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Lydia Martin gostava de padrões.
Ela gostava de como o Teorema de Pitágoras seria sempre o mesmo, a soma dos quadrados de seus catetos corresponde ao quadrado de sua hipotenusa, ela também gostava de desafiar seu cérebro, é claro, ela sabia que era a garota mais inteligente de sua turma, ela também gostava de números.
O mundo era um grande amontoados de números em que se juntavam em milhares e milhares de quarks infinitas que formavam tudo o que ela conhecia, o universo era nada mais do que uma soma infinita de números complexos.
Tudo, basicamente tudo se resumia a basicamente "up" quark + 2/3 e "down" quark - 1/3, e Deus a faça entrar na teoria dos Charm, Strange, Top e Bottom, o que fazia tudo para resumir que o universo eram, muitos números juntos somados e subtraídos.
O problema, era que, algumas vezes, a conta universal não fechava.
Como no caso dos amigos dela.
A conta universal para os seres humanos vinha sendo contada desde sempre como "Homem + Mulher", mas o universo deu mais contagens e vieram os diferentes resultados "Homem + Homem", "Mulher + Mulher", transgêneros, bissexuais, bi gender, e tantos outros que ela nem mesmo poderia lembrar.
Não que Lydia tivesse algo contra, quando se era um matemático, precisava-se de números exatos e completos para poder ajudar em seu caso, nada era facilmente compreensível se ela não tivesse números, como agora.
Ela precisava de números que fechassem sua equação.
Ela está em um hotel, ela veio aqui com seu último namorado, Trevor, eles iam passar uma noite romântica, a luz de velas, e jantar, depois, os planos de Lydia eram assistir diário de uma paixão, como ela fazia com Jackson, e depois usar aquela maravilhosa banheira de hidromassagem por toda a noite.
Não foi assim que aconteceu, aparentemente Trevor estava com ela por sua antiga fama da vadia, não que ela particularmente gostasse, mas, sexo era algo que todos os jovens do Ensino Médio faziam, era apenas mais uma pequena parcela da reputação que ela tinha.
Sexo era a parte final que fechava a fama da popularidade.
Ela não pergunta como Stiles consegue abrir a porta de seu quarto, ela nem mesmo questiona quando ele passa o moletom velho e gasto do FBI por seus ombros e a carrega como uma menininha.
— Onde o Derek está? — ela pergunta depois de alguns minutos, quando Stiles está dirigindo para casa. Stiles olha para ela do canto do olho, cuidadosamente, sua expressão inteiramente em branco.
— Ele está resolvendo... coisas. — ele responde, com cuidado, como se não quisesse que ela descobrisse algo.
— Eu não quero que você fique bravo comigo. — Lydia diz depois de minutos na estrada escura.
O carro freia bruscamente, Stiles tem as mãos apertadas no volante, os olhos dele são bravos, cheios de uma raiva que parece fazer seu corpo ferver.
— Não estou bravo com você Lydia. Nunca poderia ficar, o que aconteceu não foi culpa sua, nunca será.
— Mas a soma está errada, errada, os números não fecham. — Lydia finalmente explode, porque é isso que assombra seus pensamentos e entope sua garganta a semanas, desde que ela encontrou a definição de Assexual em uma de suas pesquisas. — Se os números não fecham e as contas não batem, o universo está errado, tudo está errado, eu, Isaac, Jackson, você, Derek, todos somos somatórias incompletas... — ela não percebe que soluça e grita como uma doida com Stiles até que ele a abraça.
— Lydia, quanto é a raiz quadrada de 7?
— Aproximadamente 2.64. — ela responde depois de segundos de silêncio.
— E quanto é o logaritmo de 45?
— 1.65, aproximadamente. — ela fica confusa com tantas perguntas sem nexo.
— E se você somar a raiz de sete com o valor do logaritmo de 45 e depois diminuir 0.29?
— Dá quatro, completo. — ela responde, depois de um minuto.
Stiles apenas seca uma de suas lágrimas e sorri para ela.
— Assim é o amor Lydia. Você não pode fazer uma equação completa, uma pessoa vai ser o logaritmo de 45, a outra a raiz de 7, a soma é o que você gosta, é o que você se esforça para fazer, é aquele macarrão horrível que você come apenas porque foi a pessoa perfeita que fez. A subtração é o que você odeia, é aquela toalha molhada em cima da cama, é esquecer de fechar a porta da geladeira, é comprar lubrificante de morango quando você é alérgico a morangos. — Stiles ri baixinho com a careta no rosto de Lydia. — Mas no final Lydia, no final as somas e as subtrações sempre fecham, em algum momento elas vão dar um número completo.
— Mas... — ela começa, ela não sabe como colocar tudo em palavras, porque o que Stiles disse, faz o extremo sentido. — Sexo é uma parte da soma do universo.
Stiles olha para ela por longos momentos.
— Quando eu era mais jovem, demorei 7 meses para fazer sexo com Derek. — Lydia levanta a cabeça horrorizada. — Amor não precisa de sexo Lydia, amor é amor, simples assim, você nunca vai achar a definição de amor em um dicionário, em um livro ou em uma equação. Amor é amor. Simples assim. Não importa se o amor é entre dois homens, duas mulheres, um homem e uma mulher. Amor é amor Lydia. Só isso.
Ela abre a boca para contestar.
— E não tem nenhum problema em ser assexual. — Lydia tem certeza que deve estar vermelha como um tomate. —Sexo não é a parte fundamental de um relacionamento. E se for, você precisa encontrar alguém que respeite seus limites Lydia, respeito é a parte fundamental de qualquer relacionamento.
Eles ficam em silêncio por mais alguns minutos.
— Eu também quero filhos. — ela diz depois de alguns minutos. Stiles levanta as sobrancelhas para ela.
— Existem em torno de 3,7 milhões de crianças órfãos no mundo, tenho certeza que pelo menos uma delas se encaixa perfeitamente com você meu bem.
Ela finalmente sente seu tormento interno sendo saciado, as somas fecham, ela poderia muito bem fazer uma nova soma do mundo em que incluía pessoas como ela, Jackson e Isaac e...
— Pelo amor de Deus Lydia, pare de somar por alguns minutos. — ela ri com a fala de Stiles e se aconchega novamente em seu peito.
Se Trevor aparecer morto na manhã seguinte, Derek não tem nada a ver com o isso.
