Prólogo

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O som dos gritos ecoava pelo grande salão de Doram, mais de trezentas bocas gritavam em comemoração pela aliança entre os três reinos, mas uma pequena tenção estava no ar, os três reinos nunca haviam se reunido, mas Duncan tinha conseguido convencer a rainha Liana e o rei Pedro a parar com as hostilidades.

O resultado era visível no grande salão, com mais de trezentos magos de elite reunidos para celebrar a união com aqueles que até pouco tempo atrás eram inimigos, mas o medo e a desconfiança ainda permeavam o coração dos magos.

Duncan se preparou para falar, para voltar para a frente daquele contingente de magos e convidar o rei Pedro e a Rainha Liana para se juntarem a ele para selar o pacto entre os três reinos. Ele deu três passos a frente do seu trono sorrindo e se preparou para convidar os reis para se sentarem nos tronos ao lado do seu, mas ao dar o quarto passo uma mão surgiu na frente dele e o empurrou com violência para trás.

Uma explosão foi ouvida e o salão inteiro tremeu, os gritos de traição ecoaram por todos os lados, e as explosões de magia começarem a se fazerem ouvir. Duncan não sabia o que estava acontecendo, mas se levantou rapidamente e viu Mael em sua frente, com sua espada emanando energia em punho e gritando para que os outros soldados se afastassem.

Duncan se desesperou, ele não tinha permitido que seus magos participassem da comemoração, e fez isso para mostrar sua confiança nos outros reinos, para mostrar que acreditava na aliança que poderia ser formada, mas ali estava ele diante de mais de trezentos magos inimigos, logo atrás do capitão da guarda real.

Duncan sentiu um arrepio e se virou para a esquerda, um mago corria na direção dele com a mão direita levantada e conjurava uma magia que fazia a mão dele brilhar com energia. O rei não teve tempo de reagir, um raio de energia azul disparou da mão do mago e estava a centímetros do rosto do rei, mas uma mão enluvada desviou a magia para longe com um tapa.

O assassino apareceu na frente do Duncan como se tivesse simplesmente surgido ali, sua capa negra ondulando atrás de si como se fosse uma sombra, sempre silenciosa e esguia, protegendo seu portador como uma verdadeira sombra faria. O assassino foi tão rápido que Duncan não conseguiu ver o movimento com os olhos, a magia que o mago inimigo tinha lançado parou momentaneamente na frente do assassino como se tivesse batido contra uma parede, então mudou de direção e se voltou contra o mago inimigo que foi atingido e explodiu em chamas.

Duncan viu que o braço do assassino estava estendido e percebeu que ele tinha cortado a magia, devolvendo-a contra o mago inimigo. O assassino virou a cabeça e encarou Duncan com um olhar calmo e penetrante e tirou o rei do torpor que o havia dominado, fazendo com que Duncan puxasse sua própria espada e partisse para a batalha.

O caos tinha dominado o ambiente, mas uma coisa era evidente para qualquer um que observasse, principalmente para os três que estavam na frente dos tronos, os magos estavam lutando entre si em sua maioria, mas uma grande parte deles estava atacando Duncan, Mael e o assassino. Mael se defendia com dificuldade, os ataques vinham de todos os lados e as magias eram certeiras, mas ele ainda conseguia rebater a maioria delas com sua magia de total. O rei também estava conseguindo lutar, tinha saído do torpor e estava usando sua magia mais poderosa para lutar, seu poder de predição e aumento de habilidades físicas o tornavam um inimigo difícil de acertar.

O assassino estava se saindo melhor que os outros dois, seus olhos roxos eram a última coisa que seus inimigos viam antes de sentirem o gosto do aço. O assassino possuía uma habilidade única, algo que o tornava extremamente poderoso contra qualquer tipo de mago, algo que o transformava em um ser mortal. Ele decepava membros, cortava cabeças e esfaqueava qualquer um que surgisse em seu caminho, nenhuma magia conseguia atingi-lo, mas ele não estava conseguindo lutar e proteger Duncan ao mesmo tempo, ele sentia que as forças do rei estavam falhando, ninguém conseguiria aguentar aquela quantidade de magia.

