Grupo de apoio

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Faltando pouco para completar meu décimo sétimo ano de vida, minha mãe concluiu que eu estava depressivo, porque eu quase nunca saia de casa, lia o mesmo livro de sempre, passava horas deitado pensando na minha vida de fanfic em que eu sou famoso e escuto quase todos os dias pessoas gritando meu nome, eu raramente comia, passo grande parte do meu tempo livre pensando na morte.
Sempre que você lê uma nota sobre câncer, depressão aparece como um dos efeitos colaterais, porém, não é um efeito colateral do câncer, é efeito de achar estar morrendo, mas minha mãe acha que eu preciso de tratamento, então me levou no médico, o médico em que minha mãe babava por ser bonito, o Changkyun, que concordou que eu estava em depressão por conta do câncer, ele vai trocar meus remédios e ainda vou ter que frequentar um grupo de apoio uma vez por semana.
   O grupo era formado por um elenco rotativo que sofriam de varias questões psicológicas por conta de tumores, o porque de ser rotativo? Efeito colateral de estar morrendo.
  O grupo de apoio era, deprimente, tedioso, óbvio, eu não conseguia ficar 2 segundos naquele lugar que eu já sentia que estava totalmente no fundo do poço.
Eu tenho que estar lá toda quarta-feira no porão de uma igreja católica, onde acontecia às reuniões.
Nós sentamos em roda no meio da Cruz que tem desenhado no chão: onde dois pedaços de madeira se cruzaram, onde esteve coração de Jesus.
Sabia disso porque o Hyungwon (Líder do grupo de apoio) e o único maior de idade, falava sobre o tal coração de Jesus toda reunião.
  Bom, era assim que acontecia, chegávamos 9-10 horas da manhã, comíamos biscoitos e limonadas, e esperamos todos chegar para começar a reunião.
Depois de todo mundo chegar, ouvimos Hyungwon falar pela milésima vez a história "ultradeprimente" e "superinfeliz" da sua vida — sobre ter tido câncer nas bolas, e acharem que ele ia morrer, mas não morreu, e ali estava, já adulto, no porão de uma igreja, divorciado e viciado em videogames, ralando para terminar um mestrado, e eu, como todos os outros, fingia estar totalmente interessado na história da vida dele, ele sempre diz:
— E VOCÊS TAMBÉM PODEM TER ESSA SORTE DE SOBREVIVER!
Aí nós nos apresentávamos: Nome, idade, diagnóstico e como está meu dia. — meu nome é Minhyuk - dizia na minha vez — dezesseis, tireóide, originalmente, mas como uma respeitável, colônia satélite, há muito tempo instalada nos pulmões, e sim, eu estou bem. (não graças ao grupo de apoio, óbvio)
        Depois do último dia na roda, Hyungwon sempre perguntava se alguém queria motivar ou se abrir, dai começa aquela punheta grupal com todas aquelas falas clichês como: lutar, combater, vencer e etc.
A única coisa que salvava o grupo de apoio, era um garoto baixinho chamado Kihyun, com cabelos vermelhos e lisos que cobriam um de seus olhos escuros como o céu na madrugada.
    Ele teve um inacreditável câncer ocular no olho direito, um olho foi extraido quando ele era pequeno.
O Kihyun e eu nos comunicávamos, quase por meio de suspiros, sempre que alguém falava de dietas anticâncer, de cheirar cartilagem em pó, ou sei lá, ele me olhava e suspirava de leve, eu balançava a cabeça e suspirava em resposta.

I heart it - wonho|minhyuk |HIATUS|Onde histórias criam vida. Descubra agora