Capítulo 1

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S/N apressou os passos, praticamente correndo, enquanto aumentava o volume da sua música preferida do grupo BTS em seu celular. Estava mais de 20 minutos atrasada para buscar sua filha na casa da babá. O último cliente demorara demais para sair e ela acabara se atrasando. Não estava nada fácil manter seus dois empregos.

S/N tinha sido obrigada a abandonar o sonho de fazer faculdade ao engravidar no ensino médio, e ser expulsa de casa pelos pais. A perda trágica de seu namorado, num terrível acidente meses depois, tinha tornado sua vida ainda mais difícil. Agora ela trabalhava mais de 14 horas por dia, com direito a duas folgas por semana, para sustentar a si mesma e a filhinha de pouco menos de três anos (Idade coreana).

S/N subiu correndo a ladeira estreita que levava à pequena vila de casinhas onde morava. Chegou sem fôlego na frente da casa de sua vizinha. Ela bateu de leve na porta e a senhora veio abrir.

S/N: - Boa noite, unnie. – ela se curvou em cumprimento. – Perdoe-me pelo atraso.

Mi-kyung: - Você parece cansada... Entre e tome uma xícara de chá comigo.

S/N: - Obrigada... eu estou mesmo muito cansada. Hoje o dia foi bem difícil, especialmente no restaurante do hotel...

A senhora Kim Mi-kyung estava na casa dos 50 anos e morava com a mãe idosa. Ela trabalhava meio período como professora, e complementava sua renda como babá e professora particular. Ela se sensibilizara com a situação de S/N assim que a conhecera.

As duas se sentaram em frente à pequena TV na sala decorada com simplicidade. Mi-kyung serviu o chá.

S/N: - A Sun-Hi está acordada? – ela perguntou enquanto tomava um gole da bebida quente.

Mi-kyung: - Acabou de pegar no sono, não faz nem meia hora. Vai ter que levá-la no colo. – a mulher explicou com um sorriso.

S/N também sorriu. A filha era a única pessoa que restara em sua vida, nada mais importava, a não ser cuidar da menina.

Mi-kyung: - Agora me conte... o que aconteceu no hotel. Aquele homem asqueroso continua te assediando?

S/N soltou um suspiro e desfez o sorriso, ao ouvir a amiga falar sobre seu odioso chefe.

S/N: - Eu realmente não sei mais o que fazer, unnie. Tento de todas as maneiras não ficar sozinha com ele na mesma sala, mas ele sempre dá um jeito de me cercar. Hoje ele me encurralou na adega do porão e passou a mão em mim. Não aguento mais isso! – desabafou com lágrimas nos olhos.

Mi-kyung: - Você precisa largar esse emprego! Precisa denunciar esse homem!

S/N: - Não posso fazer isso, pois é o salário do hotel que paga as principais contas. O emprego na lanchonete é apenas para as demais despesas... - concluiu com desânimo.

A amiga a olhou com pesar. Tinha muita pena da pobre moça, que não podia sequer contar com o pai para defendê-la. Ela pegou a mão de S/N.

Mi-kyung: - Sabe que pode contar comigo. Se precisar me ligue. A qualquer hora.

S/N sorriu.

S/N: - Obrigada, unnie. Você e sua mãe têm sido a família que eu não tenho.

Mi-kyung: - Você tem sim, e um dia eu acredito que Deus vai iluminar a cabeça de seus pais e eles verão o grande erro que eles estão cometendo.

S/N: - Não tenho esperanças sobre isso, unnie. Apenas quero voltar a estudar quando a Sun-Hi crescer um pouco e arrumar empregos melhores para poder nos sustentar. No momento vivo um dia de cada vez.

Mi-kyung: - Você é jovem e bonita. Podia arranjar um marido para dividir a vida, os problemas se tornam menores quando são divididos.

S/N: - Não tem espaço para um homem na minha vida, unnie. Mesmo porque nenhum ia querer uma mãe solteira.

Dream so far awayOnde histórias criam vida. Descubra agora