Capítulo 5

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Ashley

Merda, eu não deveria ter feito isso. Olhei para o lado, onde Will dormia tranquilamente no chão, coberto com alguns lençóis, enquanto eu estava desesperada. Droga! Eu não deveria ter dormido com um garoto que eu nem conheço.

Ontem eu estava em uma festa, quer dizer, um encontro de amigos, eu não sei. Não era exatamente uma festa, mas tinha muitas pessoas, certo, talvez era uma festa mesmo. A Callie que tinha me chamado, ela me deve essa. Eu devo ter ficado bêbada, claro, eu nunca dormiria com esse garoto estando sóbria.

Eu provavelmente estava no quarto dele, ele não divide com ninguém pelo visto. Peguei minhas roupas rapidamente e tentei sair sem acordá-lo, ele provavelmente também dicaria envergonhado, até porque eu não sou a garota que os caras ficariam. Estava fazendo um baixo barulho com meus passos até a porta, só que ele acordou.

— Bom dia. — ele disse, enrolado com um cobertor.

— Oi, eu... não imaginava que acordaria nessa hora. — Realmente, eram cinco horas da manhã, acho que dormimos às duas.

— Meu sono é leve. Pode ficar, se quiser. — Ergui as sobrancelhas.

— Não, obrigada. Já estou de saída. Callie deve estar preocupada. — Duvido que ela estaria preocupada, só era uma desculpa mesmo.

— E desde quando ela se preocupa com alguém? — ele riu. Não sabia que eles se conheciam.

— Ela se preocupa comigo. — sorri, saindo.

Quando cheguei no quarto, vi Callie dormindo como uma estátua, não se mexia. Mas a garota roncava — e como. Também estava cheia de baba na sua boca. Ela acordou enquanto eu estava a observando, limpou a boca molhada e disse:

— Oi stalker.

— Você sabia que você ronca quando dorme? — perguntei.

— Eu não ronco. — ela fechou os olhos novamente. — E como foi a sua noite? Você me deixou sozinha no meio daqueles bêbados.

— Eu não me lembro de nada. — respondi. — Mas seja lá como foi, deve ter sido horrível.

— Ele é bonito, não negue.

— Ele é lindo. — comentei. — Mas eu não sou dessas que fica com qualquer um pela frente. Como você conhece tanta gente nessa universidade?

— Eu nunca te disse que estou no terceiro ano? — Eu jurava que ela era caloura que nem eu.

— Você nunca me diz nada sobre você. — respondi. — Normalmente é só sobre mim.

— Bom, agora você está sabendo.

— Tenho que me arrumar. — fui ao banheiro colocar a minha roupa para ir para a aula.

Quando fiquei pronta, fui andando até a unidade de medicina, que infelizmente é bastante longe do meu dormitório. Estava com um a blusa preta, calça jeans rasgada, um colar e salto alto.

Me encontrei com Melanie, ela estava um pouco animada. Ela acenou para mim e veio em minha direção.

— Acordou com bom humor hoje? — perguntei.

— É, talvez. — ela respondeu. — Eu acho que vou para um encontro hoje. Marcamos ontem.

— Nossa, que ótimo! Enquanto eu transei com um garoto que eu nem conhecia.  — Melanie riu alto.

— Você mudou mesmo! — ela foi parando de rir aos poucos. — Nem parece aquela menina que rejeitava literalmente todo mundo.

— Como se alguém me quisesse. — ri. — Tenho que ir, foi bom te ver.

— Tchau Ash! — Então ambas foram para as respectivas aulas.

Não me lembrava de ser chamada de Ash. Camila que inventou esse apelido quando éramos crianças, mas Melanie também começou a usá-lo. Ninguém mais me chamava de Ash, apenas elas.

*

A aula foi a mesma coisa de sempre, bem razoável. Às vezes me pergunto se realmente quero ser médica, é bastante trabalhoso. Por outro lado, é gratificante salvar a vida das pessoas. Sempre quis ser médica, antes de saber o quão chatas as aulas são, claro.

Enquanto voltava para o quarto, me encontrei com Will, por que diabos eu sempre me encontro com alguém que eu conheço no caminho entre o dormitório e a aula? O destino só pode estar de sacanagem comigo. Virei a minha cabeça, com uma tentativa falha de ele não perceber que eu estava lá.

— Oi. — ele disse. — Está voltando?

— Sim. — respondi, continuando o meu percurso, estávamos andando na mesma direção, e ele estava no meu lado. — Você está me seguindo?

— Não é a única que está voltando para o dormitório. Olha a quantidade de pessoas. — Olhei para o lado, dezenas de pessoas andando na mesma direção que nós estávamos.

— Por que você não anda com alguma dessas pessoas? — perguntei. — Achava que você era popular por aqui.

— Primeiro, — ele começou. — eu não sou popular. E bom, eu estou aqui porque gosto de você.

Eu fiquei calada e continuamos a andar, porém ele quebrou o silêncio que estava entre nós.

— Mas pelo visto você me odeia.

— Ei! — respondi. — Eu sou incapaz de odiar alguém. Bom, depende. Mas eu não te odeio, o que te faz pensar assim?

— Bom, desde o começo do dia você anda me evitando. Não trata as pessoas assim, trata? Se tratar, você deve ser uma pessoa bem insuportável.

— Me desculpa, mesmo. Eu estava com vergonha, sabe? Saiba que eu não sou assim. Digo, não apenas no comportamento, mas eu não fico com a primeira pessoa que eu vejo.

— Você estava bêbada. — ele riu. — Eu também, nem pensei direito.

Finalmente cheguei no dormitório, aquilo estava estranho demais. Entrei no quarto, mas me deparei com Camila deitada na minha cama.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, assustada. — Quem te deixou entrar?

— A colega de quarto. Quem mais deixaria? — ela respondeu, em um tom irônico. — Eu bati na porta, ela abriu, disse que estava de saída e pediu para que eu entrasse e te esperasse. Como ela sabe que eu sou sua amiga?

— Eu não faço ideia. — respondi.

— Agora me diga o que aconteceu na noite passada. Ele é bonito?

— Não me fale que foi a Melanie que te disse. — Ela fez um sorriso torto.

— Então né... Mas me responda, você era virgem antes dele?

— Não acha essa pergunta um pouco íntima demais? — perguntei.

— Tem razão, desculpa. — ela riu.

— Quer almoçar no Bell's agora? — mudei o assunto. — Estou morrendo de fome.

— Vamos. O que estamos esperando?

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⏰ Última atualização: Jun 20, 2019 ⏰

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