Cap. 1

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— Unnie, acorda!
— O que você quer, Yeojin – disse ainda de olhos fechados.
— Tem alguém te esperando lá embaixo.
— Quem?
— Você vai ver.
— Mande voltar a outra hora.
— Unnie, eu acho que você vai gostar de vê-lo.
Logo meu coração disparou e nem pensei duas vezes em me levantar. Uma pergunta soava em minha cabeça: Será que é ele?
Então eu levantei rapidamente, lavei o rosto com água fria e desci o mais rápido possível as escadas de madeira caindo aos pedaços que ligavam os quartos ao resto da minha humilde casinha.
— Yuta!!!!
— Você cresceu, mocinha.
Ele estava quase sem cabelo, com a pele áspera e os olhos profundos, usava um uniforme militar, mas, mesmo assim, tinha um sorriso enorme em seu lindo rosto.
— Eu mal consigo acreditar! Como você veio parar aqui? D-Digo...tão cedo!
Meu irmão tinha sido recrutado, assim como todos os meninos acima de 18 anos são. Eles são recrutados para servir Jiveon e todo seu feito, ajudando na proteção do reino e da família real.
Sinceramente, era algo triste. Muitas das vezes os filhos eram a única fonte de renda de um pobre casal ou até mesmo a única esperança de amor que tinham.
No exército, eram poucas as vezes que se via a família ou que se tinha oportunidade de voltar para casa. Se você voltava, era apenas por invalidez e se você não fosse era apreendido e morto.
— Senti sua falta, maninha.
— E eu a sua, maninho.
— E a Yeojin como sempre é a irmã esquecida, mas tudo bem.
Eu conseguia ver a esperança de vida que minha mãe havia perdido voltando, os seus olhos brilhavam e ela não conseguia parar de sorrir.
— Eu vim apenas fazer uma visita e dar uma notícia.
— Diga filho.
— Vou me casar.
Todos ficamos em silêncio e minha mãe não conseguiu esconder o espanto.
— Ela é uma moça muito boa e é da burguesia.
— Então que dizer que vamos aumentar de classe social?
— Não. Quer dizer que eu irei aumentar de classe social – ele disse enfatizando o "eu".
— Como assim meu filho?
— Eu irei me mudar para Outrora e viverei lá com minha mulher e exercerei o exército particular do rei Jaesung.
— E nós? – minha mãe estava extremamente confusa e desacreditada.
E eu também.
Meu irmão iria nos abandonar?
— Eu posso levar no máximo você, mãe.
— Eu? Eu já sou velha meu filho, não tenho como e só vou prejudicar seu casamento.
— Não mãe, você jamais prejudicará nada.
Eu estava sem reação para tudo aquilo, era demais para mim.
— Leve Lana.
— Eu?????
— Sim, eu preciso da Yeojin para me ajudar a costurar e você pode ir com seu irmão e quem sabe se casar com um nobre.
— Eu não vou.
— Ouça a mamãe, venha comigo.
— Não! Você é um egoísta. Acha o que? Você acha mesmo que eu vou com a sua esposa rica e você morar numa casa grande e viver longe da minha família? Eu jamais iria esperar uma coisa dessas vinda de você, Yuta.
— Você vai e assunto encerrado.
[...]
E eu já estou aqui há 5 meses, longe da minha mãe, irmã e da vontade de respirar.
Outrora é algo de outro mundo, pelo menos onde eu moro. Aqui não há pessoas morando na rua nem barracos, como eu morava.
A esposa do meu irmão é uma mulher linda e já está grávida, não sei se isso é bom ou não.
O filho do rei morreu há 4 meses e estão todos muito mal, eu não cheguei a saber muito sobre ele mas pelo jeito morreu com a minha idade e era o herdeiro do trono. Desde então a cidade apaga todas as lamparinas às 21:30, hora que se acredita que ele faleceu por conta de uma doença terminal e silenciosa, não identificada.
Meu irmão nos chamou para jantar com a família real hoje, para comemorar a chegada do sobrinho do rei que será o futuro herdeiro.
— Está pronta?
— Sim, senhor.
— Já disse pra você não me chamar assim.
— Eu já disse pra você não agir como se fosse meu pai.
Fomos em passos lentos mas não demoramos pra chegar porque moramos perto do castelo.
Chegando lá, era tudo muito chique e era a primeira vez que eu via o rei e a rainha de tão perto. Ela era tão delicada, tinha o cabelo brilhante e os lábios rosados, já ele, era alto e forte.
Depois de alguns comes e bebes eu senti aquela vontade comum e humana de usar o banheiro, então eu resolvi levantar e ir sozinha.
— Onde pensa que vai, senhorita?
— Ao banheiro – disse à um soldado que estava no corredor.
— É pela sua direita.
— Obrigada.
O castelo era mesmo enorme e preenchido das cores principais de Outrora: vermelho, prata e preto.
Mas quanto mais eu andava, mais eu sentia uma sensação estranha, como um aperto no peito.
Eu segui em frente até começar a ouvir vozes e perceber que eu estava perdida. Só me restavam dois caminhos, um dava para uma porta e o outro era uma escada que daria para algo no andar de baixo, então eu resolvi descer.
A sensação aumentava a cada degrau, as paredes iam ficando mais estreitas, eu ouvia mais vozes, as escadas pareciam não acabar mas eu não queria voltar pra trás, eu não conseguia.
Conforme eu fui caminhando o caminho foi ficando mais escuro, até eu perceber que tinha um tapete foi tarde demais e tropecei. O estrondo não foi tão grande, mas foi o suficiente para eu me machucar um pouco.
— Tenho fome. – alguém no fundo do corredor me disse.
— Hãm?

Cartas Para Outrora {jaehyun-nct}Onde histórias criam vida. Descubra agora