Prólogo

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É um fato: Tudo no universo começou com um sim. As partículas subatômicas disseram sim uma para a outra e nasceu a vida. O homem disse sim ao outro e houve as inúmeras independências e revoluções. Anakin Skywalker disse sim ao lado sombrio da força e o maior vilão da sétima arte nasceu. Tudo surgiu com um sim. Respectivamente, no inverno de 1968, uma mulher disse sim para um homem e assim – entre os 300 milhões de espermatozoides que poderiam chegar ao útero para fecundação – Jeonghwa e Jimin nasceram.

Apesar da sorte de ser um dos espermatozoides campeões, Jimin não achava que isso era algum tipo de vitória. Aliás, seu bordão favorito era dizer que não tinha pedido para nascer. Não que ele fosse algum tipo de sad boy que força muito em dizer que odeia tudo e todos da face da Terra. Jimin apenas achava que era fraco e insuficiente demais perto do quão brilhante e maravilhosa era a sua irmã gêmea, no qual sentia que estava sempre um passo à frente dele – principalmente nas aulas de artes, nas quais eram as atividades extracurriculares dos gêmeos fora da escola.

Jimin cresceu em uma bolha, num ciclo premeditado, divido em estudar, estudar arte, praticar e dormir. Era uma santa rotina cansativa dia após dia. Não era para tanto que todos os dias sonhava com o término daquela vida infeliz de ser comparado à irmã, mas ao mesmo tempo buscando algum dia – quem sabe – superá-la.

Talvez todo esse crescimento complicado tenha sido o fator principal para a vida adulta deplorável que levava. Mesmo sendo maior de idade, liberdade não era uma palavra que estava em seu vocabulário. Nem muito menos uma vida social comum, como 99,99% dos universitários levavam. Incrivelmente ocupado – e tedioso. Mas a vida não era num todo ruim – apesar dos inúmeros trevos de quatro folhas que se sentia obrigado em apanhar para estabilizar sua vida e lhe garantir um pouco de sorte –, Jimin ainda era um jovem ativo da Geração X.

O seu verdadeiro e incondicional amor – ou fuga da realidade – estavam estampados pelas paredes do quarto, nas camisas que usava quase todos os dias e nas estantes cheias de quadrinhos dos seus heróis favoritos – as quais denominou carinhosamente como seu cantinho da paz. Posters de Star Wars, Star Trek – com o amor igualável e sem qualquer rixa interior –, De volta para o Futuro e Ghostbusters dominavam as paredes e dividiam espaço com as fotos fabulosas de Madonna – denominada a artista da época em 89 –, Harrison Ford e Robert Downey Jr., por quem alimentava o maior crush de sua vida.

Mas nada era comparado ao seu amor pelas estrelas, nem as fotos quentes de Robert que escondia entre os livros de Gombrich, ou sua enorme admiração pelas pinturas de Gustav Klimt – e ainda ousando em dizer que nem a sua paixão platônica por Peter Parker superava isso. Nada, absolutamente nada era tão incrível e satisfatório quanto observar o céu pelo telescópio que lhe custou uns vinte presentes de aniversário. Era absurdamente magnífico, tão celestial quanto as pinturas de Michelangelo.

Infelizmente por estar imerso na sua bolha envolta de ordem – ou até felizmente nesse ponto –, Jimin desconhecia o que era o caos. O pandemônio que promovia balbúrdias e dividia a universidade entre os corações que suspiravam apaixonados e os que o odiavam pelos mesmos motivos dos que o amavam.

Jeon Jeongguk não era nenhuma celebridade carismática, ou algum mocinho-boa-pinta arrasador de corações. Era, na verdade, o completo oposto disso. Parecia o clichê garoto problema se os boatos falassem mais altos por ele – e falavam, mas Jeongguk não ligava. Ou fingia não ligar. Os apaixonados pelo misterioso pandemônio babavam entre suspiros quando sua anti-celebridade desfilava pelos corredores. Os cabelos longos que tocavam os ombros combinavam de um jeito caótico com a tatuagem que delineava a lateral de seu pescoço, fechando o look rebelde com chave de ouro quando usava seus jeans rasgados e a jaqueta de couro que exalava Rock N' Roll.

Ao contrário de Jimin, Jeongguk tinha a liberdade entre os dedos, totalmente apalpável e selvagem. Mas era o espírito livre que alimentava os boatos de que Jeongguk não se passava de um baderneiro, um vagabundo insolente que arrumava briga atrás de briga. Perderia a conta nos dedos se tentasse lembrar de todas as que arrumou – principalmente as de quando se metia com gente comprometida. Aliás, Jeongguk gostava triplamente mais dos comprometidos. E daí surgiam seus fãs – e os haters também, mas Jeongguk os atribui aos fãs, já que esses são os que mais se importam com o que faça da sua vida.

Dia após dia, vivendo todos como Ferris Bueller de Curtindo a vida adoidado, aproveitando de tudo o que a vida poderia lhe oferecer. Sem rédeas para o conter, ou fígado que lhe avisasse que já havia passado no ponto com a bebida. Para Jeongguk, só importava o dia presente. A má fama não lhe incomodava. O caos ligaria para a bagunça que faria? Querendo ou não, uma afirmação com antecedência era tão arriscada quanto um combate cara a cara com o Exterminador. – Ele só não sabia ainda.

Porém, por mais que ambos estivessem tão certos de si e do que realmente precisavam – seja conforto próprio isolando-se ou egoísmo em prol de liberdade –, ambos desconheciam a si mesmos. A ordem precisa do caos para manter tudo em seu lugar; e o caos precisa da ordem para por um fim na desordem descomunal.

Em 1989, o ano marcado pelo fim da Guerra Fria após a queda do Muro de Berlim; o mesmo ano em que Jimin descobriria novas constelações que nem Ptolomeu, ou a ciência contemporânea conseguiu encontrar. A passagem de década que Jimin e Jeongguk provocariam guerras entre o caos e a ordem, descobertas de sentimentos inexplorados que a filosofia jamais entenderia, numa procura ensurdecedora de autoconhecimento – ou até além.

🌟

Hey!!!!! 

Meu Deus, depois de dias eu resolvi tomar coragem pra postar isso. Faz um tempo que eu não escrevo fanfic, então eu tô super nervosa aaaaaa >:

Eu quase ia esquecendo, mas o Jimin e a Jeonghwa foram brevemente baseados nos gêmeos Jude e Noah do livro "Eu te darei o Sol". É um livro maravilhoso e sugiro que leiam!! Ah, e o começo do prólogo pode ser bem familiar pra quem já leu "A Hora da Estrela" da rainha Clarisse Lispector.

Mas então, o que acharam??? Prometo que logo o primeiro capítulo sai!!

Mil beijinhos! 

↬ gabiru.

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⏰ Última atualização: May 01, 2020 ⏰

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