Quando Jakobson nasceu, ele passou de ser o último de sua linhagem, para o primeiro dela.
Vivia num casulo calcificado, um ovo, branco e arredondadinho. Manchas mais escurecidas sujavam a ponta de cima.
Ele mesmo havia escolhido seu nome; foi uma atividade importante enquanto esperava o tempo passar, sem ninguém para ajudá-lo.
Sua mãe havia morrido enquanto o chocava, e decerto estava chocado. Morrera de tristeza sua mãe, e o pai de assassínio. Brutalmente assassinado por uma alcateia de lobos famintos, lobos que fungavam em vermelho e assopravam em roxo escuro.
Estava sozinho no mundo. O último e o primeiro. Não poderia ser mais solitário ainda?
Ele cresceu? Não, não cresceu. Não cresceria sem a ajuda dos pais. Então morreu. Morreu de fome e de solidão, mesmo sem saber o que cada uma dessas coisas significava. E ele era evolução. Se ao menos tivesse visto a luz do dia por mais algum tempo, sabe-se lá o que Jakobson seria capaz de fazer. Provavelmente algo muito genial, e carregar melhorias para a proliferação de sua raça, que infelizmente já estava erradicada. Nada mais era a não ser um punhado de terra na mão da natureza. Carregados auêi pelo vento que soprava a sul.
Uma ventania gelada carregou seus corpinhos miúdos. Desperdiçaram-se no horizonte, crescendo em cinzas e em ossinhos.
Todos eram lobos ali para Jakobson, que só o que tinha escutado deles eram uns grunhidos. Mas logo, logo tudo estaria derrotado. E assim, Jakobson cumpriria seu papel como o último da linhagem dos Jakobson, e também o primeiro.
