Xadrez Azul - Parte 2

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1912 S Orange Ave, Orlando, Flórida, EUA.
13 de junho de 2016, "domingo" — Quase 12hs am.

A noite estava quase se transformando em madrugada conforme John e eu dançávamos uma música lenta na pista de dança. Ele me abraçava, embalando-me naquela valsa singela enquanto eu mantinha minha cabeça recostada sobre seu peito.
Eu estava extasiado, a noite havia sido indescritível. John realmente tinha feito tudo com muito carinho e cuidado: ele escolheu especialmente o dia da festa temática que nos conhecemos para fazer o pedido de casamento, e ainda combinou com o DJ para que ele tocasse a nossa música na hora de celebrar esse novo compromisso.
Depois de toda aquela surpresa, John me convidou para a pista, dançamos por horas, tivéramos um jantar maravilhoso e em seguida ficamos rindo como dois bobos — relembrando as velhas memórias.

Esta, certamente, foi a noite mais especial da minha vida.

Me aninhei ainda mais a John, deixando o tom sereno da música me levar. Um indiscreto bocejo surgiu em meus lábios, denúnciando o meu cansaço depois de viver infinitas emoções. John afrouxou o abraço, afastando os nossos corpos para que ele pudesse ver o meu semblante. O mesmo sorriu, pegando meu rosto com as duas mãos e me dando um beijo na testa:

— Que tal irmos pra casa?

Olhei para ele meio sonolento.

— Tá bom... — Concordei, com mais um bocejo chegando. — Eu só vou no banheiro lavar o rosto...

Quando comecei a me direcionar para os toaletes, John me puxou pelo braço gentilmente e me abraçou forte. Ficamos alguns minutos ali, parados, apenas sentindo um ao outro. Era tão reconfortante, eu me sentia seguro em seus braços... eu estava feliz.

— Eu te amo, Darry — Confessou baixinho em meus ouvidos.

Eu sorri, radiante.

— Eu também te amo, John.

Ele então me abraçou mais forte. Depois de alguns segundos, nos afastamos minimamente um do outro e nos encaramos face a face. Era olho no olho. Alma na alma. Coração batendo junto com coração. Quando fui perceber, nossas bocas já haviam encontrado um caminho para si e agora dávamos um singelo e demorado selinho. Um pequeno presente. Por fim, nos separamos.

— Eu vou pagar a conta. Vê se não demora muito! — Comentou com um sorriso travesso nos lábios.

— Não vou! — Retruquei revirando os olhos.

Finalmente embarquei naquela multidão de pessoas, tomando o rumo para o meu objetivo. A música que tocava agora era bem agitada, as pessoas pulavam ao meu redor cantando alto, bebendo e beijando — e isso provavelmente iria até o sol raiar. Quando cheguei ao banheiro, fui até a pia e me olhei no espelho: os cabelos castanhos ondulados estavam um pouco desgrenhados e definitivamente meus olhos cor de mel estavam brilhando mais do que o normal. Balancei a cabeça, abrindo a torneira e vendo a água cristalina jorrar. "Que clichê!" pensei, rindo baixinho. Bom, acho que... esse era um dos riscos de estar amando.

Peguei um punhado de água com as mãos e joguei em minha face — a água estava bem fria, o que fez eu dar uma boa despertada. Fiz esse mesmo processo mais algumas vezes e depois fechei a torneira, pegando um pouco de papel para me secar.
Voltei a encarar o espelho: eu estava tentando dar uma ajeitada no meu cabelo quando algo reluziu. Sorri, baixando a mão e encarando a aliança em meu dedo. Minhas memórias retrocederam e eu comecei a recordar da voz de John em meus ouvidos, o cheiro familiar dele... o selinho, pequeno e demorado, que havíamos dado um ao outro minutos atrás.

"— Eu te amo..."

Estremeci, tendo um espasmo e perdendo o ar. Uma faca, invisível e inexistente, começou a transpassar com toda a força pelo meu tecido cardíaco, explodindo veias de dentro para fora e jorrando sangue vermelho-vivo pelo meu organismo. Coloquei a mão por sobre o peito ainda eufórico e apoiei meu corpo por sobre a pia de pedra para não cair ao chão, o mundo ao meu redor girava e eu estava com ânsia de vômito. Respirei, respirei por longos segundos enquanto o aperto e a sensação de desespero iam diminuindo pouco a pouco.

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