A new beggining

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Louis não sabia como tinha acontecido, mas em algum momento, enquanto dirigia um carro alugado pelas ruas de Los Angeles, ele se viu parado em frente à praia de Santa Monica. Havia um alivio em seu peito ao constar a praia razoavelmente vazia, o que era raro, e algo nele o fez acreditar que talvez aquele fosse o lugar em que ele pudesse descansar por um momento.

Sua cabeça pesava, um aperto em seu peito o incomodava e a vontade de chorar era avassaladora.

Louis se sentia perdido. E estava, na verdade.

As lembranças do funeral de sua mãe lhe atordoavam a mente e cegavam sua visão. Ele precisava chorar. Estava segurando as lágrimas há dois últimos dias tentando ser forte por sua família, e havia conseguido – sua mãe sempre lhe dissera que conseguiria tudo o que quisesse se persistisse. Ela não estava errada. Mas agora Louis sentia que era o seu momento de chorar, de colocar seus sentimentos para fora e se deixar viver a perda da pessoa que mais amou em sua vida.

Ele ainda segurava as lágrimas quando deixou o carro estacionado em algum lugar – não se importando realmente de verificar se era proibido ou não. Retirou seus tênis e jogou dentro do carro e ergueu o capuz de seu casaco de moletom, tentando fazer com que aquilo lhe desse pelo menos um pouco de anonimato, visto que tudo o que queria no momento era um pouco de paz enquanto aproveitava a beira da praia.

Quando seus dedos tocaram a areia houve certo alivio, mas apenas o suficiente para que não começasse a chorar. Pôs-se a caminhar, aproveitando para observar as poucas pessoas que estavam brincando de vôlei ali perto, a sensação da areia em sua pele lhe dando conforto. Porém, em algum momento que não soube dizer, as lágrimas chegaram e o aperto no peito se intensificou.

Sua cabeça parecia girar e tudo o que ele se perguntava era como prosseguir sabendo que nunca mais veria sua mãe. Como? E doía como um inferno pensar nela e haver um vazio onde seus abraços acolhedores deviam estar. Então o que ele fez foi chorar, porque no momento isso era tudo o que lhe restara. Ele queria ser forte, por ela, por sua família e, em parte, por si mesmo, mas isso parecia tão inalcançável. 

O homem então se jogou na areia e abraçou seus joelhos cobertos por um jeans gasto, as lágrimas grossas molhando seu queixo lhe fazendo perceber o quão aquela cena era real. Tudo o que ele mais queria no momento era acordar de algo que com certeza estava se solidificando como seu pior pesadelo.

Ele fungou, levantou seu olhar e observou o horizonte enquanto sua mente era bombardeada por momentos marcantes com sua mãe, tais que jamais lhe deixariam esquecer o quão aquela mulher fora a mais incrível que já conhecera em sua vida.

E ali ele ficou pelos próximos minutos ou horas, ele não soube dizer. Seu peito ainda doía, mas com o tempo as lágrimas cessaram apenas porque ele já não sentia mais forças nem mesmo para deixa-las sair. Era tanta dor. Como alguém era capaz de suportar aquilo?

Então ele escutou alguém fungar, e apesar de ter feito isso bastante durante aquele dia, ele soube prontamente que não havia vindo de si.

Quando olhou para sua direita, encontrou um homem, devia ter em torno de seus vinte e oito anos, sentado a poucos centímetros de distancia. Ele também estava abraçando seus joelhos, os olhos estavam avermelhados e os cabelos bastante bagunçados. Louis rapidamente se perguntou se ele estava bêbado ou drogado, mas então percebeu que aquela era a aparência de alguém realmente triste – muito provavelmente ele estava do mesmo jeito.

Virou-se de volta para o mar, deixando que o desconhecido voltasse a chorar enquanto ele se concentrava nas ondas que quebravam. A brisa que batia em seu rosto era gostosa, e ele agradeceu por ter ido parar ali. Sua mãe costumava dizer que praia é um lugar de paz, onde você sempre pode encontrar conforto. Bem, a mulher estava sempre certa, não era diferente dessa vez.

Santa Monica (l.s oneshot) Onde histórias criam vida. Descubra agora