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266 dias.

Ohio. 3 P.M.

-Quinn! – sinto alguém me bater para me acordar e solto um murmuro. – Lucy Quinn Fabray!

-Tem como falar mais alto, não? – falo embolado.

Percebo meu corpo esquentar e o quarto ficar mais claro.

-Já são três da tarde, tá mais do que na hora de você acordar.

-Hoje não. – Murmuro e tampo meu rosto com o travesseiro, evitando a claridade. – E para de gritar!

Dor. Era apenas isso o que eu sentia. Dor na cabeça e no coração, hipoteticamente.

-Eu não estou gritando, mas se você continuar nessa cama, eu serei obrigada. – Sinto meu cobertor sendo retirado de cima do meu corpo. – Você tem duas horas para comer, se arrumar e tirar essa cara de ressaca antes de irmos para a Igreja.

Dor.

-Eu já tenho vinte e nove anos, não precisa me tratar com se eu fosse uma adolescente.

-Mas está se portando como uma. – Escuto o barulho do ar sendo desligado. – Levanta logo daí.

-Eu não vou à Igreja nenhum. Qual pecado devo confessar dessa vez? – falo ironicamente.

-Sim, você vai, esse sempre foi o trato entre você e Frannie. Sempre que uma estivesse na cidade, iria pelo menos uma vez na semana à Igreja. Te quero pronta antes das cinco horas! – Escuto a porta sendo fechada e solto um gemido de dor, por conta da minha cabeça que não parava de latejar.

Me sento na cama e esfrego meus olhos, olho para o lado e vejo um copo d'agua, uma xícara de café e um comprimido. Bebo o café antes de tomar o remédio, prendo meu cabelo e tiro minha roupa para entrar no banho.

A água gelada era realmente o que eu precisava para despertar. Demoro uns minutos debaixo d'água e saio enrolada na toalha, indo até meu armário procurar um vestido. Termino de me arrumar e como algo antes de avisar que estava pronta.

Pego meus óculos escuro, pois eu não era obrigada a ter a claridade em meus olhos e nem queria parecer que estava de ressaca. Mas não parecia ter funcionado, já que desde que chegamos, as pessoas não paravam de me olhar.

Ok, talvez o fato de eu não acompanhar minha mãe na Igreja à anos fosse algo a ser repercutido.

-Quinn, tire esses óculos. – Escuto minha mãe falar baixo.

-Porque? Está incomodando alguém?

-Sim, estão todos nos olhando e é falta de educação.

-Estar de ressaca na Igreja também deveria ser, não? – implico.

-Quinn! – bufo e retiro os meus óculos, fechando meus olhos ao sentir a claridade. – Obrigada.

Suspiro, porém, me sinto estranha. Como se estivesse sendo observada e não porque estou sem os óculos escuros, mas com a sensação de que alguém me observava.

-Mãe, eu acho que vou lá fora, eu não estou me sentindo bem aqui. – Ouso me levantar, mas sinto sua mão me puxando.

-Quinnie, a missa já vai começar, seria mal-educado da sua parte sair agora.

A coisa mais estranha é você ter vinte nove anos e sua mãe te chamar mal-educada duas vezes em menos de dez minutos.

Escuto os sinos tocarem e suspiro, me sento novamente, sentindo aquela sensação continuamente.

D E L I C A T EOnde histórias criam vida. Descubra agora