I.

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Winterfell.
— Lady Catelyn — a criada entrou no quarto — Lorde Stark chegou.
Catelyn abriu um sorriso.
— Obrigada — e a moça se retirou.
Ainda com um sorriso estampado em seu rosto, contemplou a garrafa de vinho que estava na cama do casal. Vinho de Dorne, que havia encomendado há semanas, especialmente para esse momento.
Ouviu os passos pesados de Ned no corredor, e encheu rapidamente as duas taças. Sentia que estava prestes a explodir de felicidade. Com uma taça na mão, virou-se quando ouviu a porta se abrir.
Ned Stark. Suas roupas estavam encharcadas, e os cabelos molhados caíam em seu rosto. A julgar a expressão em seu rosto, estava muito cansado. Mas a única coisa que prendeu a atenção de Catelyn foi o bebê em seus braços.
— É tão lindo — disse, se aproximando — De quem é?
Não houve resposta. Mas após alguns segundos de um silêncio mortal, Ned respondeu.
— É meu filho — respondeu — Seu nome é Jon. Jon Snow.
E em segundos, toda a felicidade que estava sentindo se esvaiu.
Ela arregalou os olhos e jogou o vinho que estava na taça no rosto do marido.
— Cat...
No mesmo momento, o menino começou a chorar. Ela o olhou, e o vinho havia caído em seu rosto também. Ned lançou um último olhar transtornado, e ao mesmo tempo resoluto, e saiu do quarto.
E a última coisa que todos ouviram foi o grito enfurecido de Catelyn.
[...]
A chuva caía do céu incessantemente. Lady Stark observava os relâmpagos da janela.
Não conseguia dormir. O pequeno Jon não parava de chorar, o que impedia seu sono. Ela olhou para Ned, que permanecia imóvel na cama.
Por fim, foi até o berço do garoto e pegou-o nos braços pela primeira vez. Se sentia um monstro por repugná-lo, mas não conseguia evitar.
A simples ideia de ver seu rosto todos os dias, com a infidelidade do marido refletida nele, a enojava.
— Eu o odeio — sussurrou, enquanto continuava encarando a chuva pela janela — Bastardo de merda.
O bebê continuava chorando. Catelyn passou a mão em sua cabeça carinhosamente.
— Vire a imagem que você carrega no sangue, bastardo — ela murmurou — Teu sangue será tua maldição.
O garoto olhou para ela, e calou-se. Os olhos negros agora a encaravam, ainda lacrimejando.
— Talvez agora você desapareça.

21 anos depois.

