24. Ela

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Ela olhava mas, não via nada além de estranhos sorrindo.
Ela ouvia mas, não escutava nada do que gostaria.
Ela não tinha sentimentos, ou pelos menos tentava se convencer que não tinha.
Ela gritava mesmo calada, porquê não queria incomodar.
Ela agia da maneira mais sutil para não chamar atenção.

Para os outros, ela nem existia.
Mas ela sempre esteve ali.
Sendo ignorada.
Fingindo que isso era normal.
Fingindo que não se importava.
Fingindo que não chorava sozinha.
Fingindo que não tinha crises existenciais todos os dias.
Fingindo que não se cortava em lugares não expostos.
Fingindo que não havia tentado o suicídio diversas vezes.
Fingindo que tudo, tudo o que não recebia (como atenção ou carinho) fosse irrelevante.
Fingindo que não sentia o peso das palavras maldosas sobre si mesma.
Fingindo que não precisava de alguém ao seu lado.
Ela precisava mas, não iria admitir. Não para quem não se importava, e na verdade, ninguém se importava então, não tinha pra quem falar ou desabafar.

E o que que aconteceu com ela?..
Digamos que não foi um final feliz.

Rascunhos Deixados De LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora