu estava de férias e não podia ser mais entediante, daqui algumas semanas teria que me matricular em outra escola mais perto, e eu teria menos amigos do que já tinha.
Decidi caminhar um pouco, naquelas ruas que felizmente eram asfaltadas, e eu poderia correr ouvindo músicas, haviam algumas outras fazendas e propriedades, mas poucas tinham pessoas que de fato, moravam nelas durante o ano inteiro.
Voltei pra casa, e minha mãe não estava, tirei os sapatos e subi rápido, precisava de um banho.
Ao entrar senti um vento frio percorrer meu corpo nu, e liguei o chuveiro que estava quente. Pouco tempo depois, o chuveiro ficou frio e sai rápido debaixo, teria que descer até o porão pra mudar isso, peguei uma toalha e amarrei-a na cintura, desci as escadas e já tinha escurecido, pensei rápido aonde minha mãe pudesse estar.
A porta estava trancada, era uma porta comum, mas com riscos e achei a chave olhando rapidamente em volta em cima do balcão da cozinha, não tinha mais que uma pequena luz pra iluminar, mas que já não funcionava. Puxei a corda várias vezes, na tentativa inútil de que ela ligasse, e eu já estava todo arrepiado com o frio, ela acendeu uma vez e voltou a apagar. Desci as escadas de madeira, com pedaços quebrados tentando não esbarrar em alguma coisa, achei o registro, mas não podia enxergar, a sensação de estar sendo observado era constante, eu não devia ter duvidado.
Depois de conseguir mudar e voltar rápido pra terminar o banho, assim que saí minha mãe tinha chegado.
- Aonde você estava? gritei do andar de cima ao ouvir ela chegar.
Alguns segundos de silêncio me deixaram atento, seguidos pela sua voz.
- Fui comprar algumas coisas para o jantar! Encontrei uma mercearia há alguns poucos quilômetros daqui, eu havia reparado nela com você durante a viagem, se lembra?
Eu não respondi.
Desci, e logo em seguida fomos jantar, depois minha mãe foi tomar banho e resolvi descer ao porão de novo, pra ver se conseguia arrumar pra que ela não tivesse as mesmas surpresas que eu.
Deixei no lado certo e subi novamente as escadas, quando ouvi gritos. Corri rápido até o banheiro no andar de cima, assustado com o que poderia ter acontecido, abri a porta do banheiro e perguntei:
- Mãe! O que houve? - eu disse com a mão tapando a visão.
- Nada. - ela disse sem entender.
- Eu te ouvi gritar. eu disse mais confuso ainda.
Ela terminou o banho, e fomos dormir.
Nessa noite eu tive um sonho estranho, eu estava dormindo, e acordava no meio da noite, ao olhar pro corredor, eu via um garoto, mas eu não podia enxergar direito sua silhueta, ele caminhava para o fim do corredor, ficava parado e depois se virava, eu não podia me levantar, mas ouvia seus passos descendo as escadas, quando o som cessou, de repente um grunhido assustador, e eu não me lembro mais.
Minha mãe conseguiu vender duas casas nas últimas três semanas, e parecia animada.
Estava chovendo bastante ultimamente, e tudo que eu queria era passar os dias deitado, assistindo alguma coisa no notebook.
