Eu queria gritar. Pela primeira vez eu me senti na obrigação de fazer algo para impedir que alguma alma chegasse até mim.
Talvez fosse mal costume depois de tanto tempo acompanhando cuidadosamente a vida melancólica de HoSeok.
Ou talvez eu tenha percebido que HoSeok havia sofrido de mais. Era visível.
Ele me culpava por ter tirado algumas pessoas dele. Por o ter deixado no mesmo estado que se encontra agora novamente.
Eu me lembro da primeira vez que vi HoSeok. Ele era mais novo, cerca de onze anos, cabelos acima das sobrancelhas, bochechas rosadas e molhadas pelas lágrimas que rolavam pelas mesmas.
Era sempre triste ter de tirar a mãe de um filho.
Lembro-me também da segunda vez que o encontrei. Ele estava chorando também. Eu havia acabado de conhecer BanJi, seu pastor alemão.
Da terceira, eu não estava ali para tirar algo dele. Estava vagando por perto quando vi seu pai batendo a porta da camionete e indo desenfreado pelas ruas. Ele estava chorando, novamente.
Sempre que o via, as ocasiões não eram boas.
Nunca são quando eu estou por perto.
Mas da última vez, ele não chorava. Ele estava estático, olhando fixamente para água abaixo da ponte que o impedia de chegar até o rio.
Eu realmente não esperava que eu iria o conhecer tão cedo, e por motivos tão dolorosos. Ele iria pular. Eu sabia disto. Já tinha visto acontecer antes.
Mas para sua sorte, antes que pudesse ter a coragem de cometer o ato, os braços quentes e acolhedores de EunWoo envolveram seu corpo, o tirando da beirada da ponte.
Ela o tirou de mim. Mas eu não me importava, eu não queria conhecer HoSeok. Não agora.
Não sabia ao certo do porque de continuar ali naquele quarto. Afinal, EunWoo estava, por um pequeno fio, ligada a vida. Eu não tinha de esperá-la mais.
Mas eu fiquei.
Estava um pouco curiosa para saber em como HoSeok reagiria ao saber que sua amada estava despertando do coma.
Ela adormeceu profundamente depois de uma luz de palco embutida no teto da empresa em que trabalhava caiu sob sua cabeça em um acidente. A fazendo entrar em coma.
Coma esse que desenvolveram complicações e tiveram de ligar alguns aparelhos a menina, para que a mantéssem viva.
E ela estava, afinal. EunWoo só tinha o rosto, mas não era nada frágil e delicada.
HoSeok sabia disso. Por isso não desistiu.
ㅡ Acredita nisso? Eles iam mesmo desligar seus aparelhos. ㅡ O rapaz soltou uma risada amarga.
Sem resposta. Mas nada de novo.
Além dos olhos de EunWoo, que haviam se abrido a alguns minutos e observavam as costas do rapaz, que nem sequer havia a olhado naquele dia.
ㅡ Eu sei que te prometi que iria seguir em frente, mas eu não consigo. Não, eu não posso fazer isso. Você é meu seguir em frente, meu hoje e meu amanhã. Não posso continuar sem você. ㅡ Suspirou olhando além do próprio reflexo na janela.
Ele observava o movimento dos carros na rodovia em frente ao hospital. Os comércios fechando e em como o céu era tomado por tons alaranjados e amarelos.
As cores favoritas de EunWoo.
ㅡ Eu te disse, Eun. Eu disse para não ir trabalhar naquele dia. ㅡ Comentou sentindo sua garganta fechar novamente. ㅡ Você estava de folga, era para ser o nosso dia, você me prometeu que iríamos comer sorvete de menta com chocolate enquanto assistiamos ao lançamento daquele filme que você tanto queria ver. Mas você foi mesmo assim.
Sentia suas lágrimas quentes de quase inexistentes molharem seu rosto.
ㅡ Sabe como eu me senti quando me ligaram do hospital me dizendo que você havia entrado em coma? Em como meu mundo desmoronou ao pensar em não te ter mais? Em c-como… ㅡ Sua voz falhou e ele começou a chorar de novo.
EunWoo não se mexia. Não era como se pudesse, de qualquer jeito. Havia acabado de acordar de um coma de dois anos, me surpreenderia se fosse o contrário.
O choro de HoSeok foi atrapalhado pelo toque de seu celular, que vibrou em seu bolso.
ㅡ Alô?…. Não, eu não estava chorando, hyung. ㅡ Limpou as lágrimas. ㅡ Tem certeza?….Eu já lhe disse para não acreditar em tudo o que JungKook disser…Certo, estou a caminho.
E então ele se foi. Sem nem a olhar. Guardou o celular no bolso, apanhou a jaqueta na poltrona e caminhou até a porta, deixando-nos para trás.
Ela acordou Hobi. EunWoo está de volta, eu não a apanhei em meus braços.
Hoje não.
…....✍
HoSeok estava cansado, tanto físico quanto espiritualmente. Não dormia bem a dias e não se alimentava direito.
Estava um caco.
Estava triste, desolado, perturbado, perdido e furioso. Tanto que quando recebeu a ligação de seus amigos, dizendo para ir até o apartamento deles urgentemente com a desculpa de que JungKook não se sentia bem, ele não esperava que os mesmos amigos iriam o trancar dentro do lugar e o impedir de ir embora.
Os humanos me assustam.
Mas cuidaram dele. Por mais que HoSeok fosse insistente, eles convenceram o amigo a passar a noite com eles.
Deram-lhe o que comer, banho, algumas risadas que nos últimos anos eram raras para HoSeok e lhe deixaram dormir.
HoSeok estava finalmente descansando. Recuperando as baterias que gastou chorando descontroladamente nas últimas noites.
Estava em seu momento. Sem preocupações, sem choro, sem medo, sem nada. Ele estava sereno. Inerte no próprio subconsciente.
Era uma obra de arte de se admirar.
Mas eu não podia ficar o tempo todo. Haviam almas me aguardando ao redor do mundo, eu tinha que lhes dar do que HoSeok desfrutava. A paz.
Mas eu voltaria. Estava certa disto.
…....✍
Olá, como vão?
Esse foi mais um capítulo disponível de Promise! Espero que tenham apreciado a leitura.
Votem e comentem. Até quarta que vem!

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Promise | JHS
FanfictionHoSeok se vê afogado em um mar de tristeza e dor quando sua namorada, EunWoo, entra em um profundo coma de dois anos. Não podendo cumprir a promessa que a fizera tempo antes do incidente acontecer, ele se perde em questionacões sobre o que fazer a...