Capítulo 06

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     Mabel narrando:

     Havia lindas orquídeas azuis espalhadas naquele chão branco e frio, abrindo um tipo de caminho. Quanto mais eu andava, percebia que um líquido negro escorria por entre as pétalas daquelas lindas flores.

     Um espelho surge em minha frente, meu reflexo era tão embaçado quanto as águas de um mar agitado. Foi uma questão de tempo para eu perceber que aquele reflexo não era meu, poderia parecer comigo, mas de forma alguma poderia ser meu.

     A garota que eu fitava me encarava de volta, mas ela estava apenas olhando para sí mesma. A jovem tinha um corpo maduro e um semblante sério, porém, aparentava estar profundamente triste e frustrada. Ela era linda, estava usando roupas estranhas, com um aspecto antigo.

     — Você é uma desgraça para mim, uma desvalida¹. Suma! Morra como alguém valente, e não como uma covarde que você é. — Aquela jovem gritava, me olhando com olhos intensos e penetrantes, um olhar de fúria. Sinto que ela não falava aquilo para mim, mas sim, para sí mesma.

     Minha surpresa foi que ela partiu para cima de mim, passando do espelho, situando as mãos gélidas pelo meu pescoço e começou a estrangular-me. Segundos de agonia e despero pairavam, me deixando pálida e sem forças. Não pude deixar de desmaiar com tal brutalidade.

     Meus olhos abrem bruscamente. Sinto uma ânsia insuportável no momento em que levantei celeremente² da cama, tive uma sufocante falta de ar. Não consegui evitar de vomitar um pouco, naquele belo chão.

     Tudo aquilo tinha sido apenas um sonho, eu precisava me acalmar. Logo, percebi que estava em um lugar estranho, eu nunca tinha visto um quarto mais lindo que aquele.

     O quarto tinha a cor azul claro como predominante, tudo era do estilo do século XIX, o que eu mais amava.

     Eu tentei escapar pela janela, mas era impossível abri-la. Foi quando eu percebi a vista que tinha, era horrível, como se eu estivesse no submundo, estava completamente distorcido.

     — Vossa Alteza Mabel Pines! — Dizia uma senhora baixinha e vermelha assim que adentrou no quarto em que eu estava, me dando um brusco susto.  — Oh! Perdoe-me, Vossa Alteza, eu não fazia ideia de que tinhas acordado, por favor, perdoe-me. — Ela diz quando percebeu o meu estado.

     Autora narrando:

     Mabel ia fazer uma série de perguntas para a pobre senhora, mas nada saia de sua boca. Quando percebeu algo pulsando em seu braço direito, era um amuleto limitador, muito utilizado nas vítimas de sequestro, para poupar o criminoso das perguntas que poderiam ser feitas para ele. A jovem não conseguia se lembrar o que havia acontecido para ela parar lá  e nem pensar em como fazer as perguntas.

     — É quase noite, sugiro que tome banho e se apronte logo, o mestre está lhe esperando na sala de estar. — A senhora mais velha diz gentilmente e começa a ajudar a jovem a fazer essas coisas, mostrando onde fica e o que ela deveria vestir.

     Mabel usava um vestido azul até os pés, colar com uma pedra negra, brincos pequenos e negros, luvas azuis e sem sapatos. A garota descia as escadas bruscamente, querendo achar mais rápido possível quem estava a trancando nesse pesadelo horrível.

     — Vejo que já está bem disposta, minha senhorita. — Diz o loiro, aparecendo ao lado dela, a garota empalideceu. — Eu estava enganado. — Pega nas mãos geladas de Mabel e deposita um beijo calmo, como um cavalheiro. A jovem corada tentava fazer perguntas, o que era notável. — Não se esforce tanto, pode doer. — O amarelo diz preocupado.

Não chore, minha dama (Mabill)Onde histórias criam vida. Descubra agora