Victor

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- Eu não aguento mais ter que assinar sua liberação em hospitais, Victor - Cassie reclama, ajeitando o travesseiro embaixo da minha perna direita - Parece que toda vez que você decide se exercitar, um acidente acontece. Da outra vez, você quase foi atropelado, agora isso...

- Não é algo que eu goste muito, acredite - me mexo na cama, procurando uma posição melhor - Não é como se fosse a minha culpa que a coleira do cachorro se enroscou nas minhas pernas.

Hoje, Cassie e eu comemoramos um ano de namoro. Depois de tudo que passamos até ficarmos juntos, planejei uma noite perfeita. Ao sair do trabalho, ainda estava um pouco nervoso e decidi dar uma corrida na orla de St. Kilda. Esse tipo de exercício sempre me relaxa.

Porém, não contava que uma babá de cachorros perdesse o controle de um São Bernardo e saísse correndo livremente. A correia de sua coleira se enroscou nas minhas pernas, me fazendo cair e resultando em um tornozelo torcido.

- Me desculpe - começo - Sei que não foi assim que você planejou passar nosso aniversário de namoro.

- Tudo bem - dá de ombros - Teremos muitos outros para comemorar. O importante é que você apenas torceu o tornozelo.

- Me sinto como se tivesse sabotado meus planos - bufo.

- Que eram...

- Você realmente não entende o conceito de surpresa, Sherlock.

- Você sabe que eu fico me remoendo de curiosidade. Além do mais, como você vai ficar de repouso pelos próximos dias, nada mais justo do que me contar - cruza os braços, numa expressão frustrada.

- Sabia que você está linda hoje? - comento, mudando de assunto.

- Somente hoje? - responde, com um ar travesso.

- Você sabe que não, mas há algo de especial hoje - falo, a analisando da cabeça aos pés enquanto tento esconder um bocejo.

Cassie está usando um vestido branco rodado, com a barra decorada com flores. Seus cabelos ruivos estão amarrados em um rabo de cavalo, suas sapatilhas são brancas e está com um lenço vermelho amarrado no pescoço. Todo o conjunto a faz parecer ter saído de alguma película que se passa nos anos 50. Comento esse meu pensamento, o que a faz ruborizar.

- OK.. acho que os remédios para dor já estão fazendo efeito - diz, sorrindo, passando os dedos nos meus cabelos.

- Não est.. - sou interrompido por um longo bocejo - Ok... talvez estejam.

- Vou te deixar descansar - me dá um selinho e se levanta.

- Onde você vai? Eu preciso de acompanhamento 24hs - indico o espaço ao meu lado na cama.

- Depois a rainha do drama sou eu. Descansa - e sai, fechando a porta do quarto.

Acordo algumas horas depois, ouvindo uma melodia. Olho no relógio e vejo que são um pouco mais de nove da noite. Meu tornozelo já não dói tanto, mas preciso usar uma muleta que o hospital cedeu para que eu não colocasse peso em cima do tornozelo imobilizado.

Ao sair do quarto, escuto Cassandra cantando, acompanhando uma canção que está tocando em algum filme. Chegando na sala, reconheço como sendo Um Mundo Ideal, de Aladdin. Apoio a muleta no sofá e me sento ao seu lado. Até gosto do filme, mas ignorei a película ao ver sua expressão

- Você está chorando? - pergunto, preocupado.

- Não! - responde, com um ar de ofensa - Você está! - acusa, passando a mão na face.

- Entre nós dois, não sou eu com lágrimas no rosto - me acomodo melhor no sofá para ficar de frente a ela.

- OK! Estou chorando! Satisfeito? - limpa o rosto com a costa da mão.

A Louca Problemática do Nosso AniversárioOnde histórias criam vida. Descubra agora