Motionless

♪ American Idiot ♪

Ao primeiro soar de meu despertador, me levantei, ansiosa para finalmente voltar à escola e finalizar meus estudos. Em alguns momentos, eu desanimava um pouco pela falta de amigos, mas pensando em meu profissionalismo, voltava a ansiedade de chegar logo no "Instituto de Ensino Uther Hills".
Decidi por me vestir rápido, com uma roupa de estatura mediana já que não sabia como seria estar lá dentro.
Entrando na cozinha, vi ali minha mãe parada na pia, esperando o café ficar pronto. Logo cedo, estava ali de pé, pronta pra me apoiar a todo custo.

- Bom dia, mamãe. - Soltei um sorriso.

- Bom dia, querida. - Me olhava de cima a baixo, conferindo minhas vestimentas, deixando um ar de dúvida. Apenas ignorei.

- Me desculpe por ontem a noite. - Falei, me sentando na mesa.

- Tudo bem, meu amor. Eu lhe entendo. - Ela mexia no cabelo de forma calma. - Deve ser mesmo difícil ter de ficar em um hospital sempre.

- Pois é. - Sorri para tentar reconfortá-la, mas parece que piorava a cada momento.

Mamãe insistiu diversas vezes para que eu comesse algo antes de sair, e assim o fiz. apenas uma fruta e um pedaço pequeno de bolo com café preto. Apenas aquilo me satisfaria por um dia inteiro pelo que conheço sobre mim.
Minutos depois, eu estava me levantando da mesa e me dirigindo até a porta principal. Tentei convencer minha mãe para deixar que eu fosse sozinha e pegasse um ônibus, mas ela negou até o fim, fazendo questão de me levar no meu primeiro dia depois de tanto tempo. Ficamos no maior e mais puro silêncio o caminho inteiro. Eu não sabia o que me aguardava naquele dia, o que deixava meus nervos a flor da pele.

Não passado muito tempo dentro do carro, já conseguia avistar as bandeiras do colégio dançando conforme o vento. Soltei um sorriso nervoso, despedi-me de minha mãe e peguei minha bolsa, saindo do carro. Rapidamente entrei no prédio, aliviada por não haver os típicos olhares pairando sobre mim. Fui até a secretaria, a fim de acertar os últimos pontos necessários da matrícula.

- Então, Alessa Valentine, certo?

- Sim, senhora. - Juntei minhas mãos próximo à minha cintura.

- Ficou afastada por um ano, é isso mesmo?

- Sim.

- Cursará o terceiro ano. - Disse lentamente conforme escrevia em seu papel.

- Alguma restrição alimentar?

- Ah, eu possuo uma receita conforme pedido de minha nutricionista... - Lhe entreguei o papel. Ela arqueou as sombrancelhas, como se me julgasse. - Por causa de minha doença. - Terminei.

- Entendo. E está escrito aqui que você acabou adquirindo outras doenças e transtornos. - Sorri sem graça.

- Sim, infelizmente.

- Bom, tudo certo por enquanto. Qualquer coisa que precisar ou qualquer problema, venha até minha sala, ok?

- Sim, sim, muito obrigada. - Me levantei, puxando minha mochila de forma brusca, deixando cair um frasco de pílulas.

A mulher me encarou, como quem suspeitava de algo. Rapidamente apanhei o frasco e o guardei, sorrindo para ela de forma forçada. A mesma o retribuiu.

- São remédios? - Ela perguntou.

- Vitaminas. Comprimidos supletivos. - Terminei sussurrando para ela uma das doenças que eu havia adquirido.

- Ah, entendo. - Sorriu sem graça. - Me desculpe.

Não respondi, apenas saí andando como se não tivesse escutado. Odiava quando se desculpavam por nada.

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Fiquei por poucos minutos à procura de minha sala, encontrando-a com êxito. Bati na porta, pedindo licença à professora, que liberou minha entrada. Sem muita cerimônia, entreguei à ela meu papel de matrícula e me dirigi para uma carteira no fundo da sala. Pendurei minha mochila na cadeira, e me sentei, ficando a ouvir atentamente o que a professora dizia. Uma breve cerimônia sobre ética escolar foi dada pela mesma, enquamto eu anotava alguns pontos em meu caderno caso fosse necessário mais tarde.

- Aah, você não acha isso uma hipocrisia pura? - Disse uma garota sentada do meu lado. Eu olhei para trás e para os lados. Ela estava falando comigo.

- Um pouco sim. Mas, eu prefiro não me arriscar quebrando alguma regra. - Falei num tom baixo, assim como ela.

- Sou Lynn Carolinne, me chame de Carol. - Estendia a mão, deixando um sorriso amigável em seu rosto.

- Allie. - Segurei sua mão, a cumprimentando.

- Allie? - Ela sorriu.

- Alessa, na verdade. Mas gosto que me chamem de Allie.

- Tá bem, Allie. - Ela riu.

A aula acabou até rápido. Fiquei conversando com Carol conforme surgiam novos assuntos. Trocamos até mesmo nossos telefones para conversarmos por mensagem. Era divertido ter alguém com quem conversar depois de tanto tempo sem isso.
O sinal para o intervalo soou, e Carol fez questão de me levar para o grupo de amigos dela.
Animada, a garota anunciou nossa chegada para o grupo. Muitos na mesa eram alternativos. Tinham emos, góticos, grunges e até hippies. Me senti um pouco mais a vontade. Carol, com seu sorriso cativante, resolveu me apresentar para seu grupo.

- Gente, essa é a Allie! Alessa Valentine. - Soltei um sorriso escutando a maneira com que tinha dito meu nome.

- Oii, Allie! Eu sou a Violett. - Disse uma garota de cabelos rosas. Bastante contraditório, sim. A garota usava o estilo gótico com correntes nos bolsos da calça e uma linda camiseta rasgada de Lacuna Coil. Sua maquiagem era muito bem feita, em tons pretos e vermelhos.

- Prazer, Violett. - Eu disse, me sentando na mesa.

- Briana Sun. - Ela soltou um riso. Briana era uma negra muito atraente. Vestia uma calça jeans, passando pouco do meio de sua canela, um cropped amarelo e um coque alto, destacando seus cabelos cacheados.

- Sou Tyler. - Disse um garoto que usava seus longos cabelos presos em um coque bagunçado. Até mesmo ele ficava mais bonito do que eu naquele estilo. Usava uma calça jeans skinny, junto de sua blusa quase que agarrada escrita: "Love like this".

- Vocês são demais. - Eu sorri, tentando ser o mais amigável possível. Havia um outro rapaz na mesa, comendo algo que se parecia com um macaron. Pelo o que eu via, ele iria continuar calado.

- Travis! - Disse Carol num tom alto, com um toque de indignação. - Vai mesmo ficar sem se apresentar para a aluna nova?

- Hey, Carol, está tudo bem. - Eu disse, para não incomodar o rapaz, mas antes mesmo de eu terminar, o rapaz ousou dirigir seu olhar para mim. Me olhava de cima a baixo com seus olhos azuis penetrantes. Senti um arrepio passar pelo meu corpo, nada bom.

- Lynn, você deve deixar de ser tão superficial. - Ele disse, colocando o macaron inteiro em sua boca e se retirando da mesa. A garota de longos cabelos castanhos, sorriu pra mim, sem graça.

Eu, por outro lado, estava muito satisfeita. Não tinha quaisquer esperanças de arrumar alguém com quem me dar bem esse ano, e, por falta de um, acabei com quatro. Nunca havia sorrido tanto quanto naquele dia. Eu estava realizada. Não queria que acabasse nunca.

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