O vendo uivava na janela. O relógio de mesa indicava meia noite. Um som brusco vindo do andar de baixo como se o vento que fizera aquela noite estivesse tentando invadir a residência dos Oliveira.
BOOM!!
Mais uma vez o som brusco bate à porta.
- Querida, vou descer e ver o que está acontecendo. - diz Jorge enquanto se levante da cama com mal humor no rosto.
- Sim, querido. - responde Lilian, sem preocupação no rosto.
Enquanto levanta lentamente pensando se deveria ser Marcos mais uma vez atrasado. Jorge e Lilian não sabiam de vida de Marcos, mas notaram que ele ultimamente saia com uma garota estranha e bela.
Como qualquer pai normal, Jorge deveria mostrar orgulho de seu filho por ele está namorando uma garota tão bela quanto Lyla. Só que, como era de costume, Jorge era um pai horrível. Não havia como imaginar o jeito que ele tratava as crianças do consultório de pediatria.
Suas mãos gélidas, como quem acabara de segurar um cubo de gelo, tocam o corrimão da escada. O vento invadia a casa pela fresta da porta causando um som agudo como um uivo suave de um filhote de lobo.
TOC TOC!
O som de socos invade seus ouvidos de um modo repentino. Um ar gélido invade seus pulmões. Havia se assustado com o barulho.
- Quem está ai? - indagou tentando demonstrar imponência em sua voz grave.
- Ninguém respondeu.
- Quem ESTÁ ai. Enfatizou enquanto pegava sua vara de pescar encostada na subida da escada.
- Pai... - uma voz fria com tom de tristeza surge de trás da porta de entrada.
- Ah meu Deus, Marcos. - resmunga Jorge parecendo estar furioso enquanto abre a porta - você me assustou!
Sem se desculpar ou ao menos dizer uma palavra, Marcos aparece como uma silhueta negra diante de seu pai. A luz do crepúsculo que iluminava a noite o fazia parecer uma sombra parado diante do homem que chamara de pai.
- Vamos, Marcos, entre. - ordenou a seu filho.
Marcos continuou ali parado. Não era possível ver as manchas de sangue de Lyla, Luis, Igor e Carlinhos.
Jorge franziu o cenho. Não entendia a razão de Marcos continuar ali parado.
Vamos, filho, entre. - põe a mão no ombro de Marcos quando tem a pior sensação que já sentiu.
O frio toma todo seu corpo. Um liquido ainda quente escorre por seu abdómen. Havia sido esfaqueado, por seu próprio filho. Sua camiseta verde começa a ficar completamente tomada por todo aquele sangue.
- Filho? - com os lábios tremendo de frio ele não entende a razão - Por que?
Marcos ainda em silencio passa seu brinquedo preferido na garganta de Jorge que não tem tempo de gritar ou emitir qualquer som. Enquanto a Luz deixava seu olhar e ele caia lentamente tentando, com suas últimas forças, gritar para avisar Lilian, que o aguardava na cama. Era demasiado tarde para tal feito, pois a luz da vida havia deixado seu corpo de carne.
O vento continuava a uivar pela janela do quarto do casal. Lilian ouvira passos Lentos subindo as escadas, degrau por degrau. "finalmente Jorge voltou, posso dormir em paz", pensou.
Sem imaginar o que estava acontecendo, ela se vira de lado, fecha os olhos e tenta cair no sono enquanto espera seu marido abrir a porta do quarto.
Segundos se passam.
- Você jaz em silêncio dia te de mim.
Uma voz suave e fria percorre em sua cabeça. Era Marcos ensanguentado dizendo tais palavras. Lilian tenta se levantar ao ver tal cena.
Seu filho ali, diante dela com facão em sua mão direita, suas mãos e suas roupas manchadas com um liquido vermelho espalhado por todo seu corpo. Lilian tenta grita, mas é interrompida por uma facada que invade seu peito esquerdo. E então, com o olhar de pavor ela fita seu filho a observando morrer com os olhos negros e uma expressão vazia no rosto. Lagrimas escorrem do rosto de Lilian.
- Suas lagrimas não significam nada pra mim. - Marcos continua enquanto o vento gélido e a luz do crepúsculo da meia noite invadiam o quarto - O amor que você nunca me deu, eu dou a você.
Lagrimas e mais lagrimais continuam a invadir todo o rosto de Lilian. E Marcos continua.
- Você realmente não merece, mas agora não há nada que eu possa fazer. Então durma na sua única recordação de mim, querida mãe.
Marcos sem demonstrar nenhum remorso. Põe sobre a mesa de cabeceira uma caixinha de música que Lyla lhe dera a três noites passadas e a coloca para tocar uma música. Uma bailarina surge e um som suave de piano começa a invadir o local e de forma bem fraca, os ouvidos de Lilian. Então Marcos continua a seu discurso.
- Aqui está uma canção de ninar para fechar os seus olhos em adeus. Sempre foi a mim que você desprezou. Eu não sinto o suficiente para chorar por você, mãe. E aqui está uma canção de ninar para você fechar os olhos em ...
Lilian fecha os olhos antes de Marcos pronunciar a última palavra. A vida havia à deixado.
Marcos ainda com o olhar frio e expressão de vazio deixa o quarto enquanto ouve os sons das viaturas que estavam o caçando por todos aqueles crimes. Crimes que marco cometera talvez sem motivos, talvez com motivos. Seria muito complicado de intender o que se passava no subconsciente de Marcos. Nenhum ser humano compreendia suas razões, que talvez, foram movidas por emoções. Emoções, que com total certeza, haviam deixado Marcos daquele dia em diante, pois ele nunca mais sentiria compaixão, remorso, ou até mesmo, amor...
Não se pode compreender a mente de um psicopata. É um labirinto infinito que o próprio se perde no interior sem compreender a si mesmo.