Hoje Luke não está nem um pouco atrasado. Ontem o primeiro dia de trabalho foi um sucesso. Ele chegou bem na hora, fez amigos e se saiu bem no que tinha que fazer. Hoje acordou mais cedo, mas tranquilo e relaxado para mais um dia. A única coisa que o atormentou nas últimas horas foi o fato de não ter dado atenção ao cachorro da casa do ponto de ônibus.
Ele tentou reconfortar a si mesmo dizendo que não o fez por medo do cachorro morder, do ônibus passar direto, ou do cachorro ser alérgico a queijo, mas no fundo ele sabe que não fez nada por se sentir incapacitado e com vontade de chorar. Agora, ele está fazendo o caminho até o ponto de ônibus mais uma vez porque sabe que não tem escolha, e mesmo se tivesse, não é certo que fuja de um cachorrinho. Hoje ele até consegue ver a vantagem de dividir o ponto com o cachorro; é um cachorro. E cachorros são gratificantes, apesar dos apesares.
Chegando no ponto cerca de 20 minutos mais cedo do que havia chegado ontem, a primeira coisa que fez foi olhar o quintal atrás do portão e para sua surpresa não encontrou nenhum cachorro pequeno, levemente peludo e de cor creme. Não encontrou nada. Mas tudo bem também, não devia se importar tanto assim.
Ele retira a sua mochila das costas, alongando brevemente seus ombros que carregavam o peso e afastando as tensões. O ponto estava vazio mais uma vez e isso lhe dá a liberdade de deixar sua mochila no banco e levar a mão até o bolso para buscar o celular, mas no meio do caminho um latido o assusta. Ele já sabe muito bem da onde esse latido vem. Seu corpo gira até estar de frente com o portão e atrás do mesmo está o adorável cachorro na mesma posição do dia anterior. Ele late de novo de modo estridente e Luke o interpreta como "Você não pode me ignorar de novo, humano!". Pode escutar perfeitamente o cachorro lhe dizendo isso quando o encara.Luke deu uma rápida conferida na casa; janelas escuras e fechadas, quintal silencioso, nenhuma movimentação. E sem hesitar mais, resolveu se aproximar sorridente do cão, enfiou sua mão sem medo através do ferro escuro do portão e deixou o cachorrinho cor creme lamber seus dedos. Ele ri com a sensação e se abaixa o suficiente para olhar o animal bem de perto, deliciando-se com a imagem adorável diante dos seus olhos. Ele sente tanta a falta de sua cadelinha... No fundo, ele sente. Mas agora, sente-se mais confortado do que qualquer coisa.
"Qual o seu nome? Qual será o seu nome?" Pergunta em voz alta, tocando delicadamente o pequeno focinho. "Me desculpa por ontem. É um prazer conhecer você, é, é sim..."
A cada palavra melosa que Luke solta o cachorrinho parece se afobar mais, balançando o rabo, girando, latindo e tentando lamber os dedos do rapaz, tudo isso ao mesmo tempo. Hemmings só consegue sorrir e murmurar elogios sinceros.
A alguns metros da adorável cena, escondido atrás de uma janela de vidro escuro, olhos verdes opacos e profundos gravam cada detalhe do momento. Sabe que o garoto loiro não pode vê-lo alí por causa do vidro filmado, então apenas relaxa e observa com um quase sorriso vacilando em seus lábios avermelhados pois ele sabe que essa cena fará a diferença no resto de seu dia. Apertando sua xícara de café forte em uma das mãos grandes, o dono do cachorro assiste o belo garoto do outro lado da janela até ele se levantar meio desengonçado, pegar a mochila e correr atrás do ônibus que quase o deixou para trás.
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Southy. •Muke Clemmings•
FanfictionLuke acaba criando afeição por um adorável cachorro que vive em uma casa a caminho de seu trabalho. Já o dono do cachorro acaba criando afeição pelo adorável Luke.