Cooper abraçou a mãe que chorava descontroladamente. Ele mesmo lutava para não chorar. Haviam poucas pessoas ali. Além dos dois estava o senhor Fronta e a esposa, os vizinhos da família desde que Cooper aprendera a falar “vizinhos” e o melhor amigo dele, Connor.
O padre terminou o que quer que ele estava dizendo e olhou para Cooper, esperando que ele fizesse alguma coisa.
- Mãe – ele soltou a mãe e deu um leve empurrãozinho nas suas costas. Ela andou cambaleante, hesitando antes de jogar as rosas vermelhas em cima do caixão negro.
Ele olhou para o chão, sem saber direito o que fazer. Ele nem sabia direito o que sentia.
Uma leve tontura atingiu-o e ele teve que se apoiar numa lápide para não cair. Sua mãe caminhou para perto dele e escondeu o rosto no ombro do filho. Ela soluçou e preferiu não olhar quando Cooper avisou-a que o caixão estava sendo baixado.
O senhor Fronta se aproximou dos dois.
- Venha, Lucy, vou te levar para casa. Cooper, você vem?
- Vou com Connor, mas muito obrigado. Mãe, vá com ele, eu já estou indo, tá bem? Não se preocupe comigo, sei me virar. – ele temia que a mãe não estivesse nem ouvindo, então repetiu a ultima frase. Dessa vez ela balançou a cabeça e Cooper considerou isso como um sinal de entendimento.
Ele continuou apoiado na lápide, observando a mãe se afastar meio apoiada na senhora Fronta.
- Coop, você tá bem? – Connor estava a seu lado, observando o amigo com as mãos no bolso do terno preto.
- Sim, quer dizer, mais ou menos... – ele respirou fundo, encarando o fato de que não conseguia esconder nada do amigo. Connor era como um irmão para ele desde que se conheceram no jardim de infância.
- Quer ficar sozinho por um tempo? Eu te espero no carro, se você estiver a fim de, sei lá, se despedir – Connor parecia bem embaraçado com tudo aquilo. Ele era mais alto que Cooper, mas não muito. Tinha cabelos castanhos quase loiros e grandes olhos azuis. Era meio desengonçado, apesar de passar mais tempo na academia do que na própria casa. Na maior parte do tempo dedicava seu cérebro superdotado ao jornal do Colégio Whelion.
Cooper fez que sim com a cabeça e esperou o amigo se afastar, antes de andar até o enorme buraco no chão. Ele sentou na beirada do buraco e começou a balançar as pernas, desconfortável.
- Oi papai – ele sussurrou, já não conseguindo mais segurar as lágrimas. Então as palavras começaram a sair depressa, sem ele nem perceber – Eu sinto tanto, papai. Daria tudo para você estar aqui. Mamãe não vai aguentar, sei que não. Ela não aguentava nem quando você estava com a gente! Eu sei que a relação de vocês estava num momento ruim, mamãe vivia chorando pelos cantos. Ah, e eu descobri sobre o bebê. Como não descobrir, não é? Porque vocês me esconderam isso? Porque, papai? Sinto que não posso mais confiar na mamãe. Tenho medo de que ela esteja escondendo mais alguma coisa de mim. – ele parou e secou as lágrimas com as costas da mão. Sentiu-se um idiota por estar chorando daquele jeito. Ele realmente se sentia traído. Sentia um vazio e não era só por ter perdido o pai. – Eu... Eu te amo, papai. Vou sentir saudade. – e dizendo isso, levantou e limpou a calça com as mãos.
Entrou no carro de Connor com os olhos inchados.Viu o amigo encará-lo sem dizer nada. Sentiu-se grato pela compreensão. Connor sabia o que ele sentia, na verdade. Ele também havia perdido o pai alguns anos antes.
- Quer ir para casa? – ele tamborilou os dedos no volante, meio constrangido.
- Não, eu estou bem. Vamos para a lanchonete da Sally, não precisamos mudar os planos. Isso já estava combinado há meses. – Cooper não queria ir, mas ele sabia o quanto Connor estava animado para encontrar Lohane, sua namorada.