— NÃO! — O grito de dor que sai da boca de Lívia, não pode ser comparado a nada nesse mundo. — Meu filho não! — A mãe segura o caixão branco do filho assasinado aos 6 meses de vida.
O menino parece um anjo dormindo.
O pessoal da mortuária teve muito trabalho para que a criança pudesse ser velada com o caixão aberto. O pequeno Athos foi sequestrado na última sexta-feira. Era uma noite de lua cheia.
O menino foi achado às seis horas da manhã, deitado em folhas de carrapateiras verdes, dentro de um círculo feito com mel, velas pretas, vermelhas e coberto com muito sangue.
O sangue que estava sobre o menino desmembrado era de um bode marrom que estava degolado ao lado dele.
Mateus tenta cobrir Lívia com seus braços, mas ela o empurra para o lado, e abraça o caixão branco em sua totalidade.
Quando o funeral acaba, todos seguem para suas casas. Lívia chega e fica parada diante de um berço vazio.
Mateus sem piscar os olhos, apoia as palmas das mãos sobre a mesa redonda e olha para uma fruteira sem frutas, mas cheia de contas atrasadas.
De repente ele sente suas entranhas remexerem... como quem vai vomitar. Mas o que sai é sangue vivo.
Dizem que nos últimos momentos da vida, um filme passa diante dos olhos.
A única coisa que Mateus vê passando diante dele, é o exato momento em que ele deixou uma menina de quinze anos ler sua mão, na feira onde ele tem uma barraca que vende frutas e legumes, lhe dizer:
"A partir de hoje conte cento e oitenta dias. Eu vejo um bode morto na faca para você e outro para o fruto que não é teu. Ache os bodes. Ache a mulher."
Ele vê a mensagem dentro dos olhos dela... olhos estes, que tinha um verde que ele jamais voltaria a ver.
Mateus cai de joelhos cuspindo mais sangue. Ele abraça o abdômen, que contorce como se algo vivo andasse dentro dele.
É tanto sangue que sai do homem, que lava a mesa. Na verdade, se temos seis litros de sangue, eles acabam de lavar a cozinha.
Ela olha para Mateus, que desesperado tenta colocar de volta o sangue para o seu corpo.
Lívia assiste o marido morrer, no mesmo dia que enterraram seu filho.
A cidade de Areia Preta prospera como um pólo industrial na confecção de roupas, e também por está perto de Caruaru.
Porém nos últimos cinco anos, Areia Preta vem passando por um período muito tenebroso.
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O BALIDO DOS VIVENTES - Terror One-Shot - Lançado Sexta-feira 05/07/19
Short StoryNunca deixe o bode balir na sua janela! Um infanticídio brutal. Um esposo que teve sua vida ceifada ainda jovem. Uma cidade que fez justiça com as próprias mãos. Um bode aparece como prenúncio de novas desgraças. Uma jovem bruxa... O Balido dos...