O assassino passou seus olhos rapidamente pelo salão de Doram e viu que a carnificina só aumentava, as paredes eram fortificadas com magia e não poderiam ser destruídas, Duncan estava encurralado contra seu trono, Mael estava preso contra o outro trono e lutava desesperadamente, mas o assassino tinha sido tomado por uma calma mortal, a mesma calma que precede uma grande tempestade que todos sabem que vai trazer a morte consigo.

Naquele momento ele soube o que tinha que fazer, mesmo que eles conseguissem sair com vida a aliança entre os três reinos estaria arruinada, Duncan seria atacado pelos dois reinos de uma única vez ou seria derrubado do trono pelos próprios cidadãos do reino. Só havia uma coisa a ser feita e o assassino sabia disso, sabia que aquela seria sua última batalha, a última vez que levantaria suas espadas.

Seus olhos roxos brilharam quando ele viu que um raio de energia vermelha furou as defesas de Duncan, um raio que combinava o poder de oito magos de elite e que não poderia ser parado. O tempo desacelerou, o assassino respirou fundo e correu, seus pés mal chegaram a tocar o chão e ela já estava na frente de Duncan levantando sua espada negra e cortando a magia. O raio de energia empurrou o assassino para trás, mas ele gritou e colocou toda a sua força na espada e devolveu a magia contra os magos.

Ele não olhou para ver o que aconteceu, não tinha nem um segundo para desperdiçar, então girou sua espada negra e a cravou no chão em sua frente, puxou uma de suas adagas e fez um corte profundo em sua mão, logo depois puxou sua outra adaga e abriu os braços estendo as adagas para os lados.

Um círculo mágico se formou logo abaixo de seus pés, ele sentia seu sangue queimar e seus músculos se retesaram até começarem a rasgar a pele, então ele gritou de dor e ódio. O chão abaixo dele se estilhaçou como se fosse vidro e uma onda de energia negra percorreu a sala destruindo qualquer magia que estivesse sendo utilizada.

O assassino sentia tanta dor que mal conseguia se manter consciente, mas o peso do dever o fez manter o foco naquilo que precisava fazer. Ele se abaixou lentamente flexionando os joelhos e então simplesmente sumiu no ar. Mael foi atingido no peito e foi arremessado até o outro lado do salão como se não fosse nada e o rei tentou correr até seu amigo, mas foi atingido por um chute no estômago e foi jogado para cima, o assassino desferiu dois cortes tão rápido que o sangue mal teve tempo de espirar. A garganta do rei foi cortada assim como sei peito, ele sentiu seu corpo amolecer e a magia ser sugada dele, então caiu no chão sem acreditar no que estava acontecendo.

O assassino olhou uma última vez nos olhos do rei, o encarrou com uma tristeza profunda no olhar e o rei entendeu o que ele queria falar, mesmo sem precisar que uma única palavra fosse proferida, Duncan entendeu o que o assassino faria e se desesperou mais uma vez, mas já era tarde demais para qualquer coisa.

Os corpos caíram no chão, de um a um os magos foram caindo, o sangue espirou e manchou as paredes, escorreu pelo chão como um rio infernal e tomou todo o grande salão. As portas duplas foram destruídas e arrancadas das dobradiças, os gritos dos soldados de fora do salão foram ouvidos, mas até mesmo esses cessaram após um tempo.

Nem um único mago restou, os trezentos jaziam no chão afogados em seu próprio sangue com seus olhos voltados para o nada, como se o Deus da Morte tivesse passado pelo recinto com sua foice e ceifado todas as vidas ali presentes, deixando apenas a destruição para trás no nome de um assassino que jamais seria esquecido.

O assassino do rei - Primeira parteWhere stories live. Discover now