Wonho

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Minha mãe parou na entrada de carros circulares atrás da igreja ás 16h45, fingi que estava ajeitando o cilindro de oxigênio por um minuto, só pra ganhar tempo.
  — quer que eu carregue até lá dentro? - ela pergunta estendendo a mão.
— não, está tudo bem - respondi.
  O cilindro não pesava tanto e eu tinha um carrinho de aço para transportá-lo, aquilo me fornecia dois litros de oxigênio por minuto. A geringonça era necessária porque meus pulmões faziam um péssimo trabalho como pulmões.
   — eu te amo - ela disse enquanto eu saltava do carro.
— eu também, mãe, te vejo ás seis - respondo de forma fria.
— faça amigos! - ela grita da janela abaixada enquanto eu me distanciava.
    Não quis usar o elevador, é o tipo de coisa que se faz no "Último dia no grupo de apoio" então eu fui de escada.
Pego um biscoito, um pouco de limonada em um copo descartável e me virei.
Um garoto me olhava fixamente, eu tinha quase certeza que nunca vi aquele cara na minha vida. Alto, magro mas musculoso, ele fazia cadeiras de plástico, daquelas de sala de aula, parecerem minúsculas, cabelo acaju, liso e curto. Parecia ter minha idade, talvez um ano mais velho, ele estava sentado na beirada da cadeira, com uma postura péssima, com uma das mãos enfiada até a metade do bolso da calça jeans.
    Desviei o olhar, repentinamente, consciente da quantidade de coisas erradas em mim, eu estava com uma calça jeans velha, e a camiseta de um grupo que eu já nem gostava mais.
   Andei até a roda e me sentei do lado do Kihyun, a duas cadeiras do garoto, olho denovo, ele ainda me observava, na boa ele era um gato, mas eu já tava ficando com medo.
  Pego meu celular e aperto qualquer tecla para ver as horas, todos os lugares da roda foram ocupados, então Hyungwon deu início aos trabalhos com a prece da serenidade: senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que posso, e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas.
  O garoto ainda estava me encarando, sinto minhas bochechas formigarem e ficarem vermelhas.
  Por fim, resolvi que a melhor estratégia, era encarar ele de volta, foquei nele enquanto Hyungwon pela milésima vez explicava sua ausência de bolas etc., e aquilo logo virou um jogo sério.
Depois de um longo tempo o garoto sorrio, e até que enfim desviou os olhos castanhos. Quando me olhou denovo, arqueei as sobrancelhas como que dizendo: ganhei.
Ele deu de ombros, e Hyungwon prosseguiu e enfim, a hora das apresentações chegou.
— Kihyun, talvez você queira ser o primeiro hoje. Sei que está enfrentando um grande desafio no momento.
— é.. - o Kihyun disse. — meu nome é Kihyun, tenho 17 anos, e, parece que vou precisar ser operado em duas semanas, depois vou ficar cego. Não estou reclamando nem nada, porque eu sei que poderia estar em uma situação pior, como no caso de alguns aqui, ter um amigos, como o Wonho ajuda — sorri fraco. Ele balançou a cabeça na direção do garoto, que agora tinha nome.
— estamos do seu lado Kihyun - diz Hyungwon — bom! Vamos lá, pessoal.
O próximo foi o MingHui ele tinha 12 anos e sofria de leucemia desde que se entendia por gente, ele estava bem, pelo menos foi oque ele disse. (Ele desceu de elevador)
  A Mina tinha 16 anos e era bonita o suficiente pra ser alvo do cara gato. Era frequentadora assídua das reuniões — estava em um longo período de remissão de um câncer de apêndice, que eu nem sabia que existia. - ela disse.
Era a vez do Wonho, ele deu um sorrisinho quando chegou a sua vez, sua voz era baixa, e levemente grave.
  — Meu nome é Lee Hoseok, mas todos me conhecem por Wonho. - ele disse.    — tenho 17 anos, tive uma pitada de osteossarcoma a um ano atrás, só estou aqui porque o Kihyun me pediu.
  — e como está se sentindo? - Hyungwon pergunta.
— eu estou bem - ele deu um sorriso.
Cara ele era perfeito.
Chegou a minha vez: Meu nome é Minhyuk tenho 16 anos, tireoide com mestatase nos pulmões, e estou bem.
A hora passou muito rápido, lutas foram recontadas, batalha ganhas em guerra que concerteza seriam perdidas.
— Wonho quer falar dos seus medos? - Hyungwon pergunta.
— eu?
— tem outro Wonho?
— ah.. tenho medo de ser esquecido, tenho medo disso como um cego tem medo de escuro.
— calma aí.. - Kihyun diz e ri em seguida.
— estou sendo insensível? - perguntou Wonho. — eu posso ser bem cego quando o assunto são os sentimentos das pessoas.
— espera, seu medo é ser esquecido? - perguntou hyungwon meio confuso.

I heart it - wonho|minhyuk |HIATUS|Onde histórias criam vida. Descubra agora