me submeto aos meus anseios e me entrego a um súbito prazer,
não me entrego a essa busca do igual.
vivi demais, chorei demais,
e aprendi que o que tenho em mim é sagrado
mas um tanto quanto profano.
como um cálice de vinho branco
como uma virgem em tempos de cólera
como um homem que não comete adultério
como uma mulher. e apenas ela.
andei por terras inabitáveis,
sorri pra desconhecidos, fiz jus a minha carne corrompida
e meu coração santo, mas traiçoeiro.
o que mais dói é a falta de certeza
e a exuberância da inconstância;
tudo se desfaz,
e em meu peito cravam-se palavras.
até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais.
o mundo adoeceu, e o que te sobra são elementos que te curam e te matam a longo prazo,
se afaste dos doentes, estes já não choram, estes já não tem o prazer do Eu.
estes estão no raso.
estes não dançam
não criam amores e muito menos são raros.
estes existem por puro desdobramento de moléculas e insistência metódica no velho,
já não batucam, estes já não são astutos
já não vangloriavam o tempo faz tempo;
adoeceram por se alimentar de tudo,
ocasionalmente nada.
já não sabiam o que estavam a buscar
e aceitaram de bandeja todas as façanhas da vida, sem filtrar.
corra dos perdidos, mas sem equívocos,
você será um deles, um dia, ou mais.
quem não se perde, não se encontra;
encontre os iluminados e festeje essa ironia cômica que é a felicidade;
se aproxime de quem sorri pelas minúcias,
de quem trocou o ego por um pouco de luz.
ilumine os fracassados,
sirva o melhor whisky,
não deixe o gelo derreter,
no entanto, use a melodia como válvula de escape;
não adoeça.
esteja disposto a quebrar correntes todos os dias,
se não sabes pronde vai tua expectativa,
nao sabe o que aguardas.
se perdeu em águas claras,
pois tua mente entra em falhas
por esculpir perante a máquinas,
tens que saber sair da zona que te afaga,
troque a marcha, o disco, a mágoa
vira a página, risque fábulas
escreva pelo teu amor às falas
e pela incompreensão instalada
em teu corpo cheio de cicatrizes
quando se vê pelada;
nua como no princípio,
calada,
antes dos tapas.
metaforizando a história revelada
por sentir ainda por décadas passadas.
apanhei demais por tentar me entregar
nem cheguei ao ato e já estava a me martirizar
me fiz, enfim, em partes.
dou-te a melhor....sabes?
ouço o eco de meus vazios clamarem,
preenchi com fumaça, olhares e apesares
toquei um jazz baixinho
e me completei em meio a bares.
queimei em solo santo e hela me chama pra dança,
danço por mero encanto, como doce em mão de criança,
morreria como narciso mas cravei guerra com meu reflexo,
meu egocentrismo ficou aos restos,
perséfone me salvou dos cegos.
se sigo inquieto e não me altero,
cuspo verdades em rostos perplexos.
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faz parte do meu show
Poetryquem se descreve, se limita. sem edição nem final, por enquanto. até breve.