Demons Walkers || Daryl Dixon

Capítulo 02.

O sol se fez mais uma vez presente naquele dia, mais três dias haviam se passado. Kaild agora já se recuperava da perda dos pais e começava a entender o novo mundo lá fora, mesmo Jodie dizendo para ele não se preocupar com nada que ela ficaria encarregada de tudo.

O ex-marido, ex-defunto ou qualquer outro nome relacionado ao marido de Lori, ele havia retornado em uma das buscas de suprimentos. Merle foi preso por ele em algum canto da cidade e Daryl simplesmente surtou com isso, mas a garota não pôde deixar de soltar um breve sorriso ao escutar tudo aquilo.

O dia estava realmente ensolarado, todos estavam a ponto de derreter se o lago não existisse ali perto.

— Os zumbis estão procurando comida pela cidade inteira, não podemos ficar aqui para sempre. — Jodie ouviu a voz de Rick ao longe.

— Isso é insuportável não acha? — Andrea surgiu ao lado da garota, que lhe enviou um olhar curioso. — Esses marmanjos falam as coisas escondidos, como se nós não fôssemos capazes de entender nada. Sinceramente, espero que explodam.

— Andrea, Jodie, precisamos de vocês no lago.

— Já vamos! — gritou a morena.

— "Precisamos de vocês no lago" — imitou a loira. — Até em um apocalipse temos que lavar roupas enquanto os homens conversam coisas tão... estúpidas.

Jodie sorriu. Andrea não era lá a pessoa com quem ela havia tido a melhor conversa, mas tinha que concordar. Ao longe viu Kaild e Carl conversando enquanto faziam lições de casa. "Quem faz lições de casa em um apocalipse?", pensou a garota.

— Jodie!

— Tô indo. — apressou o passo, acabando por passar do lado dos homens que estavam em um pequeno círculo.

Por impulso a morena olhou para trás, dando de cara com um Daryl lhe olhando da cabeça aos pés enquanto Rick e Shane falavam algo para ele.

A garota tratou logo de andar rápido novamente e chegar ao lago que havia ali perto. Permaneceu afastada das demais mulheres por alguns minutos até ouvir a voz irritante de Ed.

— Solta ela Ed!

— Cala a boca projeto de puta de quinta. Carol virá comigo agora.

— Dessa vez sou eu que estou mandando você soltar ela, Ed. — Jodie soltou a voz, com um tom ameaçador. — Você pode ter uma merda dentro dessa sua calça, mas a partir que uma mulher fala não, é não porra!

Todas as mulheres e, incluindo o cara, se surpreenderam com a fala da garota, quem diria que uma pessoa tão calma e passiva fosse autoritária ao mesmo tempo?

— Quem você acha que é pra falar assim comigo, hein pirralha? — o homem avançou na morena. — Não se ache tanto só por que dois homens querem te comer, vadia, você não é ninguém.

— E você acha que é alguém? Não passa de um escroto que não faz porra nenhuma pra ajudar em nada e ainda faz um show enorme. — esbravejou. — E não me chame de vadia, escolha suas palavras para falar comigo pois você não sabe do que eu sou capaz.

— O que está acontecendo aqui?

— Nada. Vamos Carol.

— S-sim.

— Já falei que ela fica, quero ver alguém dizer que ela sai daqui por má vontade. Se toca Ed, ninguém te quer aqui.

— Cala a boca da porra pirralha!

Antes que Ed avançasse novamente para cima de Jodie, Shane se pôs na frente dos dois e os dois homens trocaram olhares ameaçadores. O que Ed poderia fazer? Nada, seria quatro contra um e certeza que ele iria apanhar e feio.

(...)

A noite caiu mais rápido do que as outras vezes, era o que Jodie e todos os outros pensavam. Aquele dia havia começado com o pé esquerdo e terminaria do mesmo modo após o acampamento ser invadido por uma horda de caminhantes famintos e nada legais.

Jodie tentava proteger Kaild e a si mesma dos zumbis que iam para cima deles. Com certa dificuldade conseguiu colocar as crianças dentro do trailer de Dale e ajudar os mais próximos.

Ed foi mordido. Mas o que chocou Jodie mais ainda foi ver Amy, sua possível melhor amiga ali, morta perto de si. Olhou para Andrea que chorava insistentemente, viu Dale tentando consolar a loira enquanto os outros se mantinham atônitos a tudo. Viu a si mesma tentando não ser fraca, não chorar, mas assim que entrou no trailer do velho, se viu desabar.

— Amy está morta? — Kai chegou perto dela, mantendo-se na cadeira.

— Sim, está Kaild. — a morena tentou se recompor.

— Todos vão, uma hora ou outra todos vão. — começou o garoto. — Dale me falou isso. O que aconteceu ontem me assustou bastante, principalmente quando você não ficou no trailer comigo, achei que você morreria. Mas aí entendi que sempre morremos. Mamãe e papai morreram, tia Daphne morreu, Toby morreu antes de todo mundo. Eu só não sei se sou forte o suficiente para aguentar se caso você morrer.

Jodie levantou a cabeça, impressionada com tudo que o garoto disse. Como poderia uma criança de 9 anos ficar tão madura assim em pouco tempo? Se bem que, até ela havia ficado madura em poucas semanas.

— Temos que sair daqui o quanto antes, esse lugar não é mais seguro para ninguém.

— Para onde podemos ir?

— Podemos pegar a principal ou a estadual para ir ao CCD, lá com certeza tem algo. — Rick disse.

(...)

— Como está Kaild? — perguntou Dale, ao ver que a morena se sentava no banco da frente junto com ele.

A garota olhou para trás, em direção ao garotinho de cabelos pretos que dormia profundamente no ombro de Carol.

— Bem. — o mais velho olhou em sua direção, desviando rapidamente de um zumbi. — Na medida do possível. Você sabe.

— Sim, sei.

O caminho foi longo e minimamente perigoso, zumbis surgiam por todos os cantos, saindo de becos, casas e comércios abandonados.

Ao longe já se podia ver as grandes paredes da CCD, a única entrada da frente fechada fez com que Jodie desanimasse, mas logo tratou de esconder o desânimo quando Dale parou o trailer. Esse edifício era a única salvação do grupo naquele momento.

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