capítulo 2

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Yoongi

Bato a porta com força e volto o bar. Por que tudo tem que estar dando errado hoje? Paro em frente ao balcão, apoiando as mãos na pedra fria. Fecho os olhos e, com a cabeça baixa, tento controlar a respiração. "Não foi nada de mais, foi um acidente", repito para mim mesmo, mentalmente. Sei que aquele cara não queria esbarrar em mim e muito menos acabar caído na calçada, coberto de lixo. Mas, porra, porque logo hoje?

Penso que talvez eu tenha sido um pouco grosso, afinal ele não tem culpa da minha família ser uma merda. Desisto de tentar me acalmar. Levanto a cabeça e respiro profundamente uma última vez antes de voltar minha atenção aos clientes que já estão aos montes ao redor do balcão. Quando abro os olhos, a primeira coisa que vejo é a agradável imagem de um rosto familiar.

- Cara você não tá bem hoje, né? - Ele diz, com uma expressão preocupada no rosto. A música já começou a tocar e o barulho da multidão de pessoas gritando para terem seus pedidos anotados faz meu amigo ter que levantar a voz e se apoiar nos cotovelos para se inclinar sobre o balcão e chegar mais perto de mim.

- Já tive dias melhores, mas tá tudo bem. - Respondo, tentando forçar um sorriso e sei que ele não acredita nem um pouco nessa atuação.

- Yoongi, eu conheço você. Seu pai andou te procurando de novo?

Me sentindo derrotado e esgotado, apenas balanço a cabeça em confirmação. Vejo a indignação em sua expressão enquanto me olha, esperando que eu continue a falar.

Quando não falo nada, ele continua:

- Você sabe que não pode dar ouvidos ao que ele diz, né? Seja lá o que ele tenha falado dessa vez, sei que não é verdade e que você deve ignorar. E você sabe também. - A única resposta que consigo emitir ao que ele disse é uma risada irônica e pateticamente triste. Falando assim até parece fácil. - É sério, hyung. Você sabe que seu pai é um merda. Não escuta ele.

- Eu sei. Não escutei ele dessa vez.

Finjo que isso é verdade e ele finge que acredita. Ele continua me olhando enquanto pego um dos pedidos anotados e começo a prepará-lo. Sinto seu olhar me observando o tempo inteiro. Me afasto dele e vou até a ponta do balcão, chamando pelo nome da dona da bebida que acabei de preparar. Quando volto à minha estação, ainda vejo em meu amigo uma expressão cautelosa que me analisa com cuidado.

- Eu realmente estou bem. - Digo, tentando tranquilizá-lo. Ele concorda com a cabeça e comprime os lábios em um sorriso fraco, revelando as covinhas dos dois lados de seu rosto. - É sério, Joon, não se preocupa.

Meu amigo não fala mais nada. Ele apenas se levanta, passa a mão pelos cabelos desbotados e deixa os ombros caírem, se dando por vencido.

- Tudo bem, mas você sabe que se precisar conversar...

- Eu sei. - Sorrio para ele.

Ele sorri mais uma vez, estica a mão para pegar sua garrafa de cima do balcão e sai andando em direção ao sofá mais distante, onde posso ver que estão reunidos alguns dos meus amigos.

As horas passam muito devagar esta noite. Tento ocupar meus pensamentos com qualquer coisa que não seja a conversa que tive mais cedo com meu pai. Faço as bebidas, converso com alguns clientes e distribuo muitos sorrisos fracos e forçados, que parecem convencer à todos de uma maneira que não consegui convencer ao meu melhor amigo.

MoondustWhere stories live. Discover now