Estava tão calma quanto a brisa do mar em uma manhã de verão e tão silenciosa quanto o voo das borboletas. Havia um discreto brilho em seus olhos esverdeados, todavia, não era uma pequena chama de felicidade, apenas o rútilo acúmulo de lágrimas. Mãos a roçar por sobre os pequenos dentes-de-leão do jardim. Cá estava, deitada na relva, acariciando o mundo, buscando pequeno deleite ao deixar os raios do sol atingir-lhe o rosto pálido.
O que havia após a camada espessa de constelações que se via à noite? Haveria um refúgio depois do infinito? Desejou paz enquanto desfazia com cuidado o emaranhado de seus pensamentos. Dirigiu uma curta prece aos céus solicitando luz, não a luz efêmera, que brevemente se apaga, mas aquela que se faria infinita pela finitude de sua vida.
Vento gelado lhe arrepiava os cabelos loiros do corpo magro e translúcido. Ela brilhava como um cristal finamente polido, mas seu interior era negro como as noites de tempestade. Havia quem dissesse que era feliz ao ver um fraco porém meigo sorriso de garota.
Questionava-se, baixinho, quase inaudível, observando as folhas da laranjeira caírem em uma mortal dança singela.
- Nós, um dia ou outro partiremos, mas para onde iremos? E se não formos, então quem somos? - sussurrou.
Oh, doce alma alvejada.
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Policromia
Krótkie OpowiadaniaCores de amores, bem como de alegrias e tristezas podem ir do preto ao branco, cada dia uma nova tonalidade tão diferenciada, quase inimaginável. Há centenas de colorações sentimentais que retratam a vida humana em sua plenitude e pequenez. Então as...