Jung HoSeok se recordava perfeitamente de todas as promessas que já havia feito ao longo de sua vida. Das mais fúteis e infantis até as mais importantes e delicadas. Exatamente todas.
E também se lembrava que sempre as cumpriu. Não era bobagem quando dizia que era um homem de palavra, pois sempre cumpria com o que prometia. Não importava o que lhe custava ou o que ele precisasse para fazê-lo, sempre cumpria.
Pelo menos, quase todas.
Havia apenas uma. Uma pequena excessão que ele havia aberto. Era somente uma, não faria diferença, faria?
Se faria ou não, isso já não importava, não para ele.
Me prometa, Hobi. Me prometa!
Maldita hora que dissera aquelas duas palavras.
Eu prometo.
Não cumpriu com sua promessa. Não podia. Não conseguia.
Era doloroso, até para algo como eu, de se suportar. Mais pesado do que sua consciência, do que o peso da promessa que não havia cumprido.
Eu achava irônico o fato de que quem o via, achava que a vida de HoSeok era um tremendo mar de rosas. Mas não era para menos, o rapaz vivia sorridente.
Sorrisos esses que escondiam o mar, não de rosas, mas sim de mágoas que ele carregava. Mares de angústia, tristeza e medo.
Embora estivesse sorrindo na frente dos outros, alegre, cheio com suas piadas e sua personalidade invejável de animada e esperançosa, lágrimas eram o resultado ao final de cada dia.
Sentado naquela poltrona, às vezes no chão, encolhido, ele chorava. Chorava baixinho, para que ninguém ouvisse e desconfiasse do quanto frágil ele era.
Para que as enfermeiras não o olhassem com pena e dó. Para que não precisasse mais ouvir palavras como "Eu sinto muito".
Já ouvira de mais aquelas palavras, e tenho de concordar nesta afirmação que o próprio fez: "Eles não sentem nada. São apenas palavras carregadas de pena jogadas da boca para fora."
ㅡ Aparentemente está tudo certo. ㅡ O médico comentou anotando algo a sua prancheta.
Não está tudo certo.
Eu simplesmente podia ouvir os pensamentos de HoSeok. O estado em que se encontrava o deixava tão superficial que até mesmo eu conseguia lê-lo de cima a baixo.
ㅡ Ainda sem nenhuma expectativa? ㅡ Perguntou com a voz baixa, mesmo já sabendo da resposta que receberia.
O médico por sua vez, mordeu o inferior de sua bochecha.
Pena.
É a palavra que o define quando olha para HoSeok.
ㅡ Infelizmente, não. ㅡ O médico soltou um suspiro pela boca enquanto se encaminhava para a porta.
ㅡ Se houver algo positivo, por favor, me avise. ㅡ Disse a frase costumeira.
ㅡ Senhor, Jung. Não me leve a mal, é somente uma curiosidade. ㅡ Parou ao pé da porta e encarou o moreno sentado na poltrona. ㅡ Como ainda continua alimentando isso?
HoSeok o olhou confuso.
ㅡ Alimentando o que?
ㅡ A esperança. ㅡ As palavras foram tão diretas que acertaram em cheio o órgão vital que batia em seu peito.
ㅡ O que quer dizer com isso, doutor? ㅡ HoSeok se remexeu no lugar se sentindo desconfortável.
ㅡ Eu estou trabalhando nesse caso desde o início, lembro-me de cada vez que entrei nesse quarto com esperança de uma novidade, mas saía com as mesmas notícias. Já se passaram dois anos…
ㅡ Não uso o tempo como uma desculpa, na verdade, eu o uso como uma nova chance. A cada novo minuto é mais uma nova oportunidade de poder reverter o caso. Não importa quantos anos se passem, doutor, eu ainda vou ter esperança.
Se pudesse, sentiria pena.
Quase cheguei a sentir uma pontada de dor ao ouvir aquelas palavras saírem de sua boca.
Palavras frias. Mentirosas.
Eram mentiras. Eu via perfeitamente isso. Nem mesmo ele acreditava no que acabara de dizer.
Sabia que não tinha como reverter o caso, mas mesmo assim insistia nisso. É isso o corroía por dentro.
Cada pedacinho.
Eu estava sentindo. Não estava longe.
E pela primeira vez eu não quis que estivesse tão perto. Que fosse tão previsível que eu somente teria que esperar mais alguns dias, ou meses. Eu sabia que estava chegando.
O médico apenas sorriu fraco antes de sair do cômodo e deixar um silêncio assassino para trás.
Surpreendir-me quando ouvi um grunhido escapar por entre os lábios machucados ㅡ De tanto os morder, para abafar o choro ㅡ do rapaz.
Ele passava os dedos por entre seus cabelos negros com raiva e tristeza. Seu queixo começava a tremer e já sentia seus dentes baterem um contra o outro.
Iria chorar. Estava perdendo a cabeça.
Levantou-se do seu lugar e caminhou a passos fracos até a beirada da cama. Onde de sentou no chão e levou sua mão para cima, até que a tocasse.
Sua pele fria em contato com os dedos quentes de HoSeok causavam arrepios no corpo do rapaz. Ele analisou como, mesmo pálida e gélida, ainda era bonita.
Como seus lábios finos e ㅡ antes rosados ㅡ arroxeados ainda eram tentadores a ele. Como seus cabelos longos e castanhos ainda eram sedosos.
E como ele se sentia bem com o fato de a ver tão serena. Em paz.
Ele a amava. Amava com todo o seu ser.
ㅡ Me perdoe, eu não consigo. ㅡ Falou antes de começar a chorar. ㅡ E-Eu não c-consigo.
Apertou a mão da garota desacordada na cama e enfiou a cabeça no colchão. Não suportava mais chorar todo o tempo.
Seu peito doía, já não tinha mais reserva de água para derramar chorando. Estava fraco, frágil. HoSeok se encontrava em um estado deplorável.
Barba a fazer, cabelos grandes de mais, olheiras aparentes e estava muito magro. Ele não se alimentava direito. Não mais.
Por mais que soubesse que isso o estava o matando, ele não poderia cumprir a promessa. Não sabia como. Não tinha estruturas o suficiente para isso.
ㅡ Não posso fazer isso. Me perdoe, jagiya, mas eu não vou cumprir com minha promessa.
Olá bolinhos, espero que tenham gostado! Votem e comentem.
Até quarta que vem!
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Promise | JHS
Fiksi PenggemarHoSeok se vê afogado em um mar de tristeza e dor quando sua namorada, EunWoo, entra em um profundo coma de dois anos. Não podendo cumprir a promessa que a fizera tempo antes do incidente acontecer, ele se perde em questionacões sobre o que fazer a...