Testando novos métodos

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Testando novos métodos

Aquele fracasso ensinou-me mais do que pode parecer. Percebi que não só a aparência, mas também a aparência, faziam parte do jogo da sedução. E, se a sedução podia ser chamada de "jogo", assim como os muitos que eu tinha jogado até então, decidi que serio o melhor jogador.

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Não conto tudo que passei e vivi detalhadamente, apenas superficialmente. Pois o esforço me foi grande, e os erros foram tantos que já não sei mais qual deles contar, então sejamos superficiais.

A aparência ajudava com certas mulheres e em certos lugares. Porém as limitações ainda eram muitas. Elas não se apaixonavam por mim, não me desejavam até as pernas escorrerem e não faziam questão de mim. Eu estava na base da cadeia alimentar, mas pelo menos, já fazia parte dela.

Pesquisei, estudei, e criei métodos. Fui tão fundo quanto era possível na busca pelo homem mais desejável do mundo, e percebi que era um objetivo impossível. Até que, aos poucos e com anos de dedicação, as coisas começaram a melhorar.

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Em 2019, aos meus 20 anos, tive meu primeiro progresso. Até então já tinha tentado falar com mulheres tantas vezes que o nervosismo natural havia se tornado suportável. É importante dizer também que eu já estava próximo de terminar a faculdade de administração, e estagiava num importante banco.

Se já tinha beijado alguém? Sim, já tinha. E também já tinha feito mais do que aquilo, porém não me orgulho do que fiz visto que o desespero obrigou-me a pagar por algum prazer com qualquer uma que aceitasse meu dinheiro. Mesmo assim, os rápidos beijos em mulheres pouco atraentes à maioria e o único prazer pago de uma noite me foram essenciais. Há coisas que só se aprende com a prática, outras, só com a reflexão, e eu aprendi com os dois.

Não enrolemos mais, contarei como foi meu primeiro sucesso e vocês entenderam as mudanças.

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Praça da Cobra-fumando, Barra do Piraí. Estava eu numa noite comum com o amigo que sempre me acompanhava nas saídas: Elvéquio. O nome da praça era dado pela estátua duma cobra fumando cachimbo que ficava lá desde sempre. O lugar era sofisticado se lembram? Com mesas arredondadas ao ar livre e bares e mais bares.

Durante a noite estávamos tomando cerveja e jogando conversa fora como sempre fazíamos aos finais de semana. Eu vestia blusa social azul-escuro e calça mostarda, com sapato rasteira marrom; o que era demais para a ocasião, eu sei, mas as nossas noites costumavam começar na simples mesa da praça e terminavam numa festa em qualquer lugar. Então já íamos preparados.

Até então só tive relações rápidas e sem sentimentos ou carinhos. Relações frias, que agradam num primeiro momento mas tornam-se insuficientes aos desejos no longo prazo.

Na mesa ao lado da nossa se encontravam duas mulheres que aparentavam a mesma idade. As duas tinham cabelo escorrido preto e pele clara, mas se diferenciavam no corpo e nos belos traços dos rostos. Uma era corpulenta e ligeiramente mais alta, o que sempre foi especialmente tentador para mim. Gostava e ainda gosto das altas, pois também sou alto; e corpulentas, pois talvez eu seja um pouco selvagem em meus momentos. E quanto mais forte a presa, mais nos agrada em caçá-la.

Após tomar o fôlego comum e cruzar olhares com a maior entre as duas, comecei a contar números em minha mente. 1, 2, 3, 4... dei uma boa golada na cerveja e fui. Não estava bêbado, e nem perto disso, apenas não queria desperdiçar a bebida. A contagem sempre me foi útil durante as investidas pois não abre espaço para a mente pensar no que poderia dar errado e, quando dava por mim, a boca já estava aberta esperando a fala e não tinha como voltar atrás.

DON JUAN BRASILEIRO (HOT)Onde histórias criam vida. Descubra agora