— Isso é realmente necessário? — Daenerys perguntou, vendo seu cabelo recém tingido, agora preto, no espelho.
— Não se preocupe, no primeiro banho que tomar essa tinta vai sair — Jorah respondeu, ao terminar a trança nos cabelos da mais nova — Seus cabelos prateados nos entregarão.
— Terei que ficar alguns dias sem tomar banho, então — ela retrucou, levantando-se.
Jorah riu.
— Não vai demorar, já estamos chegando.
Daenerys suspirou.
— lhas de Verão, Tarth, Volantis. E depois? Vamos ficar nisso para sempre? — perguntou.
— É tão inoportuno para mim quanto é para você. Não gosto de ter que pular de cidade em cidade o tempo inteiro — Jorah disse — Mas esse vai ser um lugar bom, podemos permanecer por alguns anos.
— Anos. Parece utópico para mim — ela murmurou — Não quero passar minha vida toda fugindo. Quero ir para casa. Ou voltar para Dorne.
Jorah sorriu ao lembrar de Daenerys em Dorne. Uma linda garotinha com os cabelos prateados, correndo pela praia sempre que lhe era permitido.
Mas também lembrava do dia que foram empurrados em um navio, fugindo dos soldados que estavam a procurando.
— Não podemos — exclamou.
— Eu sei... eu, eu entendo — Daenerys sussurrou — Jorah...
Foi interrompida quando alguém bateu na porta da cabine.
— Qual é seu nome? — Jorah sussurrou.
— Denyse Graines.
— E eu sou seu tio, Seldan Graines — completou, ao abrir a porta da cabine. Os olhos cansados de um marinheiro o encaravam.
— Senhor Graines — o homem disse — Arrume sua bagagem, estamos quase chamando os passageiros para descerem.
— Obrigado — disse Jorah, e fechou a porta — Eu disse que estávamos chegando.
Daenerys suspirou, questionando a si mesma se isso era bom ou ruim.
— E afinal, qual o nome desse lugar?
— Shadowthorne.
[...]
A taverna estava razoavelmente cheia, mesmo não sendo tão tarde. Talvez seja porque é o único local aquecido dessa cidade, Daenerys pensou.
Mesmo com várias camadas de roupas e botas, ainda estremecia e sentia que estava prestes a congelar.
— Eu não sabia que seria tão frio.
— Se andarmos por mais alguns dias, chegaremos em Winterfell. Caso prolongarmos, na Muralha — Jorah riu — Quer ver os vagantes brancos?
Daenerys deu um tapa na mão dele.
— Não fale besteira. Acho que aqui já é frio o bastante.
— Estou brincando. Não chegaremos nem perto de Winterfell e nem dos Starks.
Ela o olhou.
— Eu não queria dizer isso, mas esse lugar me dá medo.
— É só uma taverna com alguns bêbados.
— Acho que ela não está falando da taverna — os dois redirecionaram seu olhar para o homem atrás do balcão.
Era alto, forte e seu cabelo e barba eram ruivos. Parecia um pirata.
— São novos aqui. Meu nome é Tormund.
Daenerys e Jorah se entreolharam.
— Meu nome é Seldan Graines, e essa é minha sobrinha, Denyse — Jorah disse.
— Sejam bem-vindos a Blackthorne, ou fim do mundo, como costumam dizer.
— Já vimos lugares piores — Daenerys exclamou — Não esperava que fosse tão frio.
— Esse é o Norte, garota — Tormund falou, e se sentou ao lado de Jorah — Há quanto tempo estão aqui?
— Chegamos ontem — Jorah respondeu.
— Então não ouviram as histórias ainda? — o ruivo perguntou, empolgado.
— Pelo jeito, estamos prestes a ouvir — Daenerys disse e Jorah riu.
— A cidade é mal-assombrada? — Jorah perguntou, ainda rindo.
— A cidade não — Tormund respondeu, tomando um gole da cerveja — São recém-chegados, e como a menina disse, esse lugar realmente dá medo, mas não é nem metade de todas as histórias que contam.
— E o que contam? — Daenerys questionou.
— Contam dos vagantes brancos, que roubam as criancinhas recém nascidas. É a justificativa para a cidade ser tão fria.
— Acho que todos já ouviram essa — Jorah falou.
— Também falam da filha de um sacerdote que foi abusada por um cavaleiro e engravidou. Ela contou a história para o pai, mas ele não acreditou e a forçou a tirar a criança. A pobre moça morre durante o processo. Desde então, as pessoas veem uma moça grávida de madrugada, perto da antiga casa do sacerdote, sempre anunciada por um choro de agonia. Quem escuta o choro, fica tão atormentado que suicida — Tormund explicou, empolgado — É a justificativa inventada para nossa cidade ter poucos moradores.
Jorah parecia interessado nas histórias do conterrâneo. Já Daenerys olhava para as pessoas da taverna. Todos pareciam dispersos; bebiam e conversavam baixo. 
Ela ouviu o barulho da neve, e estremeceu ao pensar que teria que enfrentá-la novamente quando fosse voltar para a hospedaria.
— E por fim, uma história que poucos conhecem — ele sussurrou, se aproximando dos dois.
— Conte — Jorah falou.
Daenerys estava ouvindo, mas então olhou para trás e viu uma garota de dezesseis ou dezessete anos a encarando. Estava sentada com um jovem, e ambos trajavam roupas pretas.
Ele era mais velho que a garota, sem dúvidas, e era muito bonito. Mas havia algo nele que a atraía. Era quase magnético.
— Algumas pessoas dizem que, se pegar um barco e navegar por algumas horas ao Oeste, chegará em uma ilha pequena, com rochas em todo lugar e ondas violentas — Tormund interrompeu os pensamentos de Daenerys.
— O que há lá? — ela perguntou.
Tormund olhou para os lados.
— Um dragão.
Jorah e a Daenerys se entreolharam.
— Eles não existem mais — Jorah disse.
— É o que todos acreditam — Tormund falou — Dizem que ele mora na ilha e que todas as noites sobrevoa por Westeros.
Ela olhou para Jorah, com os olhos
— E o que há por trás dessa história? — ele perguntou.
— Poucos contam, e poucos sabem — Tormund respondeu — O que sei é que todos que foram na direção da ilha não voltaram mais.
Os dois ficaram quietos.
— É só uma história que minha avó me contou quando eu era menino. É bem recente, na verdade — continuou — E é triste.
Daenerys estava totalmente absorta na história, quando olhou para trás e percebeu que a garota ainda a encarava. O homem que a acompanhava sussurrou algo no ouvido dela.

— Se eu fosse você, não encararia tanto — o ruivo murmurou — Aquela é Arya Stark, irmã da Rainha do Norte, Sansa Stark.
— Stark? — Jorah perguntou.
— Sim — Tormund disse — Mas não se preocupe. Ela só está de passagem, como sempre.
Ao dizer isso, Arya e seu acompanhante levantaram-se e saíram.
— Quem é o que está com ela? — Daenerys perguntou.
— Não sei — o ruivo disse — Esteve aqui com ela duas ou três vezes apenas.
Jorah terminou de beber o copo de cerveja e se levantou.
— Foi muito bom conhecê-lo, Tormund. Tenho certeza que nos veremos de novo.
— Eu também tenho — o homem disse, com um sorriso — Sabe onde me encontrar.
A garota se levantou e caminhou até a porta.
— Cuidado com os barcos na praia — Tormund disse quando ela abriu a porta.
— Pode deixar — Daenerys respondeu.
Eles voltaram para a hospedaria, e durante todo o caminho pensou no homem que estava com Arya Stark na taverna. Ele era bonito, mas não era isso que lhe chamava sua atenção. Era um mistério.
Naquela mesma noite, Daenerys sonhou que montava em um dragão e voava nele por Westeros.
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oi, gente! então, acho que não tem muita gente interessada em jonerys depois da oitava temporada e desse final, mas eu sonho com essa fanfic desde que assisti a sétima temporada em 2017.
uma coisa: o nome da cidade não era pra ser Blackthorne e sim Shadowthorne, mas eu fui fazer o trailer e acabei trocando. inclusive vou deixar o link nos comentários hehe
e é isso, espero que tenham gostado. votem e comentem o que acharam. me sigam no twitter (buckyrxmanoff) e até breve!!

Summer Child [Jonerys Fanfiction]Onde histórias criam vida. Descubra agora