We'll be a dream

1

Rodrigo observou a mulher encolhida em sua cama, não era a primeira vez que a via daquele jeito, os olhos que ele tanto amava sem brilho, o nariz num tom de vermelho que se não fosse pela circunstância, a deixaria adorável.

Não era a primeira vez que Rodrigo a via chorando por alguém que não merecia nem um terço de sua consideração, não era a primeira vez que a acolhia em seus braços, e prometia que tudo ia passar... mas dessa vez, algo havia mudado.

2012

-Não vale a pena chorar por esse cara maninha... -Rod suspirou ao ouvir a garota soluçar.

-Eu não dou certo com ninguém Rod... poxa... -Agatha secou rapidamente as lágrimas que escorriam por seu rosto.

-Não diz isso, a pessoa certa ainda não chegou sabe... e não adianta tentar dar certo com a pessoa errada.

-Mas até a pessoa certa chegar eu vou ficar sofrendo? Me sentindo um nada quando tudo acabar?

Ele suspirou e se sentou ao lado dela em sua cama, puxou o corpo esguio para seus braços  e a acolheu ali. Queria que ela conseguisse entender o quão maravilhosa era, e então assim teria certeza que ela não sofreria por quem nao valia nenhuma daquelas lágrimas.

Mas Agatha era uma menina... sua menina gritou sua mente traidora, que a havia tomado para sí desde o primeiro sorriso. Ele não cobraria aquela maturidade dela, não naquele momento, a deixaria chorar na promessa de que tudo terminaria bem, enquanto seu coração repetia alto demais, que talvez a pessoa certa já estivesse ali.

2018

A cena familiar demais se repetia ali a sua frente, era uma sensação de deja vu, misturada com a realidade... sim ela estava ali, em sua cama, e sim, ela chorava por alguém que não merecia nenhuma daquelas lágrimas... mas a diferença  estava que dessa vez ele fazia parte daquela confusão estampada nos olhos verdes dela, dessa vez ele tinha culpa por conhecer o gosto bom de café da boca dela... e conhecer cada curva daquele corpo de cór. E talvez por cobrar uma decisão

- ... ele ou eu Agatha... te amo, mas não vou esperar...

Haviam sido as palavras duras que ele usou quando a deixou em seu apartamento a uma semana atrás, depois que a noturna havia se estendido até sua casa... até sua cama... até seu coração.

Mais uma vez. A quarta só naquela semana, já nem sabia mais o que era não ter o corpo dela embolado ao seu, e seu cheiro invadindo cada célula sua.

-Vai chorar até não poder mais? -Ele suspirou.

-Porque não é com você que tá acontecendo isso...

-Eu não vou repetir que ele não merece esse choro todo... ele não merece a mulher que você é Agatha...

-E quem merece então? Você? -Ela o fitou.

-Se não  mereço... pelo menos eu estou tentando com tudo que tenho... -Ele suspirou.

-Não é fácil... -Ela se sentou secando seu rosto na manga da camisa.

-Eu não disse que era... e eu não vou ficar chateado se você escolher manter seu relacionamento... -Ele sorriu fraco, quem enganaria?

-Como eu posso manter uma coisa que só está viva por conforto Rodrigo? E pior... como manter uma coisa, quando eu quero outra.

-Então o que é tão difícil? -Ele passou seu polegar pela lágrima que correu pelo rosto dela.

-Admitir pra mim mesma...

Ele assentiu e a puxou para seu colo, acolheu o corpo dela em seus braços como tantas outras vezes, mas não com o mesmo sentimento de anos atrás, sempre amou Agatha, mas agora a amava como a mulher que gostaria de ter para o resto de sua vida