Inferno

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Andado entre os corredores da mansão de forma rápida, consigo ver pelas grandes janelas os empregados servindo os convidados.

Chego em meu quarto, onde fecho a porta de forma silenciosa e a tranco. Sento na cama e desabo.

Não é tão comum quererem me matar no funeral dos meus pais, mas desde que soube da morte dos dois, sabia que eu seria o alvo principal, mas não pensei que tentariam se livrar de mim logo no funeral deles.

Apoio meu cotovelo nos joelhos onde estendo minha cabeça entre as mãos, chorando descontroladamente.

Me sinto traído. Traído pela própria família. Papai já falava que depois que ele morresse não se era para confiar na família. Achei que era bobagem. Meus primos com quem brincava desde a infância, hoje no funeral dos meus pais, tentaram me invenenar

Se não posso confiar na minha própria família em quem deveria confiar? Queria tanto morrer e ficar ao lado de meus pais, só eles são a minha família. Mas essa ideia de morrer logo sai da cabeça quando lembro do trabalho duro que papai e mamãe deram para conseguir o que agora é meu. As noites em claras que papai ficou tentando resolver conflitos da corte, ou mamãe que ficou o ajudando e até mesmo passando por situações de riscos quando foram firmar paz com as terras vizinhas.

Quero viver e conseguir governar e administrar a família, assim como meus pais o fizeram. Não vou deixar que ratos imundos que eu chamava de família, governe e consigam o poder de mão beijada.

Quero tanto me vingar desses que hoje se rebelaram contra o mesmo sangue em busca de poder.

Paro de chorar quando ouço batidas na porta. Me levanto desconfiado e antes de perguntar quem é percebo um movimento entre as cortinas.

A janela está fechada para ser vento. Pego uma faca que deixei debaixo do meu travesseiro, onde roubei da cozinha ontem de noite para me proteger, vou em direção a janela e pego as cortinas já preparado para atacar.

Não há nada entre as cortinas roxas de meu quarto, solto um suspiro de alivio e solto uma pequena risada. Estou tão paranoico assim, com medo de ser morto?

- Primo? Está ai? – ouço a voz de meu primo Kwan soar por de trás da porta, logo a maçaneta girando – Por que trancou a porta? Está tudo bem?

- Está sim. – coloquei a faca de volta, debaixo do travesseiro – Estava me trocando – menti.

Fui em direção a porta onde a destranquei, vendo Kwan com um sorriso nos lábios.

Kwan foi um dos meus primos preferidos, não por ser bonito, mas sim porque sempre fora gentil comigo, gostava de brincar comigo quando criança, e quando crescemos ele escutava com atenção meus desabafos.

Kwan sempre foi lindo, com seus olhos e cabelo castanhos, um corpo bastante atraente, alto e que se destacava dos outros primos e homens que conheci. Ao longo dos anos nosso relacionamento se desenvolveu também, não sendo apenas primos, mas “amantes”, onde trocávamos beijos e até nos divertíamos na cama, sem ninguém saber.

- Por que não me disse antes? – deu um sorriso de canto, fechando e trancando a porta atrás de si, logo se aproximando de mim.

- Kwan não estou no clima hoje – me afastei, indo até o criado-mudo ao lado da cama pegando minha gravata.

- Faço ficar rapidinho – sussurrou no meu ouvido, me virando de frente para ele, onde me empurrou na cama.

- Kwan é sério, hoje é o fune... – fui interrompido com seus lábios selando os meus, senti uma de suas mãos tentando desabotoar os botões de minha camisa social branca.

Ele interrompeu nosso beijo e foi trilhando beijos molhados até meu pescoço, um dos meus pontos fracos. Seus dedos pararam de desabotoar minha camisa.

- Sabe, primo. Você é tão ingênuo, eu amo isso. – Sussurou a última frase perto de meu ouvido, logo mordendo meu lóbulo. Suas mãos foram para meu pescoço, o apertando forte.

- Mas as vezes, isso pode ser um problema. – Completou, quando me viu arregalar os olhos.

E mais uma vez traído, por quem eu nunca imaginaria. Senti meus olhos arderem, as lagrimas já faziam presença em meus olhos e agora nas laterais, escorrendo.

A falta de ar já se fazia presente, minha garganta ardia, meus pulmões nem ao menos conseguiam implorar por ar. Levei meu braço esquerdo para de baixo do travesseiro onde consegui alcançar a faca e a levei para as costas de Kwan, este que urrou de dor, perdendo o equilíbrio e caindo por cima de mim.

Puxei ar depressa, conseguindo ouvir minha respiração acelerada e ainda sentindo minha garganta arder. Kwan me olhava com ódio, me levantei segurando na cabeceira da cama e senti um puxão de cabelo.

Mesmo com a faca ainda em suas costas, Kwan ainda tinha o dobro da minha força, cai na cama novamente, agora com Kwan tentando me dominar, o que logo aconteceu.

Estando debaixo dele novamente, tentei gritar o que foi em vão já que ele dessa vez pressionou minha traqueia, tampando de vez toda passagem de ar, meus olhos começaram a pesar, eu estava agitado por dentro, conseguia sentir meu pulmão arder, minhas memórias passando em desordem por minha cabeça e então meus olhos se fecharam, não conseguindo captar nenhum barulho ou ruído, apenas sentindo minha boca seca e como se a força fosse se esvaindo do corpo.

!!!!!

Capa por: lovelessyuu

Obrigada por lerem até aqui.

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