Prefácio

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2021| Long Island/NY - Estados Unidos | Camp Half - Blood |segunda - feira.
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Mitologia, simbologia, feitiços e bruxaria. Demônios e divindades. Ritos e rituais. Envolvem-se numa aventura fantástica, às vezes onírica ou até mesmo louca, na busca incessante da percepção dos opostos.

Desconhecido.

O crescimento da criança é algo inevitável e infelizmente, é um misto de emoções diante da figura materna, já que se finaliza uma fase e se inicia outra. O tempo parece passar rápido, as horas parecem minutos e os minutos, milésimos. De crianças a brincar com bonecas e carrinhos, dormir com a mãe e ter noites com a família, a pré adolescentes e adolescentes rebeldes. As brigas e fugas de casa se tornam frequentes, só o fato de discordar de sua mãe te trazia um ato de independência e bom, era totalmente mentira, só era uma forma camuflada de perda de tempo com a família e memórias, pois ao invés de estar guardando memórias incríveis, estamos guardando arrependimento. Aprendi isso da pior maneira com o acidente de carro de minha mãe, que veio a ser fatal. Crescemos apenas nós duas e ao meu ver, eu estava sozinha. Bom, foi o que eu pensava. Uma carta que minha mãe havia deixado esclarendo o paradeiro de meu pai. De princípio, pensei que fosse brincadeira já que ela sempre fora uma mulher divertida. Filha de Hades? Impossível.

Primeiramente; Hades era um deus grego, deus do submundo, um dos piores deuses existentes.
Segundo; mitologia grega eram crenças, ficções, como se fosse um mundo alternativo, como se fosse a Marvel, não é?
Terceiro; Não existe. Bom, era o que eu pensava até um dia ser quase virado comida de um minotauro, monstro no qual eu pensei que fosse totalmente mitológico. O surto foi tão grande que lembro que quando cheguei em casa, me tranquei em meu quarto e praticamente voei para o computador procurando sintomas de loucura mas definitivamente, aquilo não estava no Google. Eu estava a sucumbir a loucura, porque não entrar no jogo da minha mãe e procurar esse tal acampamento que minha mãe tanto falou na carta? Então, cá estou eu. A um ano, no acampamento meio sangue.

Todo verão era a mesma coisa, chegavam jovens de todo mundo com histórias parecidas, ou nem tanto. Alguns tinham a sorte de não ter perdido um de seus pais e estão ali apenas por ter começado a desenvolver seus poderes de uma forma mais rápida. Era minha casa agora e eu não podia reclamar de nada, tinha pessoas com que amava e bom, outras a quem odiada. Eu não era a queridinha do acampamento, muito pelo contrário, as pessoas achavam que eu poderia ser a cópia do meu pai. As vezes, eu sentia vontade de esfregar na cara deles que meu pai não era o que falavam, mas com tantas histórias espalhadas durante séculos, o que uma garota de dezessete anos faria para convencê-los do contrário?


" Acorda, garota. Tá viajando aí? " Lamar, filho de Hermes, soltou uma risadinha leve. Ele tinha uma expressão amigável em seu rosto, o que me fez sorrir de imediatos. Segurei em sua mão e tomei impulso, levantando-me.

" Estava apenas a divagar, pensando nos últimos acontecimentos, no último ano e principalmente na morte da minha mãe. " Murmurei tristonha. A saudade certamente era um dos piores sentimentos existentes no mundo.

" Eu a entendo e saiba que sempre estarei aqui, loirinha. " Soltou um sorriso reconfortante, colocando sua mão em meu ombro. " Agora vai, Dionísio está lhe chamando no chalé principal. " E me deu dois tapinhas em minhas costas, me fazendo revirar os olhos e seguir até o local indicado.

O caminho até o chalé principal foi calmo. Não era de muita socialização então apenas movimentei a cabeça em forma de cumprimento para alguns conhecidos, nada fora do normal. Minhas melhores amigas certamente deveriam estar por aí fofocando enquanto eu, bom, estava prestes a entrar no chalé. Dei duas batidinhas e entrei, puxando uma cadeira e me sentando a sua frente. Passei a língua em meus lábios e enfiei as mãos dentro dos bolsos da jaqueta jeans e deixei que o mais velho se pronunciasse.

" Preciso de um favor seu. " Murmurou. Eu abri a boca para responder mas fui rapidamente cortada. " Está para chegar um novo semideus. Filho de Apolo, preciso que mostre como funciona o acampamento, as regras e os chalés. "

Encaro a parede do chalé, pensando seriamente se faria isso ou não. Ele sabia que eu não era uma pessoa sociável, mas certamente se negasse seria pior.

" Certo, como é o nome dele? " Perguntei ao me levantar, colocando a cadeira no lugar.

" Krystian Wang " Dionísio respondeu, dando um leve sorriso. " Seja legal. "

Revirei levemente meus olhos e segui para entrada do acampamento, me sentando no chão e encostando minhas costas em uma árvore. O garoto que passou pelo portão mágico do acampamento era de fato, peculiar. Suas roupas eram luxuosas mas de maneira estranha, já que ele usava um conjunto da Gucci, calção e camiseta, maior que ele, meias pretas até as canelas e tênis. Billie Eilish impact. Me levantei e caminhei em passos lentos até o garoto, coçando garganta até ter a atenção do garoto. Sorri ladino e o levei até seu chalé, para que deixasse suas malas e após isso, levei para conhecer o acampamento. Como já estava perto do toque de recolher, o levei até seu chalé novamente e me despedi, dando as costas e caminhando, mas parei no caminho e virei, já que ele havia perguntado quem seria eu. Sorri e passei a língua entre os dentes, passando a mão em minhas madeixas antes de enfiar as mãos novamente no bolso da jaqueta, balancei a cabeça algumas vezes e sorri.

" Sina Deinert, filha de Hades. "

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