Os gases e fumaça lentamente se dissiparam, revelando um semblante pálido e ressecado. Era um garoto, aparentava ter mais ou menos 17 anos, seu cabelo era médio de cor negra contrastando com sua pele branca como uma nuvem. Depois de alguns momentos o encarando, percebi que os seus olhos estavam começando a se mexer, instintivamente me afastei, ao lembrar de como fora quando eu mesma havia acordado.
Ouvi uma tosse seca e ríspida, e depois de alguns segundos vi a sua mão se apoiar na borda da câmara. Aos poucos, ele foi se levantando, quando finalmente pude ver o seus olhos. Eram cinza, como a cor do céu na hora em que eu havia despertado. E como eu esperava, ele vomitou logo após isso, ainda bem que ele não mirou em mim. Acho que ele ainda não estava sóbrio o suficiente para ter notado minha presença, ele parecia bastante confuso. Assim que ele levantou a sua face e limpou a boca após vomitar, ele me encarou por alguns segundos com um olhar sem nenhuma expressão, acho que ele ainda não estava totalmente senciente. Nós nos encaramos por cerca de 5 ou 7 segundos, que pareceram horas, sem dizer nada um para o outro. Uma brisa fria entrou pela fresta por onde eu havia entrado e nos atingiu em cheio, logo após, ele pareceu finalmente ter acordado totalmente, foi ai que ele esboçou um olhar de espanto e me olhou de cima a baixo enquanto parecia tentar pegar algo em seu bolso e ao mesmo tempo tentava se afastar usando as pernas que ainda estavam fracas, e finalmente eu pude ouvir sua voz.
- Q-Quem é você? - A voz dele era jovial e ao mesmo tempo profunda, ele não estava falando pra dentro.
- Eu? - respondi.
- Tá vendo mais alguém aqui?
- Err, como eu posso explicar isso?
- Onde é que eu estou?
- Bem, eu acho que...
- Espera, o que é isso aqui injetado no meu braço - ele me interrompeu.
- Fica calmo, eu também tô confusa, eu acabei de acordar assim como você. Minha câmara tá meio longe daqui.
- Câmara?
- Parecem ser câmaras criogênicas.
- Mas... por que?
- Eu não sei, como eu disse, acabei de acordar. Aliás, quem é você? Você sabe alguma coisa sobre isso?
- Eu? - Ele disse apontando o dedo para si próprio.
- É, você. Tá vendo mais alguém aqui? - Eu respondi com um tom irônico.
- Eu... espera, quem... sou eu?
- É, parece que você também não sabe. Ao que parece meu nome é Natalya Yarina, pelo menos é o que tá escrito no meu uniforme, mas acho que me chamavam de Natasha, então você pode me chamar disso, se quiser.
- Uniforme? - Ele olhou para baixo e tentou enxergar o que estava escrito em seu uniforme, mas o lugar onde deveria estar seu nome estava arrancado do uniforme, como se alguém tivesse retirado de propósito.
- Por que seu uniforme tá rasgado?
- Como vou saber? Aliás, que merda é essa de uniforme?... ai! - Ele colocou a mão na cabeça e fez uma expressão de dor.
- Você também tá sentindo né? Toda vez que tento me lembrar de algo, sinto uma dor muito forte também.
- Onde estamos?
- Pelo que parece, em algum lugar frio, têm algumas planícies lá fora, mas é um terreno bastante rochoso.
- Você acordou há quanto tempo?
- Faz alguns minutos, eu vi esse pedaço grande de metal e vim procurar por suprimentos.
- Pedaço grande de metal?
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Ecos do Amanhã
Science-FictionVocê acorda em uma câmara criogênica, no meio do nada, e você nem ao menos sabe seu nome.