No labirinto

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Olho para o jardim iluminado pela lua e busco meu labirinto particular, o centro dele é meu refúgio, meus pais nunca vão lá, somente eu e o jardineiro. É o único lugar da mansão onde me sinto livre e esqueço meus problemas. Chegando no início olho para trás e vejo a casa, iluminada, decorada, cheia de pessoas bem vestidas e o som da música consigo escutar daqui. O motivo dessa comemoração sou eu, mais que motivo tenho para comemorar? Pelo jeito vou continuar a viver do jeito que sempre vivi.

Começo a correr para o centro do labirinto, eu não me perco e sei o caminho de cor, desde meus quinze anos é o meu lugar preferido do mundo. Começo a perder o fôlego e meus pulmões começam a arder, minhas pernas começam tremer mais eu não paro, preciso gastar toda minha energia acumulada em anos de palavras não ditas. Levanto meu vestido na altura dos joelhos e continuo correndo,  fios dos meus cabelos se soltam do penteado e sorriu. EU SOU LIVRE! uma voz dentro de mim quer gritar mais eu a reprimo, EU SOU LIVRE! a frase que eu não posso dizer, deixo uma lágrima rolar em meu rosto e o cansaço me vence.

- AAAAAAHHH - paro no meio do caminho e dou grito feroz que minha garganta chega a doer - Calma Megan, vamos planejar algo, assim não vamos viver mais! - cochicho para mim mesma e volto a correr para o centro do labirinto, onde tem um banco que posso sentar e descansar. Puxo o ar com força e acelerou minha corrida.

- Isso é muito b... - de repente bato em um parede dura e caio no chão com o impacto. - Aí! - levo minha mão para minhas têmporas. Eu bati em uma parede, mais aqui não tem paredes! Levanto meus olhos e concluo que não bati em nenhuma parede e sim em um homem.

- Senhorita. - o homem limpa a garganta e me oferece a mão para me levantar, eu a pego e no mesmo instante algo queima minha mão.

- O que faz aqui? - pergunto o encarando e solto sua mão como se fosse brasa.

- Eu estava patrulhando o local e escutei alguém gritando.. - ele é bem alto, seus cabelos são castanhos com um corte curto.

- Você não deveria estar aqui. - começo a caminhar para onde eu já deveria ter chegado.

-Foi você quem gritou? - ele caminha atrás de mim.

- Sim - respondo sem olhar para trás.

- Senhorita Megan, porque gritou? - que? ele me conhece? Nunca o vi na vida!

- Quem é você? - me viro e o encaro, seu nariz fino e elegante, seu rosto marcado e olhos azuis, o desenho da sua boca...

- Lucca. Porque gritou, aconteceu algo? - ele observa ao redor.

- Porque está aqui no meu labirinto? - levo minhas mãos na minha cintura e o questiono.

- Luigi, verifique ao redor do labirinto. - ele fala para o rádio acoplado com sua escuta eletrônica na orelha esquerda. É um segurança.

- Não precisa verificar nada! Gritei porque quis!

- Você viu alguém estranho? - ele anda em minha direção e dá uma volta atrás de mim, fazendo todo meu corpo formigar.

- Você é surdo? Eu disse que gritei porque quis! Não aconteceu nada. - volto a caminhar.

- Não sou surdo, estou fazendo meu trabalho. - ele diz me acompanhando.

- Você está é bisbilhotando isso sim!

- Como? - ele dá dois passos e fica do meu lado.

- Esse labirinto é meu, é particular, você não tem permissão para entrar nele.

- Que bom então que obedeço as ordens do seu pai e não sua. - ele coloca a mão esquerda no bolso da calça do terno preto, ordens do meu pai... Não é novidade, ninguém me escuta mesmo.

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