Que assim seja!

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Entrei na água com pedras banhadas pelo rio em uma das mãos e, na outra, materiais de muito valor. Prendi os meus olhos no horizonte e meu coração balançou como barco durante tempestade em alto mar.

Esperava encontrar o deus dos oceanos escondido entre ondas, que correm e assanham as profundezas do mar negro, me observando de volta, mas só o que vi foi o nascer do sol.

A ironia é que eu nunca acreditei que Poseidon fosse dono de todas as águas. Para mim, ele não manda nem em metade delas e, se é que existe mesmo, este não me parece nada mais que um covarde predador quando se atreve a ir até a superfície.

Nunca me ficou claro a quem ele acalenta. Se sua vontade maior é fazer os marinheiros saírem em segurança, então porque o meu amor se foi, deixando-me apenas com um sentimento vasto e profundo?

Acho que é porque Poseidon também é deus da inveja. Em suas andanças pela praia, temo que ele tenha desejado que todos os sussurros imprudentes e promessas de amor eterno destinados a mim, lhe pertencessem. Que ele ficasse com tudo isso, não me importava.

Ele poderia guardar para si mesmo o que quisesse, contanto que naufragasse aqueles que prometeram nunca me abandonar, mas desapareceram logo em seguida, os que não me ensinaram a nadar e nem me tiraram o medo que sempre tive do profundo oceano. Só assim, um dia, talvez eu fosse cultuá-lo.

É, um dia.

Quando eu finalmente deixar de insistir em procurar o amor por cima das ondas, porque ninguém que já me amou de volta quis aprender a andar sobre as águas; todos preferiam falar a língua do mar.

De joelhos, mergulhei as oferendas e fechei os olhos, tentando ouvir meu nome ser chamado toda vez que a onda bate nas pedra. Com temor, que nem eu sabia que tinha, rezei incansavelmente ao infortunável deus.

- Traz ele de volta - pedi.

Não podia ordenar que devolvesse o que a mim pertencia. Não sou dono de nascentes de água doce, nem mesmo sua costa e areia me pertencem. Todo o capricho do oceano é dele.

Só espero sua compaixão e que ele me conceda porto seguro, enfim, me proteja de tempestades e faça o possível pelo amor que brotou do meu coração.

Mas se meu desejo ultrapassa os limites de seu poder puro, e se o que tenho em mãos não for o suficiente para pagá-lo, quero saber que oferenda devo oferecer para que me leve o coração.

Ficar olhando as tuas águas não alivia as minhas dores e se tuas ondas continuarem sendo ingênuas demais para me puxar como tua maré, pode deixar que eu mesmo me afogo.

- E que assim seja!

rogo ao deus do (a)mar | kim sunwooWhere stories live. Discover now